sábado, 24 de novembro de 2012

MINHA HOMENAGEM E RESPEITO AO 20 DE NOVEMBRO

A data de 20 de novembro passou e, por absoluta falta de tempo, nada postei sobre Consciência Negra aqui no blog. Faço esse registro dois dias depois de Joaquim Barbosa, filho de um pedreiro com uma lavadeira, ter sido o primeiro negro a assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte de Justiça do país. Trata-se de um marco histórico e importante para a autoestima de um povo que foi vítima de um dos dois maiores crimes cometidos contra a humanidade no mundo. O outro foi o massacre de judeus, ciganos, homossexuais e outras minorias durante a Segunda Grande Guerra.
Não vou entrar em detalhes políticos, nem filosóficos. Vou lembrar de Zumbi dos Palmares, como um símbolo da luta contra a opressão de um povo vilipendiado a partir da cor de sua pele. Vou lembrar de Antônio Cândido não apenas como um herói da raça negra, mas um homem que lutou contra a exploração dolorosa dos menos favorecidos, sejam eles negros, índios, amarelos ou brancos. O gaúcho João Cândido Felisberto, o Almirante Negro, (1880-1969), natural de Encruzilhada do Sul, com sua luta modificou a história e acabou com os castigos corporais que eram infligidos aos seus companheiros marinheiros.
 Considero importante relembrar o que o povo negro sofreu para que o preconceito racial seja extinto da face da terra. Que ninguém seja discriminado em função da pele que ostenta nem por qualquer outro motivo. Para marcar  este 20 de novembro, busquei no Youtube a música Leilão, que retrata um pouco do sofrimento do povo negro. Leilão, composta em 1930, é de autoria de Heckel Tavares e Joracy Camargo. Abaixo, vídeo de parte do programa Ensaio da TV Cultura, de 16/6/2012 com os músicos Paulo Freire (viola), Paulo Braga (piano) e Ana Salvagni (voz)
 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

RECULUTA DE POSTS RECENTES NO FACEBOOK

Enigma no capitalismo selvagem
Me dê cifra, ou eu te devoro.
Decifrando: ou tu atinges a meta, ou eu te demito.

Reflexões durante a caminhada
Nem bem começo a andar e já borbulham na mente frases, piadas, poesias. São como bolhas coloridas de sabão. Se não as anoto, em pouco tempo já se desfazem, para tristeza ou felicidade dos que ocasionalmente me leem.

Comparação das citações antigas com a atualidade:
"Não concordo com uma só palavra que dizes, mas defenderei, até à morte, o direito que tens de dizê-la" (Voltaire - 1694/1778) "Até concordo com o que dizes, mas, como não és do meu partido, farei tudo o que puder para que não o digas" (pensamento de alguns políticos atuais)

Três reflexões sobre o erro
· Quando se faz algo na correria, a chance de sair algo errado é muito alta. A não ser que se trate de prova automobilística ou carreira no prado, disputa de atletismo.
* Apreende-se com o erro próprio e com os equívocos e acertos dos outros e nada com o acerto próprio. Se fez direito, é porque já sabe.
* Impressionam-me as pessoas que conseguem admitir erros e pedir desculpas com sinceridade. Isso é uma das coisas mais difíceis de se fazer. Tenho dó de quem percebe que fez uma injustiça com alguém e não repara.

Cotejando ditados antigos:
De noite, todo gato é pardo. Para os racistas, de noite, todo pardo é gato...

Reflexões sobre o linguajar
* Quem usa palavrão no lugar do nome das coisas ou sofre da Síndrome de Tourrette ou é falta de vocabulário mesmo. Ou as duas coisas.
* Quem utiliza a expressão 'coisa' para se referir a determinado objeto ou usa frequentemente o verbo "coisar" ou está com indícios de Alzheimer ou é falta de vocabulário mesmo.

Reflexões sobre uma sociedade injusta
* Rico só vai para a cadeia quando contraria interesses de alguém mais rico e poderoso do que ele. E, ainda assim, por pouco tempo.

* Justiça só para os amigos tem outro nome; é corporativismo. Justiça somente para si é egocentrismo. Justiça tem que ser para todos ou não é justiça.

Obs: Para matar a curiosidade, aí vai o significado de reculuta, conforme os dicionários informais: "É a busca de um animal que se desgarrou de uma tropa, é o resgate de alguma coisa que se perdeu para trazê-la de volta à situação inicial."


 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

DUAS VERSÕES PARA UMA MESMA HISTÓRIA


Nesta semana, alguém me contou uma história para exemplicar que as pessoas sempre encontram soluções diante de dificuldades. Depois de ouvir, resolvi postá-la aqui, ao mesmo tempo em que criei uma nova versão com um final diferente. Eis a primeira:

Vaquinha do neto Raphael e fonte de água renovável (presente da filha Cristina)
       Família era sustentada por uma vaquinha
Um economista, com mestrado e preparando tese de doutorado, pouco depois de ler vários livros, convidou um amigo e viajaram para o Interior. Ao chegar a um lugar afastado, inventaram um defeito mecânico no carro e pediram ajuda em uma pequena propriedade. O dono da casa os convidou para almoçar, disse que a refeição era simples, mas que era um prazer tê-los ali.
 O economista observou a simplicidade da casa, a falta de pintura, a comida escassa. Curioso, perguntou como faziam para sobreviver e ouviu o relato do dono da casa:
- Temos uma vaquinha, que dá 20 litros de leite por dia. Somos eu, a mulher e quatro filhos. O leite que sobra a gente vende para vizinhos, que também compram o queijo que fazemos. Com o dinheiro, compramos farinha e fermento para o pão.Temos uma hortinha que nos dá mais alimentos. Não temos muito, mas vamos vivendo.
 Pouco depois de se despedirem, na subida do morro, viram a vaquinha. O economista desceu do carro e empurrou o animal penhasco abaixo. O colega perguntou:
- Por que tu fizeste isso?
- Depois tu vais entender – respondeu.
Três meses depois, os dois voltaram à propriedade. Na chegada, viram que a cerca e a casa estavam pintadas, havia cadeiras novas e ouviram um som que vinha da televisão.
- O que aconteceu - perguntou o economista?
- Nossa vaquinha caiu de um penhasco e morreu. Sem ela, tivemos que nos virar. Todos nós começamos a trabalhar, com o dinheiro investimos para melhorar nossa horta, compramos mais animais e agora estamos com uma condição de vida melhor.
O economista sorriu e anotou dados para a sua tese, definindo que as dificuldades fazem as pessoas se movimentarem em busca de soluções.
E agora, a versão que criei sobre o caso:
        Família era sustentada por uma vaquinha
Estressado com problemas conjugais e perdas ocasionais nos lucros, um empresário decidiu esfriar uma cabeça com uma viagem para o centro do país. Queria um lugar afastado, bucólico, para pensar sobre seus problemas em paz. Levado pelo motorista, chegou a uma pequena propriedade, disse que o carro havia enguiçado e foi convidado pelo dono da casa para almoçar. Viu que a casa não estava pintada, a comida era bem simples e quis saber como eles viviam:
- Temos uma vaquinha, que dá 20 litros de leite por dia. Esse leite é suficiente para mim, para mulher e os quatro filhos. O que sobra a gente vende para os vizinhos ou faz queijo e vende para comprar farinha e fermento, como qual fazemos pão. Temos uma hortinha que nos dá mais alimentos. Não temos muito, mas somos felizes.
- Vocês não têm ambições maiores, como comprar televisão, reformar a casa, comprar carro, viajar, usar roupas de grife?
O dono da casa respondeu:
- Gostamos da vida simples que levamos. De vez em quando, visitamos parentes na cidade mais próxima ou eles vêm nos visitar. Um dia ganhamos uma televisão nova de um turista a quem abrigamos. Um mês depois, vendemos o aparelho. É que ela estava nos transformando, insistindo para que comprássemos o que não precisávamos, não estava fazendo bem para as crianças. Com o dinheiro dela, compramos sementes e equipamentos agrícolas e seguimos nossa vida. Os dois filhos que ainda estão estudando caminham bastante para ir à escola, mas somos muito felizes. É gostamos muito da vaquinha. É ela que nos permite viver assim.
 Pouco depois de se despedirem, na subida do morro, viram a vaquinha. O rico empresário desceu do carro e empurrou o animal penhasco abaixo. O motorista perguntou:
- Por que o senhor fez isso?
- Depois tu vais entender – respondeu.
Três meses depois, os dois voltaram à propriedade. Na chegada,viram a casa fechada, com o mato tomando conta. Do galpão, desolado, veio o dono da casa.
- O que aconteceu? – perguntou o rico empresário.
O dono da casa relatou:
- Nossa vaquinha caiu de um penhasco e morreu. Sem ela, ficamos sem alimento e sem dinheiro. A família tentou uma saída, mas logo começaram os desentendimentos. Minha mulher e eu começamos a nos desentender. Os três filhos maiores foram para cidade em busca de um emprego. Sem sucesso e tentando nos ajudar a conseguir comida, um deles foi preso por furto em uma casa. Outro acabou se enforcando, e o mais novo viciou-se em crack e foi internado. A mulher se desgostou e foi embora com o caçula. E minha vida se transformou nisso.
Então o empresário fez uma oferta em dinheiro bem abaixo do mercado e comprou a propriedade do homem, que foi embora para a cidade. Hoje ele engrossa o cinturão de miséria na periferia da cidade, vive em uma vila clandestina, catando latinhas e morando em um casebre onde chove dentro o mesmo que chove fora.
Moral das histórias: cada cabeça que lê esses textos certamente terá uma interpretação conforme sua própria vivência e conhecimento.