segunda-feira, 23 de maio de 2016

QUANDO UM SENADOR É UM ERRO ORTOGRÁFICO

Não tenho como resistir. Esse Jucá é um erro de ortografia. Na verdade, é um juca. Fazer o que ele fez, só um idiota faria. Afastamento da função é pouco. Além de perder o cargo de ministro interino, ele deveria perder também o assento no Senado.

domingo, 15 de maio de 2016

AUDIÊNCIA PÚBLICA XII

Ler ou não ler; eis a questão


Tenho lido e ouvido, principalmente de autores, queixas de que a população já não lê e ocupa suas mentes com mídias mais modernas. Lembro de um intelectual que foi secretário na administração municipal que se queixou dos leitores. Naquela época, quando não havia Facebook, ele havia vendido apenas 48 exemplares três meses após o lançamento de um livro. Como nem os amigos compraram, e ele já tinha boa projeção no meio, suspeito que o problema não estivesse totalmente no público.
        Atualmente, não é muito comum ver pessoas com livros nas ruas. No ônibus, de vez em quando vejo alguém lendo. Mas como saber sobre a leitura que existe nos lares e em outros lugares não públicos?
Foi pensando nisso, que me chamaram atenção dois casos na sexta-feira. No banco, ouvi uma vigilante com cerca de 35 anos comentando sobre um livro que acabara de ler e que ficou emocionada. Destacou que era daqueles livros que se tem muita dificuldade de parar de ler e que, em alguns trechos, não conseguiu evitar que suas lágrimas lhe banhassem as faces.
         Tal descrição me forçou a perguntar de que livro se tratava. A obra se chama "Pontes de Lembranças", psicografado por Eliana Machado Coelho e ditado pelo espírito Schllida,. A vigilante havia comprado o livro em uma casa espírita localizada ao lado do banco em que ela trabalha, próximo à Ponte de Pedra, no Largo dos Açorianos. O Google diz que a obra conta a história de Berlinda e Maria Cândida, duas grandes amigas que, depois de longa separação, reencontram-se e colocam suas vidas em dia, revigorando a amizade que parecia perdida no tempo.


         
                                Anedotário da Rua da Praia

Mais tarde, a segunda referência. Após retirar uma receita para o meu filho Luciano, em uma clínica do Bairro Glória, conversei com o recepcionista da portaria principal sobre uma autorização para fotografar o lugar, com prédios antigos em meio a um bosque e uma colina, especialmente um, que ostenta um sino na fachada. Foi o sino que me lembrou um personagem real de um livro. O porteiro comentou que havia lido o anedotário da Rua da Praia, de Renato Maciel de Sá Júnior. Rimos das pegadinhas que o Odone Grecco aprontava na Porto Alegre antiga, como amarrar um cordão no badalo da Igreja Nossa Senhora da Conceição, no bairro Independência, ao lado da casa dele, estendendo-o até o seu quarto. Na noite escura, ele puxava a cordinha, e fazia o padre e a vizinhança inteira achar que era coisa de alma de outro mundo.

domingo, 8 de maio de 2016

PALHAÇANDO

Hoje de manhã, parado diante do setor de carne, ouvi uma cliente perguntar para uma funcionária do súper:
- Aqui tem coração?
Fiquei alguns segundos com meus neurônios digladiando-se entre si: Falo ou não falo? Venceram os neurônios palhaços, e eu disse à funcionária"
- Com o guisado a 24 reais o quilo, eu acho que aqui eles não têm coração.
A moça continuou séria. Deve ter pensado: "Mais um louco. Eu mereço".

HOMENAGEM NO DIA DAS MÃES

Eu te abençoo, meu filho!
Paulo Mendes


Estás lindo, meu filho, com os cabelos grisalhos, o rosto sulcado de sol e chuva, as mãos sovadas de rédea e enxada. E esses olhos matreiros de ver até no escuro. Era para o fundo de teus olhos que sempre olhava, lembras? Desde que nasceste naquela madrugada fria de agosto, quando a parteira me entregou teu corpinho tão franzino, enrolado nas mantas, eu já sabia, e pensei comigo: “Esse vai domar essas éguas, só vai apear do lombo do cavalo para tomar água”. E cumpriu-se. Não deu outra. Foste sempre meu orgulho, topete empinado, nunca te curvaste para os homens, nunca te humilhaste, por isso permaneceste pobre, mas digno. Sempre te apoiei, lembras, meu filho? E tu dizias: “Nunca serei capacho, jamais abaixarei minha bombacha, porque quanto mais eu abaixá-la, mais minha bunda vai aparecer”. Estás lindo, meu filho, com esse jeito altivo de trabalhador, simples e honesto. Lembro-me que foram lá no nosso bolicho, certo dia, elogiar tua honestidade. E eu disse: “Ser honesto e reto é uma obrigação de todos os homens e mulheres”.

    Não chores, meu filho. Eu te deixei, mas nunca te abandonei, sempre te protejo e ilumino tuas ações e passos. Tu não me ouves, eu sei, mas isso não importa, porque teus trabalhos sempre foram claros, como tua alma. Sim, sei que tens saudades de quando estávamos juntos, quando eras gurizinho, de quando te contava as lendas, te cobria com palas e ponchos velhos e furados. Mas eu sentia que gostavas tanto, que te sentias protegido. Não importa, meu filho, seguirás amado, porque daqui onde estou ainda posso te ajudar, embora não saibas. Lembras daquele dia em que querias cruzar o vau com a enchente? Fui eu que te puxei pelo braço e o fiz voltar. Naquela tarde a correnteza estava muito forte. Eu vivo te salvando, meu filho, pois segues como sempre, intempestivo e descuidado, mas por isso mesmo também fico aqui, de onde estou, te olhando.

     Reze meu filho, reze por mim e por todas as mães. Elas merecem, porque sofrem, dão a vida pelas suas crias que crescem e se vão estrada afora, como dita o destino. Ah, meu filho, Deus me deu a graça de te parir, só você, um único filho, mas para mim foi dádiva. Então agradeço. E tu, sempre no Dia das Mães, ora por mim, fala comigo. Por isso te guio e te espero, meu guri, todos os dias, todos os meses, todos os anos, pacientemente, como fazem as mães gaúchas e todas as outras. Vai, agora cumpra o resto do desígnio que a ti foi destinado. Mas saiba, tua mãezinha está ansiosa para te reencontrar outra vez. Ah, e que linda está minha neta, parece a avó ainda menina, com seus olhos de graça e de luz. Vai, eu te abençoo meu filho adorado, porque um dia seremos todos e unos, só um amor repousado na eternidade...


Este texto está na coluna Campereada do Caderno Rural do Correio do Povo deste domingo 9 de maio. 

Paulo Ricardo Cuha Mendes nasceu em 24 de 12 de 1972 em Cacequi, na região central do Estado e viveu sua infância no município vizinho de Júlio de Castilhos, que muito antigamente se chamava Vila Rica, nome que o autor utiliza para situar seus textos.
Paulo Mendes é editor de Geral do Correio do Povo e atua como colunista do mesmo jornal. É autor dos Livros "Campereadas", "Campereadas 2" e "Um Bardo Desgarrado", este último sobre a obra do escritor Aureliano de Figueiredo Pinto.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

TROCADILHANDO COM O WHATSAPP

Quem me conhece sabe que sou fissurado em trocadilhos. Para mim, não há limites geográficos ou de idioma. Agora, por exemplo, estou pegando como gancho, o gancho que o WhatsApp levou, por 72 horas, aplicado por um juiz de Sergipe e que vale para todo o país. 
Whats up, Doc? (O que que há, velhinho?)
Pensando nisso, eu me lembrei da origem do nome WhatsApp, que nada mais é do que um trocadilho dos norte-americanos. Sei que muita gente conhece, mas há também quem ainda não se tocou. É o seguinte: em inglês há uma expressão, whats up? que na pronúncia dá "whatsap" e significa, em tradução livre, "O que há de novo?" "O que é que há" " O que que há, velhinho? (bordão do Pernalonga, em inglês Whats up, Doc." "Qual é a boa?" Daí, para esse aplicativo de bate papo, juntaram o Whats com o App, que é uma redução de Applicative. E deu WhatsApp. Que tal?