segunda-feira, 1 de junho de 2015

REFLEXÕES SOBRE O INVERNO GAÚCHO

Em dias como o de hoje, ainda na cama, pensei que gostaria que a Natureza me tivesse feito urso. Eu ficaria na minha toca e só sairia quando a minha prima Vera batesse à minha porta.
Bagé, para variar, fez a temperatura mais baixa, com 1.6ºC, Menos do que em São José dos Ausentes, que sempre é citado como o lugar mais frio do Estado. Fez 4.6º, mas o mais comum, em épocas gélidas, é marcar temperaturas abaixo de 0ºC. Quando isso acontece, eu não preciso pensar muito para saber por que o nome do município é São José DOS AUSENTES. Ainda assim, curioso, vou ao Google. Na verdade, o nome não é por causa do frio, lógico. É porque o local era uma fazenda, o maior latifúndio do Estado, com mil quilômetros quadrados. Daí que os primeiros donos não assumiram a propriedade que, por duas vezes, foi leiloada devido à ausência dos proprietários ou sucessores.
O Gaúcho não é um habitante, é um sobrevivente. A frase é atribuída ao jornalista humorista Barão de Itararé ao sofrer com o intenso frio e com o intenso calor nas duas estações em que isso se registra no Estado. Alguns atribuem essa frase ao João Francisco Assis Brasil, em seu castelo de Pedras Altas, mas ainda não conseguir definir quem disse mesmo isso ou se os dois disseram.
Deus deve ter inventado a preguiça quando em viagem pelo Rio Grande do Sul durante o inverno. Mas pode ter sido no Rio ou no Nordeste durante o verão sob o sol forte e tempo modorrento.
Sapo gaúcho não lava o pé? Antes de cantar isso experimenta entrar agora na Lagoa dos Patos pra ver o que é bom pra tosse. E pro resfriado.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

UMA CHARADA NA MADRUGADA

Ali fora, do outro lado da janela, o breu e o silêncio me anunciam que é hora de cerrar as cortinas dos meus olhos e mergulhar também nas trevas reparadoras de energias, na pausa que o corpo dá para o espírito, recolhendo-se ao box do descanso para permitir que a alma saia em suas caminhadas notívagas e que, de manhã, retorne contando algumas histórias e omitindo outras. Antes que isso aconteça, deixo aos lobos e lobas da madrugada, mais uma bobagem para distrair os olhos e mexer com os neurônios.



    Por que motivo um automóvel só consegue entrar até a metade do Viaduto da Conceição, em Porto Alegre no horário das 18h?


Resposta mais tarde nos comentários.

sábado, 23 de maio de 2015

REFLEXÃO DE IMAGEM

Para descrever bela foto,
de mil palavras preciso,
de verbos, adjetivos,
advérbios, substantivos,
predicados, conjunções,
figuras de linguagem,
adjuntos, locuções. 
Para a boa foto jornalística
não preciso de tantas não,
desde de que entre elas
estejam as que me respondem
o que, o quando, o onde
o como e o porquê.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

PARA O ESCRITOR EDUARDO GALEANO

Uma singela homenagem e um agradecimento ao uruguaio Eduardo Galeano, que foi trocar ideias com o Mario Quintana no dia 13 de abril passado
"Ele sempre foi curioso. Ao conhecer o mar, ainda menino, forçou os olhos o mais que pôde para ver melhor aquela imensidão toda. Ao mesmo tempo, sentiu vontade de largar a mão do pai e sair correndo...de volta para casa. Queria urgentemente abrir a enciclopédia para descobrir quem vivia no outro lado da margem."

DA SÉRIE "PIADA VELHA É QUE FAZ RISADA BOA"

Esta é uma das primeiras piadas que ouvi, contada pela minha tia-avó Orphila, lá pela metade dos anos 60. 
A bela jovem, sentada ao piado, passava os lânguidos dedos sobre as teclas enquanto aguardava a chegada do namorado. De repente, suspendeu um lado do calipígio e soltou um gracioso pum, suspirando:
- Ai, que alívio!
Mais algumas notas musicais, e um novo flato.
- Ai, que alivio!
Voltou-se para as teclas, caprichou na melodia romântica e misturou-a ao som de um novo, e, desta vez, sonoro pum.
Nem bem os sons terminavam de ecoar pela sala quando olhou para trás e viu seu amado de pé, em silêncio, fisionomia marota, contemplando-a. Ruborizada, perguntou, temendo pela resposta:
- Há quanto tempo estás aí?
E ele:
- Desde o primeiro alívio!

MORRE O MAIOR DOS PLANTÕES ESPORTIVOS DO RÁDIO DO RIO GRANDE DO SUL

Por instantes, meu coração parou ao ler o post do Davison Silveira no Facebook. Até este momento, eu ainda não sabia que a bola tinha parado para Antônio Augusto, o plantão esportivo que marcou época na Rádio Gaúcha. Onde? Em Porto Alegre, parou o coração do grande plantão esportivo Antônio Augusto dos Santos, o Totonho, de 77 anos, de acidente vascular cerebral. O velório se inicia às 14h na capela B do Cemitério Evangélico.

Muitas lembranças desse meu ex-colega da Rádio Guaíba me veem à memória. Lembro-me também da entrevista dele que publiquei no meu também já falecido jornal Microfone, o Jornal do Rádio, com edição magnífica do Nilson Souza e belas fotos do Jurandir Silveira.

Chamado por uns de Totonho, por outros bem-humoradamente de Onça, foi o maior dos plantões esportivos do Rio Grande do Sul. Nascido em Marcelino Ramos, em 1937, começou sua carreira, em Porto Alegre, na Rádio Difusora como setorista do Cruzeiro,.no Programa Parada Esportiva F-9. Um ano após, criou o plantão esportivo. Em 1964, foi para a Rádio Farroupilha, com as duas funções: setorista do Cruzeiro e plantão esportivo.

Em 1969, foi para a Empresa Jornalística Caldas Júnior, onde trabalhou na Central do Interior e nos jornais Folha da Tarde e Folha Esportiva. Chegou à Rádio Guaíba em 1971, fazendo o programa de plantão da 0h à 0h10min, que acabou antecipando a pedido de pilotos da Varig em Nova York, que sintonizavam a Guaíba pelas ondas curtas – e que saíam do ar justamente à meia-noite. Depois, o programa começou às 23h30min e, mais adiante, às 23h. Ainda criou o espaço de loterias às 11h45min e o quadro “A Bola Parou” às 17h45min. Em 1963, foi para a Rádio Gaúcha, de onde saiu por divergências com a direção da RBS, ainda que Pedro Ernesto Denardin e Flávio Dutra, do departamento de esportes tivessem tentado em vão fazê-lo reconsiderar. Regressou em 1985 à Caldas Junior, a convite de Lasier Martins e cobriu a Copa do Mundo de 1982, viajando para o México. Após a Copa, foi para a Rádio Bandeirantes, novo nome da Difusora. Saiu por divergências com o diretor da época que não queria que fossem rodados gols com som gerado de outras emissoras.

Antônio Augusto foi para a Rádio Pampa em 1989 e voltou, mais uma vez para a Rádio Guaíba, em 1991. Alguns anos depois, saiu da rádio e ficou só na TV Bandeirantes, com Rogério Amaral.

Depois, seguiu à frente do programa “Plantão das Multidões” todas as noites, das 10h à meia-noite. Após o fim do departamento de esportes da Rádio Pampa, em 2007, Totonho mudou o tom do seu programa e vestiu de vez a camisa do seu clube de coração, o Tricolor, tornando-o uma tribuna aberta sobre as coisas do dia-a-dia gremista.

Em 1983, foi personagem da página central de o Microfone, o Jornal do Rádio, na seção Os Nomes Ilustres do Rádio do RGS, com textos e edição de Nilson Souza e fotos de Jurandir Silveira, como esta que acompanha este post. Nilson desenhou uma página como se fosse um cartão da loteria esportiva, assunto do qual Antonio Augusto era especialista, Vai em paz, Antônio Augusto. Teu público nunca te esquecerá. A bola nunca vai parar.

Com informações do blog https://radioamantes.wordpress.com


domingo, 5 de abril de 2015

DOIS CASOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DA VÍRGULA

Na folga promovida pela relembrança da saga do herói dos católicos, aproveito para deixar aqui duas dicas sobre o uso da virgula, (varinha, em latim) esse pequenino sinal gráfico existente ao lado do pé direito das palavras, que pode, com sua ausência ou colocação em lugar errado, mudar o sentido dos termos:

1) Não atire uma vírgula inconsequentemente no texto, deixe-a no lugar onde deve estar, como uma chave, que é mais facilmente encontrada pelo proprietário da casa e pelos demais moradores no local mais provável: o porta-chaves. Isso evita, como no caso da vírgula, desencontros e paradas para entender. Exemplo: Ela é só minha, amiga. Se essa vírgula caiu ali e você queria dizer "ela é só minha amiga", dependendo das circunstâncias a situação pode ficar mal para você.

2) Ainda com a ideia de deixar a chave no porta-chaves. Você comprou um veículo, mostrou a um amigo e ele respondeu-lhe por escrito: "Parabéns pelo belo carro velho." Se você quis chamar seu amigo de chapa, ou velho, e esqueceu a vírgula, necessária antes do vocativo, então você pode arrumar um inimigo. Ele vai lhe responder que velho é o seu pai porque o carro é zero quilômetro.

Veja mais sobre vírgula em http://migre.me/pkMNL

domingo, 22 de março de 2015

SOMOS TODOS DIFERENTES, MAS SOMOS TODOS IGUAIS - DIA INTERNACIONAL DA SÍNDROME DE DOWN

Queria ter publicado ontem, Dia Internacional da Síndrome de Down, mas não deu. Faço hoje minha minha homenagem um beijo para Luciano Dornelles Nunes.



Somos como somos
Somos todos como somos.
Somos cromossomos.
Somos todos cromossomas.
Somos como somas.
Ser diferente é normal
porque a Natureza nos fez
todos diferentes.
Eu, você e os demais.
Somos você e mais
um pedaço de um.
Somos da turma da
Trissomia do 21.
Somos todos como somos.
Somos todos cromossomos.
Somos todos cromossomas.
Cada um no seu ritmo,
eu, você e os demais.
Pode ser que eu seja lento.
É que eu, você e os demais
somos todos diferentes,
mas somos todos iguais.
Uma alma, um coração
e um desejo de paz!

domingo, 1 de março de 2015

TORCIDA MISTA, UM INDÍCIO DE QUE PODE FINALMENTE HAVER PAZ NO FUTEBOL

Eu estava pensando nessa história de Gre-Nal misto quando me apareceu, aqui em casa, o Amigomeu, para dois dedos de prosa e alguns litros de chimarrão. Trazia cuia, erva e bomba e me disse para esquentar a água na chaleira. Ele só usa garrafa térmica quando é extremamente necessário. Falamos sobre várias coisas do presente, do passado, principalmente da inesquecível Vila do Seival, que atualmente pertence a Candiota, e até do futuro. Papo vai, papo vem, quando falamos sobre o Gre-Nal que será histórico, Amigomeu, que, como eu, não torce nem para Grêmio, nem para Inter, disse que é favor das torcidas unidas, sem confundir rivalidade com truculência e barbárie. Amigomeu, que torce para o Grêmio Bagé, tradicional adversário do meu Guarany, que é um time mais forte (posso dizer isso porque ele não tem Facebook, rsrsrs) do que o dele, lembrou do folclore das brigas nos ba-guás, o clássico mais importante do mundo nas nossas humildes opiniões, sem querer desfazer do Gre-Nal, do Bra-Pel, do Caju, do Fla-Flu, de Barcelona x Real Madrid, entre outros. Ele lembrou que sempre havia aquelas rusgas durante o jogo, até troca de socos e pontapés, mas que cessavam ao final da partida. Não lembro de nenhuma briga na praça de Bagé por causa de futebol naquela época. Mas os tempos mudaram. Hoje, o futebol é violento ainda mais fora das quatro linhas, nas arquibancadas, diante do estádio, na rua e até dentro das casas. 
      Amigomeu e eu discordamos das pessoas que veem no Gre-Nal misto uma possibilidade de morte da rivalidade futebolística. O que irá (ou iria) matar o futebol, e portanto a rivalidade, será (seria) a violência crescente, com o aumento indiscriminado no pensamento sem-noção de alguma parte da torcida, intensificada pela impunidade e pelo mau exemplo que, para muita gente, é considerado, incrivelmente, como um exemplo a seguir.
Pois foi no andar da carroça, digo, da conversa, que o Amigomeu me contou o que aconteceu com ele, fruto mais de uma ingenuidade dele do que propriamente da intolerância. Logo que veio definitivamente para Porto Alegre, no início da década de 2000, comentou com novos amigos que seu sonho era assistir a um Gre-Nal. E então foi convidado por um grupo de gremistas, todos moradores do Bairro Medianeira, para assistir a um clássico no Estádio Olímpico. Era uma tarde um pouco fria de setembro. No meio da torcida, maravilhado com os cânticos, com o colorido - azul de um lado, vermelho de outro - Amigomeu foi ficando com calor. Quando retirou a jaqueta, sentiu alguns olhares desconfortantes, o clima pareceu-lhe hostil, até que um dos amigos o avisou:
- Meu, não acredito. Tu estava com uma camisa vermelha por baixo, vai dar problema. Ele demorou um pouquinho até se dar conta. Teve que sair ligeiro, abaixo de vaias e ir ao banheiro para colocar a jaqueta e esconder a camisa vermelha. A outra medida foi sentar-se bem longe do local onde estava. Esse
Amigomeu é uma figura. (IF 95%)

sábado, 28 de fevereiro de 2015

REFLEXÕES NO FINAL DA NOITE DE SÁBADO

Quando outro dia referi um verso do poeta espanhol Antônio Machado, uma coisa puxou outra. Lembrei de uma poesia que me foi apresentada durante uma aula de espanhol, a segunda que li dele, quando deveria ter conhecido toda a obra. O poema é magnífico, mas, na época, eu, que era e sou pacifista, encasquetei com a parte que dizia: ...dejar quisiera me verso como deja el capitán su espada, famosa pela mano viril que la blandiera, no por el docto oficio del forjador preciada". Somente mais tarde percebi duas coisas: que o importante é a ação, não a beleza da aparência, e que, vivendo entre 1875 e 1939, na Europa, cheia de guerras e violência, era normal que o poeta fizesse esse tipo de comparação. Estivesse neste século e, entre nós, certamente seu verso seria mais ou menos assim, com as desculpas da enorme diferença de talento entre nós: "...eu gostaria de deixar meu verso como o governante deixa seu mandato, famoso não pela beleza dos seus discursos, projetos e promessas, mas pelas ações concretas em benefício do povo, e pela ética e honestidade de seu comportamento."
 
 A poesia na íntegra é a seguinte:

 
RETRATO

 

Mi infancia son recuerdos de un patio de Sevilla,
y un huerto claro donde madura el limonero;
mi juventud, veinte años en tierras de Castilla;
mi historia, algunos casos que recordar no quiero.
Ni un seductor Mañara, ni un Bradomín he sido
— ya conocéis mi torpe aliño indumentario—,
más recibí la flecha que me asignó Cupido,
y amé cuanto ellas puedan tener de hospitalario.
Hay en mis venas gotas de sangre jacobina,
pero mi verso brota de manantial sereno;
y, más que un hombre al uso que sabe su doctrina,
soy, en el buen sentido de la palabra, bueno.
Adoro la hermosura, y en la moderna estética
corté las viejas rosas del huerto de Ronsard;
mas no amo los afeites de la actual cosmética,
ni soy un ave de esas del nuevo gay-trinar.
Desdeño las romanzas de los tenores huecos
y el coro de los grillos que cantan a la luna.
A distinguir me paro las voces de los ecos,
y escucho solamente, entre las voces, una.
¿Soy clásico o romántico? No sé. Dejar quisiera
mi verso, como deja el capitán su espada:
famosa por la mano viril que la blandiera,
no por el docto oficio del forjador preciada.
Converso con el hombre que siempre va conmigo
—quien habla solo espera hablar a Dios un día—;
mi soliloquio es plática con ese buen amigo
que me enseñó el secreto de la filantropía.
Y al cabo, nada os debo; debéisme cuanto he escrito.
A mi trabajo acudo, con mi dinero pago
el traje que me cubre y la mansión que habito,
el pan que me alimenta y el lecho en donde yago.
Y cuando llegue el día del último vïaje,
y esté al partir la nave que nunca ha de tornar,
me encontraréis a bordo ligero de equipaje,
casi desnudo, como los hijos de la mar.
 
BIOGRAFIA
 
Antonio Cipriano José María Machado Ruiz nasceu em Sevilla, spanha, em  26 de julho de 1875  e morreu em Coillure, França em 22 de fevereiro de 1939. Poeta, dramaturgo e escritor, foi um represente emblemático da Geração de 1998. Começou seus estudos na Instituiçión Libre de Enseñanza  e completou nos institutos San Isidro e Cardenal Cisneros. Fez várias viagens a  París, onde coheceu Rubén Darío e trabalhou alguns meses para a editora Garnier. Em Madri, participou do mundo literário e teatral, ingrando a compahia teatral de María Guerrero e Fernando Díaz de Mendoza. Em 1907, obtém a cadeira de francês em Soria. Depois de perder a mulher, fica abalado e pede transferência para Baeza. Em 1927, entra para a Real Academia y un año después conoce a la poetisa Pilar de Valderrama, la "Guiomar" de seus poemas, e com ela mantém relações secretas durante anos. 
Nos 1920, 1930, escreve para o teatro em colaboração com seu irmão Manuel. Na Guerra Civil, Machado sai de Valênciaq e vai para Madri e participa das publicações republicanas e faz capanha literária.Colabora encom a  Hora de España  e participa do Congresso Internacional de Escritores paraaDefesa de la Cultura. En 1939, marcha para Barcelona, de onde ultrapassa os Pirineos até Coillure. Ali morre pouco depois de sua chegada.
 As peças dos irmãos machados estrearam entre 1926 (Desdichas de la fortuna o Julianillo Valcárcel) e 1932 (La duquesa de Benamejí) e consta de outras cinco obras, além das dos citadas. Son Juan de Mañara (1927), Las adelfas (1928), La Lola se va a los pPuertos (1929), La prima Fernanda (1931) - escritas todas em versos - e El hombre que murió en la guerra, escrita em prosa y
verso e só estreia em 1941. Além disso, los irmãos Machado adaptam para o teatro comédias de Lope de Vega como El perro del hortelano o La niña de Plata, assim como Hernani, de Víctor Hugo.



   

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

UMA REFLEXÃO NO MEIO DA TARDE SOBRE ESSA VIDA SEVERINA

Hoje me veio à mente uma frase que ouvi na infância. Não me recordo das circunstâncias. Só sei eu era assim: "Queres ajudar, então não atrapalha que já está muito bom". Lembrei isso porque tem muita gente por aí a atrapalhar e relativamente poucos para ajudar. Tem muita gente querendo receber, levar vantagem, poucos os que ficam felizes por fazer alguém feliz. Lembrei de uma pessoa com quem convivi profissionalmente por alguns meses. Ele se autodefinia como um "cidadão de direita" e entendia que não devia ajudar ninguém. Seu pensamento era de que, se cada um trabalhasse, fizesse a sua parte, ninguém precisaria pedir nada. Alegava que trabalhava para dar conforto ao seu filho. E não se preocupava com o resto. 
    Em parte, eu concordo com ele porque há muita gente que gosta de receber presentes, mas lavar uma louça, capinar uma roça, (claro que isso é uma metáfora) pouca gente quer. Ninguém é tão pode que não possa ajudar, de alguma maneira. Mas discordo dessa "mente brilhante" quando acha que todos são iguais e têm as mesmas condições para se concentrarem em afazeres na busca de haveres. Não se dá conta que que, quem não ajuda, muitas vezes atrapalha. Quando um advogado como Mauricio Dallagoll fica indevidamente com o dinheiro das ações dos seus clientes, ele os atrapalha. Quando outros não entregam o dinheiro para os clientes, aplicando nos fundos de rendimentos bancários e usufruindo dos juros, está atrapalhando e dificultando os outros de lutarem por suas vidas. Quando um empresário usa o preconceito para negar um direito a alguém que tem capacidade mas não o tom de pele exigida, está atrapalhando a vida daquele que busca uma oportunidade.
   Quando um governante não se preocupa com a falta de creches para que as mães tenham onde deixar seus filhos para poder trabalhar, ele está atrapalhando a vida delas. Quando não se dá conta de que, sem educação e cultura (aqui no sentido da aprendizagem das coisas práticas) nenhum povo pode levar sua vida dignamente. Quando não se toca em promover um sistema decente de saúde, não está ajudando e, pior, atrapalhando. Quando permite o crescimento da violência, quando se envolve em corrupção, quando desdenha da justiça, fazendo crescer a impunidade, está atrapalhando. Quando traficantes ameaçam pessoas que se dedicam a ajudar os pobres e necessitados, consertando a ausência dos governos, estão atrapalhando. Então, é o que eu acho: é muito difícil melhorar o mundo com tantos atrapalhando ou preocupados apenas com seu próprio umbigo. Eu estava escrevendo isso e me veio à mente uma frase de um ex-colega e grande amigo sobre um conselho dado a um goleiro sem muitas qualidades: "Faz o seguinte: não precisa atacar as bolas que vão no gol. Se entrar, tudo bem. Nós vamos fazer os gols lá na frente. Só não podes é desviar para dentro do gol as bolas que vão para fora".
 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

A ALEGRIA DE VER O MAR ALI NA SUA FRENTE PELA PRIMEIRA VEZ



Passeio na praia do Quintão                                                                                           Foto de Matheus Bruxel/ Diário Gaúcho


    ...e foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu olhar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: - Me ajuda a olhar!
                                 (Eduardo Galeano, O Livro dos Abraços)

Gostaria de ter ido à praia com os 50 meninos e meninas da Associação Tia Lolô, da Vila Orieta, de Viamão. Na quinta-feira, eles viram o mar pela primeira vez. Queria estar lá não pelo oceano, que sempre é revigorante revê-lo, estender o olhar e imaginar o que tem do outro lado da barranca. Queria ter estado lá para ver o brilho nos olhos dos pequenos, ouvir seus comentários surpreendentes, rir com eles de tudo, correr pela beira da areia.
   Não importa se é um chocolatão, como muitos se referem às praias do Litoral Gaúcho, principalmente as com menor glamour. Não importa que a areia não seja branca como a de Xel-Há, o santuário maia do México, próximo a Cancun. O que importa é que eles estavam lá pela primeira vez e aquela quinta-feira vai ficar marcada em suas memória para o resto de suas vidas.
   Já que não estive lá, valho-me do Diário Gaúcho e da minha amiga Losângela Soares Martins, a Tia Lolô, para contar um pouco do que foi essa aventura. Para Tia Lolô, foi um sonho realizado, quase um milagre, como o que aconteceu com alguns dos seus pequenos que estavam indo mal na escola:
  - Em oito tinha oito muito mal. A professora me disse: só por milagre. E os oito passaram. O milagre aconteceu.  Um dia um deles me falou: Tia Lolô, meu pai disse que eu sou um aso perdido. Que não adianta eu tentar porque já estou rodado. Fiquei furiosa, respirei fundo e disse que se ele me ajudasse, iríamos fazer uma surpresa para o pai dele. Ele perguntou o que precisava fazer e eu respondi: estudar bastante comigo todos os dias. Eles vinham pra cá, e puxava muito e ainda pedia pras profes mandarem mais tema. Por isso, eu tinha que recompensá-los. Agora vamos trabalhar que esse trabalho se repita em 2015.
     
                                        Quem botou sal no mar?

Foi uma batalha árdua, como todas as lutas da Tia Lolô. Mas ela venceu. Conseguiu uma parceria com uma van com a empresa RSC Tur, juntou mais um carros particulares e se foram para Quintão, no Litoral Norte. Tia Lolô ficou triste porque faltou transporte para cinco crianças, que também ficaram tristes, mas entenderam a situação.
    - Tia, quem é que botou sal no mar? perguntou um dos pequenos para uma das voluntárias que acompanharam o grupo. Outro falou: Quem é que colocou o sal? E o mais importante foi o comentário do Vitor, de cinco anos:
  - Quem colocou o sal foi o filho do Mar.
  Ele explicou, com aquele jeitinho que as crianças de cinco anos têm, que quando o pai dele pediu para colocar sal na pipoca, ele exagerou na dose e a pipoca ficou salgada.
  E assim, a criançada ficou feliz. Voltou para casa já pensando na segunda-feira quando terão mais um passeio. Vão para o Parque Aquático Parque Paraíso, na Protásio Alves.
 Eu pergunto:
-E aqueles cinco que não puderam ir a praia? Vão dessa vez?
- É claro! Nossa, dói mais em mim do que neles quando isso acontece. E depois do Park, vamos baixar a cabeça e estudar muito.

  
 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

BRINCANDO DE UMA MANEIRA DIFERENTE COM O CARNAVAL DO RIO

Apesar do espetáculo da Portela, não deu águia na cabeça, deu Beija-Flor
Envolvido em atividades familiares, não pude assistir integralmente à divulgação dos resultados do Carnaval do Rio. Como minha predileção é mais pela curiosidade dos nomes das escolas do que propriamente pelo Maior Espetáculo da Terra, aqui vai mais uma edição das minhas Plinianas, como alguns amigos batizaram as minhas bobagens.
"Não, não vou falar aqui daquela velha piada da Mangueira. Observei os nomes e notei que alguns deles homenageiam seus bairros e morros de origem...
, e, talvez por ironia, lembram personagens do Império, aquele período em que os negros viveram o pior dos pesadelos, submetidos aos caprichos dos nobres. Assim, vejo a Imperatriz Leopoldinense referindo a mulher de Dom Pedro I, e Vila Isabel relacionada à filha de Dom Pedro II, que libertou os escravos sem dar-lhes qualquer condição para uma sobrevivência digna, Mocidade Padre Miguel, vila que recebeu o nome de um monsenhor que fez benfeitorias em 1898, ou Salgueiro, ligado ao português Domingues Alves Salgueiro. O morro com o nome dele viria a se imortalizar na música Chão de Estrelas, de Silvio Caldas. E também a Ilha do Governador, área doada pelo donatário Mem de Sá a um sobrinho, então governador do Rio. Até agora, acho que ninguém pensou, como houve no Rio Grande do Sul, em trocar os nomes, tirar os dos escravocratas para substituí-los por Zumbi ou o Almirante João Cândido. Para esclarecer, a troca de Porto Alegre foi nome de rua, nada teve a ver com Carnaval.
Outra curiosidade é que a expressão "unidos venceremos" não vingou neste Carnaval. O título ficou com a Beija Flor de Nilópolis (homenagem ao presidente nacional Nilo Peçanha). Perderam a Unidos da Viradouro, Unidos de Vila Isabel, Unidos da Tijuca, e União da Ilha do Governador.
Outros destaques são a Portela, nome que tem referência também ao Brasil Colonial, nome de uma área onde funcionava o Engenho do Portela. Nessa escola, como brincadeira, eu diria que nesta edição de 2015, rolou algum ciúme entre os participantes por causa do sucesso de quatro integrantes, "acusados" de terem caído de para-quedas já na Sapucaí. Outra curiosidade é que a belíssima águia simbolizando o Cristo Redentor foi derrotado por um colibri, a contumaz vencedora de carnaval Beija-Flor. E a São Clemente, que era um bloco de uma rua do Bairro Botafogo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

EXTRATO DA(S) MINHA(S) MEMÓRIA(S)

Seu Egídio tinha por volta de 40 anos quando eu era guri, lá em Seival, na época 3º distrito de Bagé. Peão, alambrador, changueiro, ele fazia de tudo. Era negro, alegre, bonachão, um típico gaúcho guasca no jeito de falar e de vestir. Parecia ter sido tirado de um romance do Érico Veríssimo ou do Cyro Martins, mais propriamente deste último porque era um gaúcho pobre. Tinha a autenticidade, a espontaneidade e a ingenuidade (para algumas coisas)... do homem Campanha. Um dia, ele pegou um ônibus de Bagé para Seival e perguntou:
- Que é tu que me cobra pra me levar até a Vila do Seival?
- Vinte cruzeiros - informou o cobrador.
- E se eu descer meia légua (3 km) antes, ali na granja do Seu Walter?
- É o mesmo preço.
Seu Egídio ficou conjuminando e falando consigo mesmo:
- Mas esses malevas fias-das-puta tão me levando dinheiro no mole. Não te "pélo", chê!
Pensado isso, medidos e pesados os pós e os contras, chegou à conclusão de que estava pagando mais do que deveria. Pois iria usufruir então do serviço a que tinha direito. Foi o que decidiu quando passou pela ponte do Jaguarão e não desceu. Foi até o Seival... e voltou a pé para a granja.
Muitos anos mais tarde, em 1975, meu pai se mudou para Porto Alegre e resolveu tornar realidade um antigo sonho do Seu Egídio: conhecer a Capital. No meio do caminho, pararam em um restaurante perto da entrada para Cachoeira do Sul. Ao tomar café, Seu Egídio teve a primeira dificuldade com a diferença dos hábitos. Não conseguia usar aquele açucareiro de bater no traseiro. Decidido, desenroscou a tampa, tirou com colherinha e repôs a tampa, mas sem reenroscar. Quando meu pai foi adoçar seu próprio café, virou todo o açúcar na xícara.
Seu Egídio ficou na nossa casa, na Rua João Alfredo, ali ao lado de onde está o Supermercado Nacional, na parte da rua que virou Avenida Cascatinha, e andou com a gente pela cidade. Ele gostava também de caminhar pelas imediações, e minha mãe o alertou para que tomasse cuidado para não se perder. Foi então que se saiu com esta:
- Não se preocupe, Dona Ítala. Eu vou sempre olhando pra bola. Se eu não enxergar mais a bola, eu volto um pouco e não me perco.
A bola a que ele se referia era o globo que existe no topo da Igreja Pão dos Pobres. (IV 100%)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

TIA LOLÔ PRECISA AJUDA PARA PODER CONTINUAR AUXILIANDO AS CRIANÇAS EM VIAMÃO


Losângela, a Tia Lolô, está contruindo uma peça para servir de lavanderia
Admiro demais as pessoas com carisma, aquelas que conseguem fazer com que seus amigos ou até mesmo conhecidos o sigam quase que cegamente, acompanhando-as em ações, mesmo as mais estapafúrdias. Admiro-me com aqueles que organizam "flash mobs", em que, do nada, no meio da rua, em determinado horário, começam a aparecer pessoas de todos os lados, integrando-se a uma proposta, seja formar uma orquestra, tocar uma música, ou formar um corpo de dançarinos, apresentar-se e, em seguida, desaparecer, do mesmo modo. Pode ser, também, cada uma chegar com um livro depositando-o sobre um banco de praça e saindo também anonimamente como chegou. Eu queria ter essa capacidade. Não para conseguir algo em meu próprio benefício, mas para ajudar alguém que precise.
Eu gostaria de encontrar alguém carismático o suficiente para bolar um flash mob consequente. Imaginei, por exemplo, de repente, pessoas chegando do nada à Associação Comuntária Beneficente Tia Lolô, na Vila Orieta, em Viamão. Um a um, vai deixando, no portão, um dos cem tijolos maciços que a Tia Lolô está precisando para a obra que realiza. Ou um sarrafo 50x50x550. Ou um viga de concreto 10x15, Ou um quilo de cimento ou de areia, eletrodo, prego para telhas 6mm, ou uma das seis cantoneiras 1 x 1/8.
   Losângela Ferreira Soares Martins, a Tia Lolô, é aquela batalhadora que criou uma creche em um ônibus velho, que enfrentou todos os obstáculos, inclusive a burocracia e que teve seu esforço reconhecido ao ser agraciada com o Prêmio Líderes Vencedores. Agora ela está construindo uma sala para a lavanderia da creche que abriga gratuitamente crianças carentes da vila. Ela já está com a obra quase pronta e teme não conseguir verba para comprar esse material antes de março, quando as crianças retornam. Elas ficam ali no horário inverso da escola. Fazem reforço escolar e se ocupam com atividades lúdicas. As meninas aprendem a fazer crochê, tricô, pintura em tecido, entre outras coisas. Ajudada por voluntárias, Tia Lolô não dá somente alimentação e apoio técnico para as crianças e pré-adolescentes que são atendidos pela associação, dá carinho e atenção que, muitas vezes, os pequenos não têm em casa.
Essa história de "flash mob" é apenas um sonho impossível. Mas eu desejaria, do fundo do coração, que as pessoas ou instituições, ou governos, ajudassem a Tia Lolô nessa pequena mas importante obra. Para isso, a Associação Beneficente Tia Lolô da Vila Orieta mantém uma conta-corrente no Banrisul onde qualquer quantia que for depositada, por menor que seja, seria de grande ajuda. A Agência é 0965 e o número da conta 06857289 08. Tia Lolô não quer nada para ela, nem lençóis de cetim nem toalhas de tecido egípcio. Uma pequena ajuda gaúcha e brasileira já estaria de bom tamanho.

Por um lapso, acabei deixando os dois números finais da conta de fora. Já consertei. Então é Banrisul, agência 096, número 06857289 08.


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

OS NOMES DIFERENTES DAS PESSOAS E SUAS ESTRANHAS ORIGENS

 C urioso por natureza e por profissão, observo sempre, com
Acauã, pássaro inimigo das serpentes
alegria, os nomes incomuns das pessoas e fico me perguntando o que levou seus pais a fazerem essa escolha. Já postei aqui sobre os nomes diferentes. Agora, relato uma história que começou com uma pergunta e terminou em uma lenda indígena.

 Na empresa em que trabalho, há um programador chamado Taiuã. Quando li o nome dele no crachá, a impressão que eu tive, como provavelmente outras pessoas teriam, é de que a origem poderia ser chinesa, lembrando Taiwan, a China capitalista que os livros antigos chamavam de Formosa.
  Mas não é nada disso. A origem seria indígena. Conforme Taiuã, a mãe dele comentou que pretendia chamá-lo de Ataiuã. Ela ouvira falar que esse nome significaria "o grito da ave que espanta a serpente".
- Vou descobrir a origem do teu nome - falei para o colega.
   Dias depois, após pesquisar na Internet e em livros, procurei-o no refeitório e falei:
 - Escuta essa lenda repassada de geração a geração por indígenas:
   "Em uma região onde hoje é o Rio Grande do Sul, uma tribo de índios guaranis estava enfrentando sérios problemas. Cobras atacavam de forma misteriosa e clandestina a aldeia, picando especialmente as crianças. Eles já tinham tentado uma série de medidas como usar fogueiras na taba, colocar alho para espantar os ofídios, trabalhos sobrenaturais, pedidos de auxílio a Tupã e nada. Em uma noite de lua cheia, na reunião do conselho, o pajé chegou a uma solução para o problema. Deixariam um índio o tempo todo na taba com a única preocupação de impedir que cobras invadissem as ocas.
   O índio escolhido para a missão foi um curumim muito esperto, de 12 anos, que vivia incomodando o cacique porque queria participar das saídas dos guerreiros para caça e pesca ou guerrear contra outras tribos. O cacique e o pajé já estavam cansados de dizer que ele era muito jovem para isso. E então o encarregaram de cuidar para evitar o ataque das cobras.
  Esse indiozinho se chamava Moacir, o filho da dor, porque sua mãe sofrera muito durante o parto. No início, Moacir ficou contente com a missão que lhe deram, mas depois de algumas luas sem qualquer novidade, não vira uma cobra sequer, começou a ficar entediado. Foi então que ouviu o grito de uma ave de rapina e a observou atacando uma cobra. Imediatamente, ele capturou a ave e a adestrou, para que cuidasse da taba. Ao ouvir o grito que soava como "ataiuã", as cobras fugiam ou eram capturadas e mortas.
  Nenhuma criança mais foi morta pelas cobras, e Moacir virou uma espécie de herói da tribo. Sempre que os índios ouviam o grito da ataiuã, sabiam que estavam livres das serpentes. Com isso, Moacir acabou sendo chamado de Taiuã, e esse nome passou a ser colocado em outros curumins de geração em geração. Hoje, nas matas que ainda existem no centro do Brasil, pode ser encontrada uma ave chamada Acauã, que curiosamente espanta ataca serpentes e chama atenção pelo seu canto forte.
   Quando eu terminei a história, Taiuã ficou impressionado e comentou:
- Alguém tinha me falado sobre essa história do grito da ave espantando a serpente.
  Rimos muito quando eu disse que ele tinha se esquecido de que me havia me contado sobre a explicação dada pela mãe dele para o nome. E também quando eu admiti que não havia encontrado nada comprovado e que tinha inventado essa lenda. Se alguém é especialista na cultura indígena e sabe alguma coisa sobre isso, por favor, me desminta ou me confirme.

domingo, 25 de janeiro de 2015

CONHECIDO 0 ACERTADOR DO CHARADILHO DO CTG NÃO APERTA, APARÍCIO TORELLY

O CTG Aperta, Aparício Torelly, tem a honra e a alegria de informar os seus associados e simpatizantes em geral que o uruguaio Horácio Rocha Nuñes, residente em Melo, foi o ganhador do Prêmio Ronaldo Westermann de Trocadilhismo, recentemente lançado. Ele foi o primeiro a acertar o charadilho proposto pelo Centro de Trocadilhistas Gaúchos. A mistura de charada com trocadilho foi a seguinte:
Responda, em espanhol ou portunhol, qual o mês e o dia da semana preferidos de escritor francês conhecido pela autoria das obras Viagem ao Centro da Terra e 20 Mil Léguas Submarinas. (IF 90%)
* Ronaldo Westermann foi um brilhante cartunista e um dos maiores trocadilhistas do Rio Grande do Sul. Trabalhou na Folha da Manhã, da Empresa Jornalística Caldas Júnior, e morreu em 1986.

A resposta veio rapidamente: JULIO VIERNES (IF 95%)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

ABRINDO OS TRABALHOS DE 2015

Recordando análise sintática com bom humor:

 QUEM SÃO OS SUJEITOS?
1) O aluno chegou atrasado e não cumprimentou ninguém....

O sujeito simples. É o aluno. Simples no caso, mas muito mal educado.
2) O empresário Vivaldino Boavida e o gerente Pedro Passa Patraz foram presos por adulterarem gasolina.
Classifique o sujeito: sujeito composto. Com posto e sem compostura. É um desclassificado.
3) Escondido atrás de uma árvore, esperou a chegada da velhinha para assaltá-la.
Identifique o sujeito. Resposta: Sujeito oculto. Também chamado de elíptico. No caso, é um bandido covarde e prevalecido. Se for identificado, merece perder a liberdade.
4) Chove no sertão nordestino 11 vezes por ano.
Que tipo de sujeito é? Sujeito inexistente. Não existe isso de chover tanto assim no sertão nordestino. Nesta frase, como diria o Padre Quevedo, o sujeito "no ecsiste“
5) Diziam que o mundo ia acabar no ano 2000. Onde está o sujeito?
    Sujeito indeterminado. Nem é bom lembrar quem é que dizia.
6) Quem tem o mal na mente sempre mente despreocupadamente.
O que é a última palavra? É um adjunto adverbial de modo. De maus modos.
7) Vovô, tu tens que me dar um presente. Lembra daquela frase do Pequeno Príncipe?
O que é o primeiro termo?
É um vocativo. No caso, vô cativo.
8) Senhor, faça com que todos os candidatos que são honestos sejam eleitos. Amém!
Que oração é esta?
Oração subordinada adjetiva restritiva. Infelizmente nem todos são honestos.
9) Senhor, permita que os meus amigos, que são todos do bem, sigam no mesmo correto caminho. Amém!
E esta?
É uma oração subordinada adjetiva explicativa. Desculpem a minha falta de modéstia, mas, se são meus amigos é porque são do bem.
10) O italiano Giuseppe Garibaldi, o Herói de Dois Mundos, participou da Guerra dos Farrapos.
Como se chama esse apelido em termos em gramática?
É um aposto. Muito bem. Aposto que você acertou essa.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

REPLANTANDO REFLEXÕES CRIADAS DO FACEBOOK

Reflexões ao final de uma jornada de trabalho
Cada vida é um livro, produzido pelo grande Escritor. Seja um bom editor da sua história, conheça os outros livros e tire deles o que de melhor eles têm para compor o seu roteiro, evitando o caminho errado que os outros já trilharam. Mas sobretudo busque seu próprio destino, sem medo de ser feliz. Ignore os críticos mal-intencionados e absorva com inteligência as advertências dos sinceros. Viva um capítulo após o outro e torça para não ficar esquecido na estante.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

SAUDADE DE JOGAR BOLA

Entrados na terceira idade, muitos têm saudades de coisas que não desfrutam mais. Alguns têm saudade do cigarro embora vibrem por ter conseguido deixá-lo, outros de outros divertimentos, até mesmo o sexo. E há quem, como eu, tenha saudade de jogar bola. De vez em quando eu até sonho com o futebol de rua da minha infância e adolescência. E a saudade se torna ainda mais forte quando noto algo curioso que me acontece. Parece que não sou só eu que tem saudade. Ela, a bola, também tem. Não é uma nem duas vezes que ela me procura. Quando caminho pelas ruas e passo por algum lugar onde se realiza uma pelada ou as pessoas simplesmente brincam, a bola parece se livrar dos que a dominam e se atira em minha direção. Ela lembra um cachorrinho que reencontra o dono algum tempo depois. Primeiro, lambe os meus tênis, pula no meu joelho, delicia-se carinhosamente sob a sola dos meus pés. E depois aceita que eu a empurre de volta ao jogo.
   Pois hoje à tarde, a caminho da padaria, aconteceu de novo. Não sei como a bola conseguiu pular aquela tela com mais de dois metros de altura e vir em minha direção. Acho que não a estavam tratando com a dignidade e carinho que ela merecia. O certo foi que, quando eu passava pela quadra de futebol, na praça, a bola passou voando e cruzou sobre os carros na Avenida Gastão Mazeron. Quando passou por mim, virou-se e eu percebi que ela piscou o olho, como quem diz, vem me buscar. Quando me dei por mim, já havia atravessado a rua, por entre os carros, e ido pegá-la já quase no muro do velho Estádio Olímpico que aguarda melancolicamente a hora de ser implodido. A gurizada que jogava futebol achou estranho aquele idoso ter ido atrás da bola. Talvez tenha até passado pela cabeça de alguém de que iria pegar para ele. Quando peguei a pelota, fiz duas embaixadinhas e até iria tentar mais algumas jogadinhas, mas me lembrei da impaciência dos jovens jogadores de futebol. Esperei uma pausa no fluxo dos carros e chutei com o pé esquerdo para o jogador que aguardava na outra calçada.
 Quando entreguei a bola, o jogo recomeçou. Não ouvi um obrigado sequer. A não ser que tinha sido prejudicado por uma deficiência auditiva. É que, quando eu era guri e a bola saía intempestivamente do recinto por algum atacante descalibrado ou zagueiro sem muitos recursos técnicos, ficávamos contentes quando alguém nos ajudava reconduzindo a bola para a quadra, ou cancha, como chamávamos. E, quando a bola voltava, ouvia-se um festival de "muito obrigado". Parece que o futebol de rua já não é mais o mesmo. Nem a educação.