domingo, 30 de janeiro de 2011

A ORIGEM DA PALAVRA FAVELA

   A palavra favela, significando, amontoados de casebres, é originária de uma planta que havia na região de Canudos, na Bahia. Soldados que combateram Antônio Conselheiro, nos anos de 1887/1888, ao retornarem para o Rio de Janeiro, não receberam o dinheiro que o governo prometera. Como não tinham onde morar, construíram rústicas habitações nos morros.
   O local, no morro da Providência, no centro do Rio, lembrava habitações existentes em Canudos. Naqueles morros do sertão baiano, havia uma planta chamada Favela e o nome foi copiado para as habitações dos soldados e depois estendido às comunidades pobres cariocas.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

MAIS DEFINIÇÕES SOBRE TERMOS LIGADOS AO FUTEBOL

                                  

                             Acrescentado em 1/5/2012

Quem lê um livro ou um jornal antigos certamente estranha certos nomes relacionados com a prática do futebol. Para ajudar os mais jovens e refrescar a memória dos mais velhos, Vidacuriosa recorda agora vários termos, muitos deles não mais usados.


O Drible
O termo original inglês Dribling significava "progredir com a bola", mas o aportuguesamento de drible passou a ser usado para explicar o lance utilizado para enganar o adversário. A palavra portuguesa finta e o verbo fintar foram e ainda são usados como sinônimo de drible.
O drible é o que dá a alegria ao futebol. Não entendo por que muitos "esportistas" querem acabar com o drible achando que é um desrespeito de um profissional com outro". Isso é uma bobagem. Sendo assim, teriam de impedir goleadas nos jogos porque isso humilharia o adversário. O que é necessário coibir são agressões e ofensas, além de tentativas de burlas às regras e à ética. No mais, deixemos a criatividade campear e, que vença o melhor.

Os nomes e tipos de dribles
Dependendo da região do país, o mesmo tipo de drible tem mais de um nome. Alguns são muito antigos, outros foram criados mais recentemente.
Corte (ou paninho, como o redator deste blog conheceu em sua infância em Bagé) era um drible bem simples. Consistia em correr com a bola e mudar a trajetória dela somente segundos antes de o adversário tentar tocar nela. Em algumas vezes, surpreendido, o outro jogador perde o equilíbrio e cai. Outro drible chamado de paninho é elevar a bola apenas a ponto de fazê-la passar sobre o pé do adversário, impedindo-o de tocá-la.
Meia-lua ou Drible da Vaca - O jogador passa a bola pelo lado do adversário e pega pelo outro. É conhecido como Drible da Vaca a partir do Rio de Janeiro. Reza a lenda que Garrincha costumava driblar vacas dessa maneira na região rural em que morava no município de Pau Grande (RJ). Outro jogador famoso que divulgou o nome do Drible da Vaca foi o célebre e marrento Romário. A diferença entre o dible da vaca e a meia-lua é sutil. Na meia-lua, o drible é mais curto enquanto no da vaca o atleta joga a bola um pouco mais à frente do adversário.
Janelinha ou caneta - É quando o jogador passa a bola pelo meio das pernas (canetas) do adversário e a pega mais adiante. Conforme pesquisas na Internet, no Rio esse tipo de drible também é conhecido como Rolinho. Ronaldinho parece ser o jogador que mais tem dado canetas ou janelinhas (termo usado mais no Sul do Brasil) nos adversários atualmente.
 Chapéu - É quando a bola passa obviamente por sobre a cabeça do adversário. É chamado também de chapeuzinho, lençol e balãozinho. No Rio Grande do Sul, balãozinho é também manter o controle da bola mantendo-a no ar a partir de toques no dorso do pé. No Rio e São Paulo, é chamado de fazer embaixadinhas. Pelé imortalizou esse drible várias vezes especialmente na construção de gols. Lençol é também um lance em que o atacante joga a bola sobre o goleiro para fazer o gol. Em Portugal, esse drible é chamado de touca.
 Elástico - O jogador para na frente do adversário e empurra a bola para a frente mas leva o pé junto e toca mais uma vez, mudando a trajetória dela e enganando o adversário. Um dos jogadores que mais abusaram desse drible foi Rivelino, que jogou no Fluminense, no Corinthians e na seleção tricampeã de 70.
 Pedalada - O jogador vai em direção ao seu marcador, faz que vai tocar na bola mas apenas passa o pé sobre ela, enganando o adversário que não consegue descobrir para qual lado ele prosseguirá a jogada. Robinho, ex-Santos e Seleção Brasileira consagrou-se com esse drible.
 Drible de corpo - É uma jogada sem a bola em que o atleta faz que vai para um lado e acaba indo para outro, enganado o marcador. Garrinha foi o mais famoso com essa finta. Ele parava, olhava para o adversário, passava diante da bola sem tocá-la e voltava para o mesmo lugar deixando o marcador confuso.
 Corta-luz - O jogador faz que vai tocar ou pegar a bola, mas a deixa passar, correndo para pegá-la mais à frente e tirando o equilíbrio do marcador, que não consegue se recuperar para alcançá-lo. Pode também simplesmente fazer de conta que vai pegar a bola mas deixá-la passar para que um companheiro avance com ela em direção ao gol. Memorável foi o lance em que Pelé deixou a bola passar à chegada do goleiro Mazurkievski, do Uruguai na Copa de 70 e correu à frente para chutar em gol, mas infelizmente a bola foi para fora.
 Lambreta - Consiste em parar na frente do adversário e, com um pé, colocar a bola sobre o calcanhar do outro pé para puxá-la pelas costas, passando sobre a cabeça do adversário e pegando-a um pouco mais à frente. Há jogadores que fazem uma lambreta um pouco diferente, como Falcão, do futebol de Salão, que prende a bola com os dois pés e a puxam sobre as costas, passando sobre a cabeça do adversário.
360 graus - Esse drible foi consagrado pelo francês Zidane. O jogador gira o corpo como uma piorra, ou um bailarino, na frente de um ou mais adversários e, nesse malabarismo, puxa a bola usando a sola da chuteira, iludindo os marcadores e saindo livre na frente.

OUTROS TERMOS DO FUTEBOL
Ir para o chuveiro - Ser expulso do jogo. O termo se explica porque o jogador sai da partida e vai imediatamente tomar banho.
Chuveirinho - Lance em que o jogador, no meio campo, lança a bola alta em direção à área, ou zona do agrião, como era chamada antigamente.
Banheira - Estar na banheira significa ser flagrado em impedimento, ou seja, adiantado no ataque no campo do adversário, de forma que, entre ele e a linha de fundo, haja menos de dois jogadores no momento em que seu companheiro lança a bola. O termo parece ter origem no fato de que o jogador em impedimento está tão sozinho no ataque como estaria no momento do banho de banheira. O impedimento está previsto na regra número 11. O primeiro nome do impedimento foi off-side.
Dar bicicleta - De costas e com o corpo no ar, impulsionar a bola com uma das pernas. Leônidas da Silva, do Botafogo, é apontado como o primeiro jogador a chamar atenção por fazer gols de bicicleta.
Folha seca - Tipo de chute imortalizado pelo jogador Valdir Pereira, o Didi, bicampeão mundial, em que a bola fazia uma mudança no meio da trajetória e enganava os goleiros. A bola era chutada com o lado de fora do pé em um estilo que também foi conhecido por trivela e três-dedos.
Dar carrinho - Lance de disputa da bola em que o jogador desliza quase sentado pelo gramado e tira a bola do adversário com a ponta do pé. Recentemente, passou a ser considerada falta o carrinho aplicado pelas costas sob o argumento de que coloca em risco a integridade física dos jogadores. Mesmo pela frente, dependendo do lance, pode ser caso de expulsão. O jogador que mais se consagrou com o carrinho foi Mauro Galvão, zagueiro que foi tricampeão invicto pelo Internacional em 1979.
Ser regra-três - É o jogador que fica no banco de reservas. O nome indica a terceira das 17 normas estabelecidas para o jogo, que dispõe sobre o número de jogadores e de reservas que podem participar da partida.
Gandula - É aquele que faz a reposição de bolas no futebol, algo parecido com o caddy do golf. É chamado de Apanha Bolas no português europeu e afriacano. A função teria surgido com a construção do Maracanã para a retirada da bola que caía constantemente no fosso de drenagem que rodeia o gramado. O termo porém, surgiu mais tarde, depois que, em 1939, quando o Vasco trouxe da Argentina um atacante chamado Bernardo Gandulla, que nunca chegou a ser escalado. Para ajudar, ele sempre buscava a bola quando ela saía do campo, mesmo quando a jogada era para o adversário. Com isso, ganhou a simpatia da torcida. Após seu retorno para a Argentina, seu nome virou referência para os que buscam a bola que saiu de jogo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

CURIOSIDADES FUTEBOLÍSTICAS: MUDANÇAS NOS TERMOS DO FUTEBOL

Criado na Inglaterra e trazido para o Brasil em 1900 (o Esporte Clube Rio Grande foi o primeiro clube de futebol a ser fundado), o futebol trouxe os termos em inglês para as regras e as posições. Depois, os nomes foram mudando:
O goleiro se chamava goal keeper. Foi chamado também de guarda-valas, guarda-metas, arqueiro e, por fim, goleiro, o jogador que fica sob a goleira, pode usar as mãos e tem a missão de tentar impedir os gols.


O defensor que atua mais pelo lado direito ou esquerdo do campo, já se chamou half, depois foi lateral e mais modernamente é ala.


Os jogadores do meio da defesa se chamavam central back  (aportuguesado para beque central e depois zagueiro central), e o quarto zagueiro.


O jogador do meio campo, que atuava à frente dos zagueiros já foi chamado de center-half e centromédio. Com a mudança nos sistemas táticos, que não deixa mais os jogadores fixos em determinadas áreas do campo, ele é chamado de primeiro volante.


No meio-campo, havia ainda o meia-esquerda e o meia-direita ou ponta de lança.


No ataque, pelo meio, o primeiro nome foi center forward (em inglês, no centro para a frente). Foi aportuguesado e se mantém até hoje como centroavante.


Na frente pelo lado direito ou pelo esquerdo, quase rente à linha lateral, o primeiro termo era insider, logo aportuguesado para ponteiro. Com a mudança tática e a preferência por não jogar com um atleta fixo nas pontas, surgiram, no meio, o meia-armador ou ponta de lança, o meia-esquerda ou meia-direita, o segundo volante ou até terceiro.


Outros termos

Escanteio - Foi chamado também de corner (canto, em inglês) e, em português, tiro de canto. É quando a bola sai de jogo pela linha de fundo depois de ter tocado em um defensor.


Árbitro - Em inglês era referee. Hoje é chamado também de juiz.


Bandeirinha - Já foi chamado de linesman (homem da linha em inglês) e é conhecido também como auxiliar de árbitro ou assistente.


Local onde o jogo se desenvolve - Já foi ground, cancha (que vale também para futebol de salão e bocha) e atualmente gramado. Em português de Portugal é relvado.
Kickoff - O pontapé inicial. Quando alguma autoridade ou celebridade é homenageada, permite-se a ela o privilégio de dar o primeiro toque na bola para o início simbólico da partida.
Freekick - Falta feita pelo goleiro ao pegar a bola com a mão fora da área ou ficar muito tempo com a bola sem jogá-la para o campo (também chamado de fazer cera).
Falta - Erro cometido pelo jogador (chutar ou empurrar o adversário ou pôr a mão - hand em inglês- na bola se não for goleiro) chamou-se primeiro, em inglês, foul.
Penalty - A falta mais grave. É chamada também de penal e de penalidade máxima. Foi aportuguesada para pênalti. A cobrança é feita a nove passos da linha do gol, dentro da pequena área, entre ele e o goleiro.
Gol - É o ponto marcado na partida, quando a bola ultrapassa a linha entre as traves. Foi chamado de goal (objetivo, em inglês) e meta. Gol pode ser também a goleira. Já foi chamado de golo no primeiro aportuguesamento e é mantido apenas em Portugual e ex-colônias lusitanas. Outro sinômimo de gol foi tento (deriva do tempo em que a bola era de couro bovino e costurada com tiras fininhas também de couro, os tentos).
Bola - Foi chamada também de pelota (e é ainda assim nos países de lingua espanhola). Os locutores a chamaram e a chamam de várias formas como gorduchinha, esférico, entre outras.
Partida - O termo em inglés é match, que signfica encontro. No início do século passado, era chamado também de prélio, porfia, embate e peleia, especialmente no Rio Grande do Sul.
Equipe - Um dos termos mais usados é time, que deriva do inglês team. Em Portugal é equipa. O conjunto de jogadores do time, reunindo titulares e reservas é chamado de plantel, termos emprestado do turfe.
Torcida - São os simpatizantes e mais do que isso, os aficcionados. A origem da expressão torcer teria relação com uma espectadora, nervosa, torcia um lenço durante jogos no Rio de Janeiro.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

REPÓRTER TROCA O DIÁRIO GAUCHO PELO EXTRA, DO RIO

                                                                                                               Atualizado em 17/12/2012                                  

 
Todo mundo tem ou teve colegas sobre os quais não se encontra nada para criticar. São solidários, donos de caráteres irrepreensíveis, competentes e que fazem a diferença para melhor. Daí quando uma pessoa parte para outros desafios profissionais, a gente fica com dois sentimentos: um deles é de tristeza porque não vai ter mais aquela convivência alegre e benéfica, o outro é de alegria porque o amigo ou a amiga parte em busca de novas satisfações e realizações.
Esse é o duplo sentimento que invade a redação do Diário Gaúcho nesta semana. A excelente repórter Aline Custódio está se transferindo para o Rio, onde fará parte da equipe do jornal Extra. Esse jornal foi o que inspirou a criação do Diário Gaúcho, o primeiro do Rio Grande do Sul - e por enquanto o único - verdadeiramente popular.
Aline é mais que uma grande repórter de jornal popular, de pé no barro como ela mesma se autodefine. Ela é um case semelhante à maioria das histórias do Diário. Formada há 10 anos, Aline recorda que só concluiu a faculdade de jornalismo porque escreveu uma carta ao então presidente Fernando Henrique Cardoso em outubro de 1995. Ela tinha abandonado a faculdade porque sua mãe ficara doente e sem condições de ajudar a custear os estudos.

– Naquela época eu trabalhava em uma clínica de traumatologia. Então escrevia uma carta falando da minha vontade de ser jornalista da minha falta de condições de continuar pagando a Ulbra. Em fevereiro de 96, recebi um telegrama da assessora adjunta do presidente. Ele tinha lido a minha carta e se comovido com a história. O governo federal entrou em contato com a Ulbra e exigiu o meu retorno com bolsa de estudos. Após várias tratativas, ganhei 90% de desconto. Retornei em março de 96 e conclui a faculdade em julho de 2000 – contou a repórter.

Ao relatar essa história, ontem, na despedida do Diário Gaúcho, com cachorrinhos-quentes e refrigerante, na sala de reuniões, Aline lembrou, em lágrimas, que sonhou ser repórter aos sete anos, passou por muitas dificuldades, mas conseguiu realizar seu sonho. "Quem acredita, sempre alcança", afirmou.
     Aline Custódio, 33 anos, começou sua carreira jornalística em 1996 como auxiliar de redação de Zero Hora. Depois foi auxiliar de fotovix, auxiliar de arquivo e auxiliar de copy right. No primeiro ano de formada, fez matérias para os cadernos Emprego, Esporte e Campo e Lavoura. Em 2001, assumiu a sucursal do Vale do Taquari, em Lajeado. Ficou lá até fevereiro de 2005 quando entrou como repórter de Geral no Diário Gaúcho.

    
Agora, Aline vai brilhar no Extra do Rio de Janeiro. Daqui, envio-lhe um beijo carinhoso e votos de muita felicidade. Sei que vamos vê-la brilhar no jornalismo do Rio.


Atualizando: no final deste ano de 2012, depois de fazer grandes matérias no jornal do Rio de Janeiro, Aline retornou para o Diário Gaúcho.








OS ERROS QUE SE MULTIPLICAM

A língua é dinâmica, dizem alguns filólogos que permitem qualquer mudança na ortografia ou na pronúncia, classificando como erro somente os cometidos pelas pessoas bem menos cultas. Aos amigos, principalmente celebridades, é permitido errar sem culpa. E mais. Os erros das pessoas consideradas importantes acabam sendo copiados impunemente pelos outros. Aí, quando já há uma grande parcela da população falando errado, os gramáticos incluem o novo jeito de falar e escrever nos dicionários e argumentam que a língua é viva e dinâmica.
   Lembrei disso ao ler o colunista jornalista Paulo Santana, de Zero Hora. Ao criticar Ronaldinho por ter prejudicado pela segunda vez o Grêmio, o colunista quis usar uma frase antiga e popular da Região da Campanha. Disse Santana que "cachorro ovelheiro só matando". Fiquei com pena do jornalista pelo erro, e com mais pena ainda do cachorro. Cachorro ovelheiro é conhecido por auxiliar o homem do campo a recolher e cuidar dos ovinos, não a matá-los. O ditado antigo é "cachorro que come ovelha, só matando." Daí que os leitores de Paulo Santana - já vi isso em alguns blogs - passaram a repetir o ditado, disseminando o erro.
   Outro dia comentei aqui no blog o erro do jornalista global Pedro Bial que usou uma expressão equivocada para adjetivar o comportamento de um big brother ou big sister, não me lembro mais. Bial disse que o participante era "malemolente". Ora, o certo é manemolente. O termo vem da Bahia e se originou em um certo malandro chamado Mané Mole. Manemolência significa ter moleza e ginga no corpo e malandragem na mente. As pessoas certamente confundem por lembrarem inconscientemente dos termos malevolência e malevolente.
  Quando coloquei no blog, recebi uma crítica dizendo que o Bial estava certo porque o dicionário do Aurélio registra os dois termos. Ora, foi o que eu disse: registra porque as pessoas passaram a consagrar o erro.
   Outra expressão errada que ouço com frequência e´"tirar leite de pedra", para explicar algo muito difícil de realizar. Não há lógica em tirar leite de pedra, isso é impossível. O ditado original era "tirar água de pedra", usado pelos antigos para conseguir algo quase impossível. Ocorre que há também outro ditado: "Tirar leite de vaca morta". Alguém se atrapalhou ou achou legal misturar e saiu "tirar leite de pedra" que, por ser mais bonito, caiu no gosto e passou a ser repetido.
   Um tempo atrás, Rogério Magri, o então ministro do Trabalho do presidente Fernando Collor de Melo, utilizou um adetivo não registrado nos dicionários: imexível. Os intelectuais adversários políticos de Magri caíram de pau nele. Alegavam que existe o termo "inamovível" e que "imexível" seria um erro. Não votei no Collor a quem considero até hoje um político prejudicial à nação, não tive nenhuma admiração pelo Magri, mas vejo lógica na construção do adjetivo. Fosse ele um partidário dos intelectuais daquela época e a criação do termo seria considerada obra de um gênio.


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

VOU MORRER E NÃO VOU VER TUDO

Outro dia eu já disse aqui da minha preocupação com o futebol. O antigo esporte bretão (já não é nem mais esporte) está tomando o lugar da religião naquilo que a religião tem de mais negativo: o fanatismo. E olha que eu gosto de futebol, torço pelo meu time, o Guarany de Bagé, embora ele não ganhe nada, infelizmente. Pois toda aquela fé cega das religiões, e eu falo de todas, com as implicações de violência que são agregadas, transferiu-se para essa nova paixão que já é mundial.

Nem me refiro às animalescas torcidas que brigam nas ruas, uma completa imbecilidade. Parte do que estou comentando se refere ao episódio nas negociações do jogador Ronaldinho com o Grêmio, que acabou indo para o Flamengo, depois de juras de amor ao clube gaúcho que o projetou. Entendo o sentimento dos torcedores que sofreram há dez anos, quando o jogador deixou o clube. Definida a negativa do jogador de voltar para o Grêmio, gremistas o encontraram em Florianópolis e quase o agrediram durante o show da Amy Winehouse. Foi tanta agressão verbal e tentativa de agressão física, que o jogador teve de abandonar o show. Os torcedores queriam que ele fosse embora do local, como se fossem donos do show. Vaiá-lo em um jogo de futebol e até mesmo no show pode ter até natural, mas impedir que ele fique no local, aí já é insanidade.

O que mais me surpreendeu, porém, foi a atitude de um deputado estadual gaúcho chamado Gilmar Sossela, do PDT. Ele anunciou a intenção de fazer um projeto tornando personas non gratas ao Estado, Ronaldinho e seu procurador e irmão Roberto de Assis Moreira. Mas o que é isso? Em primeiro lugar, o episódio não atingiu a população do Rio Grande do Sul. Quanto muito, aos torcedores do Grêmio. Ora, vá arrumar o que fazer, deputado. Preocupe em ajudar o seu Estado e não fique a criar factóides buscando uma notoriedade a qualquer preço. Se quer virar celebridade, inscreva-se no Big Brother.

Ter de pagar impostos que sustentam salários de parlamentares como esse me irritam profundamente. Vencimentos esses que foram aumentados absurdamente pelos próprios deputados. Já que não quer poupar o meu dinheiro, pelo menos me poupe de suas barbaridades.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

UMA AJUDA NA BUSCA POR DESAPARECIDOS

Excelente a série de reportagens que o Diário Gaúcho está publicando, desde a segunda-feira, sobre pessoas desaparecidas. O trabalho do repórter Eduardo Torres conta histórias e publica fotos de pessoas que se perderam das famílias. Revela que a droga é uma das causas dos sumiços e escancara que a polícia dá pouca importância aos desaparecimentos de adultos, grande parte deles com doenças como Alzheimer. Já as buscas a crianças e jovens têm sido mais competentes pelo Departamento Estadual da Criança e do Adolescente. Só no Estado, desapareceram cerca de 5 mil crianças e adolescentes no ano passado, dos quais 80 por cento voltaram para casa.



Entre os adultos, lamentavelmente, a procura é feita apenas pelos já sofridos familiares. Os policiais não priorizam as buscas principalmente quando se trata de drogados. O certo seria ir atrás não apenas para localizar o desaparecido, mas também para identificar bocas de fumo e combater o tráfico. O incrível é que as polícias são estanques. O correto seria repassarem as informações entre as delegacias especializadas para solucionar as duas partes. Mas aí parece que já é querermos demais.
    O que fica claro é que adultos desaparecidos só são procurados pelas polícias quando são parentes de alguém importante. Por isso é que notei um erro de roteiro na novela Passione, outro dia. Em uma cena, o personagem Danilo (Cauã Raymon), detonado pelo crack, desaparece de casa e só é encontrado porque o tio dele, Gerson (Marcelo Antonny), tropeça nele quando corre atrás de um irmão da sua ex-mulher Diana (Carolina Dieckmann). Ora, se o tal Danilo é neto da dona de uma metalúrgica e ele próprio um competidor de ciclismo, na vida real a polícia certamente iria procurá-lo ou a própria família, abastada, colocaria um detetive para localizá-lo. Ele ficou um bom tempo caminhando pelas ruas como se fosse um drogado pobre. Mesmo com esse erro, acho importante o trabalho do autor Silvio de Abreu para colocar uma realidade tão destruidora que atinge todas as classes sociais.

 Aqui no blog, tenho colocado fotos de várias pessoas desaparecidas. Dê uma olhadinha, ao lado. Quem sabe não é alguém que você viu em algum lugar?