quinta-feira, 29 de novembro de 2007

CONSELHO DE UM PAI ESTELIONATÁRIO AO FILHO

Guri, escuta bem o que eu vou te ensinar: procure sempre conviver com pessoas boas, de bom coração, honestas, verdadeiras, de bons caráteres.
- Por que papai?
- É que essas são mais fáceis de enganar.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

HOMENAGEM NO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Neste 20 de novembro, quero fazer aqui uma homenagem a um povo com um passado sofrido e que, ainda hoje, é vítima de preconceitos. Não considero que existam raças diferentes na face da Terra. Somos todos da raça humana. Existem grupos de pessoas com características diferentes. Por isso, não entendo nem aceito a discriminação contra nenhum povo, contra nenhum indivíduo. Não concordo com qualquer tese de superioridade de um povo sobre outro nem que diferenças de pele sejam parâmetro para segregar pessoas.
Por isso, neste 20 de setembro, consagrado pelo nascimento do lutador Zumbi, quero render um tributo a todos os negros. Para isso, parabenizo quem tenho mais proximidade, quatro colegas de trabalho, que primam pela tenacidade, pela alegria, pela luta e pelo grande caráter. São eles:

Luiz Armando Vaz, repórter fotográfico e comentarista de carnaval em programa de TV
Renato Dornelles, repórter, editor, colunista de Carnaval em jornal, apresentador de programa de rádio sobre Carnaval e pesquisador
Rosângela Carvalho, telefonista
João Roberto Assunção, repórter de Variedades

É preciso lembrar sempre sobre o grande crime cometido contra os negros e lutar para que o preconceito, de qualquer tipo, jamais persista, para que as gerações futuras não tenham os mesmos motivos para envergonhar do que foi feito no passado. Para isso, gostaria de reproduzir aqui uma poesia do meu conterrâneo Dimas Costa sobre a escravidão. (Não consegui achar o texto a tempo, então vou digitar de memória. Por isso, perdoem eventuais erros, que serão corrigidos, caso existirem, assim que puder encontrar o livro).

Os Olhos do Negrinho


Nos tempos que já vão longe
por culpa do Grão-Senhor,
o mundo era um carneador
assim na comparação.
Coberto de sangue rubro
vestido do corpo vivo
do negro, pobre cativo
nas garras da escravidão.

Vinham barcos de além-mar
galopeando pelas águas
trazendo dores e mágoas
no seu bojo infecto e imundo.
E despejavam nos campos
dos potreiros do Brasil
que se fez também covil
do maior crime do mundo.

Nosso pampa, por desgraça
foi cúmplice desse crime.
Hoje, no então, se redime
da culpa dessa maldade,
abrindo a todas as raças
todas as porteiras do pago
que cultiva, com afago,
a mais pura liberdade.

Mas foi nesse triste tempo
que nasceu o Benedito.
Um pobre escravo, um negrito,
que morreu ainda na infância.
Nasceu não, veio ao mundo
como um traste sem valor.
Foi crescendo e ficou sendo
o mandalete da estância.
O pobre do Benedito era
pau pra toda obra.
Mais ruim que carne de cobra
era para ele o senhor.
– Benedito, busca água
– Benedito espanta o gado.
– Benedito, desgraçado,
negro ordinário, estupor.
E logo o relho cantava,
e o Benedito gemia.
Apanhava e não sabia
por que razão, o coitado.
E ficava ali, parado,
fitando o senhor, sestroso,
os olhos grandes, tremendo,
meio choroso, calado.
– Benedito, fecha os olhos.
Não me olhes desse jeito.
O temor e o respeito
deixavam o senhor aflito.
Pois no fundo desse olhar
havia um triste segredo
e o senhor já tinha medo
dos olhos do Benedito.

Benedito, fecha os olhos
fecha os olhos, Benedito!

E à noite, quando o negrinho
depois que a lida findava
corpo moído se deitava
no chão duro da senzala.
A lua vinha de manso
furar a palha do teto
e o menino, com afeto,
ficava rindo a fitá-la.
E abria ainda mais os olhos
como a beber o luar
que nunca o ouvir reclamar
por ele o mirar assim.
E feliz por um momento
o menino tão pequeno
fechava os olhos, sereno,
e adormecia por fim.

– Benedito fecha os olhos
desvia, negro, esse olhar.
Pois hoje tu vais fechar
para sempre, o desgraçado.
E o monstro humano bateu
no menino sem cessar
até o pobre tombar
aos seus pés ensangüentado.
E o olhar do Benedito
mais e mais se escancarava
e louco, o senhor gritava:
Fecha os olhos Benedito.
E o relho vinha de novo
lanhar o corpo flaquito.
Benedito fecha os olhos,
fecha os olhos, Benedito.

Até que um breve silêncio
susteve o braço assassino
pois a alma do menino
escravo da negra sorte
fugiu por fim já cansada
de tanto o corpo apanhar
e feliz, foi se entregar
aos braços livres da morte.

E o olhar do Benedito nem
assim não se fechou.
Morto embora ali ficou
mais e mais escancarado.
E o senhor ao ver aquilo
perdeu a luz da consciência
e se arrojou na demência
a gritar desesperado:
– Benedito fecha os olhos,
fecha os olhos, Benedito!

E o olhar do Benedito
ficou grudado no céu.
Uma noite, por entre o véu
da grandeza do infinito,
um par de estrelas surgiu
a brilhar fitando o mundo.
Tinha um mirar tão profundo
como os olhos do negrito.
E hoje que ainda existe
na consciência universal
a eterna nódoa do mal
daquele crime maldito,
quanto homem ainda há
que, ao ver o par de estrelas brilhar,
não tem ganas de gritar:
– Fecha os olhos, Benedito!

sábado, 17 de novembro de 2007

GARIMPAGEM NA FEIRA DO LIVRO

Embora a Feira do Livro seja realizada a menos de quatro quadras da minha casa, nem assim tive tempo para poder saboreá-la com calma. Para não dizer que a ignorei, passei um dia por lá, no sábado. Chovia, como sempre. Pra não dizer que não adquiri nada, comprei um livrinho. É pequeno no formato, mas imenso em conteúdo. Além disso, baratinho porque não costumo investir em livro. Tenho cá meus motivos. Caminhando entre as barracas rapidamente, conferindo balaios, deparei-me com algo que vinha pesquisando na Internet: palavras nas línguas tupi e guarani.

Tão logo paguei os cinco reais, já comecei a abrir o livro de bolso "Palavras Indígenas no Linguajar Brasileiro". Uma preciosidade. Lendo, consigo entender muitas palavras do português que eu não fazia a menor ideia de onde sugiram.

Um exemplo é o vocábulo nenê. Leiam o que diz o livro escrito por Mário Arnaud Sampaio, editora Sagra-D.C. Luzatto, Porto Alegre, 1995:

"Nenê (do guarani). Não é ne-nem. É nê-nê. A literação dá a idéia de bastante, muito. Dá também a ideia de plural. A história do nenê. Começou com o prear de índios que serviram de escravos, condição que eles nunca aceitaram. Foram sempre rebeldes até o dia que podiam fugir. Acontece que as senhoras brancas tinham suas escravas índias. Essas não faziam muita questão de aprender a língua dos brancos. Os homens aprendiam. Daí serviam como amas ou cuidadoras de crianças. Tudo ia muito bem até que a criança fazia das suas...necessidades e ficava malcheirosa. A índia simplesmente a levava até a sua patroa e dizia "nê, nê". A patroa achava graça do dito da índia e tomava a criança para trocar as fraldas. Pelo costume das índias dizerem (não chamarem) nê-nê, ficaram as crianças com o apelido de nenê, como se fosse coisa bonita. Nunca pensaram em saber o verdadeiro significado da palavra.
Até hoje, ninguém liga para isto, nem sabe de onde veio tal palavra. É até apelido que muita gente acha bonito. Nenê. Lembre-se do jaguané, que é zorrilho e significa mais ou menos "cachorro fedorento".

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

CONHECENDO O FOGO


Atualizado em 13/6/2011






Você sabia que um botijão de 13 quilos não explode, mesmo no fogo?
Eu também não sabia até fazer o curso de brigadista de incêndio promovido pela RBS e pelo Corpo de Bombeiros de Porto Alegre. Na semana passada, em quatro dias, apreendi uma série de coisas importantes como os diversos tipos de incêndio que existem e que extintores usar.
Muita gente acha que, em um foco de incêndio é só pegar o extintor que estiver mais perto e acioná-lo. É preciso cuidado e ciência. Em fogo iniciado em aparelhos elétricos energizados, nunca utilize água: você pode acabar morrendo com um choque elétrico. É necessário utilizar extintores de pó químico ou de C02, mais conhecido como gás carbono.
Além dos ensinamentos teóricos, fizemos exercícios desde como realizar os primeiros socorros até promover a saída rápida e segura de locais de incêndios. Entramos em salas escuras e com fumaça, apreendemos a carregar feridos em maca, realizamos descidas em rapel e em tirolesa, aprendemos a manejar extintores e mangueiras. O mais importante foi desenvolver um método de enfrentar situações de emergência sem nos deixar levar pelo nervosismo e pelo medo.
Ah, não acreditou nesse história de que botijão de 13 quilos não explode, é? Vou explicar então. Os bujões de 13 quilos possuem uma válvula de segurança que fica ao lado da válvula por onde sai o gás para o fogão. Essa válvula é bloqueada a mesmos que o ambiente apresente uma temperatura de 70 graus centígrados. Nesse limite, a válvula se derrete e deixa sair o gás do butijão, aliaviando a pressão e impedindo que exploda.
Por isso, se na sua casa houver um vazamento na mangueirinha por exemplo, e estiver pegando fogo, não saia correndo achando que o botijão vai explodir. Simplesmente deslige a chave do registro. Se queimou o registro e o gás está queimando diretamente na saída do botijão, basta tapar o orifício com o dedo (aquela chama azul não queima) e o fogo irá se apagar pela ausência de oxigênio que permite a propagação das chamas. Aí é só manter o orifício do botijão fechado, porque o gás continuará saindo, e levá-lo para um lugar aberto.
A dica mais importante no caso de haver escapamento de gás em uma casa é não mexer no interruptor de luz. Se estiver ligado, deixe ligado, se estiver desligado, não acenda a luz. Pode haver gás do botijão acumulado na peça, e uma faísca no interruptor fará o local explodir.


Em tempo: com o liquinho não vale a mesma coisa. Ele explode mesmo, porque não tem a tal válvula de segurança.
Atualizando: em 2011, em Porto Alegre, o botijão de 5kg, o liquinho, por não ter essa válvula, foi probido de ser fabricado e de ser usado.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

HOMENAGEM NO DIA DE FINADOS

Todos os dias, em algum momento, penso nas pessoas com as quais convivia e que mudaram de plano espiritual, deixando-me carente de suas idéias, de seus sorrisos, de suas atitudes. Lembro desde meus pais, Walter e Ítala, passando pelo meu cunhado José Luiz Pradier e o filho dele, Luís Augusto Nunes Pradier, o Guto, até outros parentes, amigos, ex-colegas e conhecidos. Neste Dia de Finados, rendo a minha homenagem a todos esses que foram retirados do meu convívio e agradeço pelas alegrias que me deram, pelo apoio que sempre tive.
Não sei exatamente o que acontece depois da morte nem se existe alguém comandando o destino de cada um. Na falta de provas cabais, fico com o que aprendi com meus pais, com o que li, com o que deduzo em meio a tantas informações e desinformações. Se existe um outro mundo, uma outra dimensão, ou algo parecido, eu sei que todos eles estão felizes e olhando por mim e por meus familiares.
Aproveito este dia para relatar o que personagens conhecidas da história universal disseram, pouco antes de deixar a Terra:


ÚLTIMAS PALAVRAS

Júlio César, líder romano, assassinado à saída do senado, em 44 a.C: " Tu quoque, Brutus, file me!" ("Até tu, Brutus, meu filho!)."


Ludwig Von Beethoven, músico alemão, que morreu de pneumonia e surdo, em 26 de março de 1827: "É tarde, já não posso ouvir!"


Auguste Comte, filósofo francês, criador do Positivismo, morto em 5 de setembro de 1895: "Que perda irreparável!


Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, militar líder da Insurreição Mineira, enforcado em 21 de abril de 1792: "Cumpri com a minha palavra. Morro com a liberdade."


Manoel Maria Barbosa Du Bocage, escritor português, morto por aneurisma em 21 de setembro de 1805: "Rasga meus versos, crê na Eternidade!"


Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, morto em 8 de maio de 1880: "A morte é o descanso do guerreiro!


Lucius Domitius Aheobarvbs, o imperador romano Nero, que se suicidou, enquanto tocava harpa, após pôr fogo em Roma, em 9 de junho do ano de 68 d.C: "Que artista o mundo vai perder!"


Johan Goethe, escritor e filósofo alemão, morto em 22 de março de 1834: "Luz, mais luz!"


Júlio Prates de Castilhos, presidente do Estado do Rio Grande do Sul de 1893 a 1899, morto durante operação de câncer na garganta em 24/10/1903. Ao ouvir de seu médico, Protásio Alves o estímulo "Coragem, Júlio", respondeu: "Coragem não me falta. O que me falta é o ar".


Christian Samuel Frederico Hahnemann, o criador da Homeopatia, natural de Meissen, na Saxônia, atual estado no norte da Alemanha, desencarnado em 2 de julho de 1843: "Digam aos farmacêuticos de minha terra que Hahnemann nunca foi charlatão."


Franz Liszt, músico austríaco, disse, pouco antes de morrer em 31 de julho de 1886: Adeus, meu piano adorado!


Wilhelm Richard Wagner, pianista alemão morto em 23 de fewvereiro de 1883, vítima de ataque cardíaco ao acabar de tocar a ópera Ouro do Reno, em Veneza: "No céu, ainda poderei compor as minhas músicas.


Marechal Floriano Vieira Peixoto, segundo presidente do Brasil, natural de Maceió, Alagoas, morreu em 29 de junho de 1895, em Divisa (RJ), atual município de Floriano: Que infelicidade!