domingo, 27 de janeiro de 2013

ANALISANDO O INCÊNDIO DE SANTA MARIA À LUZ DE DITADO ANTIGO


Porta arrombada, tranca de ferro – Criado para lembrar que as pessoas esperam as tragédias para tomar medidas preventivas, esse adágio popular não é entendido nos tempos atuais. É incompreensível que novos fatos ocorram pelos mesmos motivos, pelos mesmos erros, pelas mesmas irresponsabilidades, pelas mesmas inconsequências. Não serviu para nada o trágico incêndio na boate argentina de 2004, as lembranças dos frequentadores morrendo queimados, asfixiados ou  pisoteados. De nada adiantaram as críticas às condições de segurança da boate argentina, à inexistência de saídas de emergências compatíveis com o grande número de clientes e à falta de uma sinalização adequada, e ao comportamento dos agentes de segurança.
 Mas porta arrombada sem tranca posterior não fica apenas na questão dos incêndios. Outras tragédias como roubos e assassinatos também costumam chocar familiares, ser manchete na imprensa, mobilizar políticos que prometem soluções. Mas a realidade é que os criminosos continuam soltos por não serem presos ou por voltarem às ruas com autorização judicial, restando às pessoas colocarem grades, cercas eletrônicas e alguns até adquirirem armas achando que isso os protegerá.
  Sobre a tragédia de Santa Maria, muita coisa vai ser falada, muitas medidas  serão debatidas e prometidas, mas pouca gente vai se preocupar com as liberações indevidas de condições de boates em todo canto ou de qualquer outro evento que reúna muita gente. O que me resta é a minha solidariedade às famílias dos que morreram e dos que, de uma forma ou outra, foram atingidos por mais uma tragédia repetida.

sábado, 26 de janeiro de 2013

MAIS HISTÓRIAS DE AMIGOMEU


Amigomeu é muito tosco. Mas eu gosto dele. Tem um coração enorme e um cérebro pequeno. Sem fazer qualquer tipo de bulliyng, divirto-me muito. Principalmente quando ele ouve uma piada e tenta repetir. Pode ter certeza de que ele vai interrompê-la para rir. Ou então, mistura uma história com outra ou fala como é o final antes de começar a contar. Amigomeu é muito engraçado. Um dia, coloquei minha mão no ombro dele e perguntei: “Qual  a diferença entre o leão e o veado? Não sei, disse. “É que o leão não deixa ninguém botar a mão no ombro dele”. Ele riu pra caramba e se preparou para passar a pegadinha adiante. No final do dia, ao me reencontrar, ele se esqueceu, colocou a mão no meu ombro e perguntou: “Qual a diferença entre o leão e o veado”. Ele se preparava para dizer a segunda fala quando se surpreendeu com a minha resposta: “É que o leão não fica botando a mão no ombro dos outros”.
      Amigomeu é uma figura. Ele tem um monte de amigos no Facebook e gosta de contestar tudo o que os outros escrevem. Principalmente se é alguma frase de autoajuda. Adora dar uma opinião diferente, mas sempre se quebra. Outro dia, alguém postou algo sobre cabeludos e carecas. Amigomeu, que tem uma progressiva deficiência capilar, foi logo postando que “é dos carecas que elas gostam mais”,  relacionou calvície com inteligência, embora de uma forma  simples, é claro. E quanto alguém brincou meio pesado com os carecas, ele se saiu com essa:  “Se cabelo fosse importante, o leão seria o rei dos animais”. Eu não quis nem ver como se seguiu aquele diálogo lá naquele post.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

AMIGOMEU RECEBEU NOME EM HOMENAGEM A UM AMIGO DO PAI DELE

Quinze dias depois que Amigomeu nasceu, o pai dele montou a cavalo e se foi para o povoado para registrar o filho. Chegou ao cartório e disse ao escrivão que desejava pôr um nome na criança que homenageasse  um amigo dele, do pai, não do escrivão. Do pai de Amigomeu, não do pai do pai de Amigomeu. O funcionário perguntou qual era o nome pelo qual o piá deveria ser chamado. O pai de Amigomeu era tão ou mais tosco do que ele, Amigomeu, viria a ser. Olhou para o escrivão, tossiu, olhou para cima e nada de lembrar como era o nome daquele amigo que ele tanto admirava. Lembrou-se de todos os conhecidos, mas o nome não vinha.  Estava na ponta da língua, mas não saltava. Lembrou-se até os nomes dos cachorros que tinha: o Rex, o Sansão, o Lobo e até o Zé Tiquinho. Recordou o nome dos bois, Manhoso, Pintado, Delegado, nada. 
     O escrivão, impaciente, perguntou se ele tinha certeza de que queria homenagear esse amigo se nem o nome dele lembrava. Ele argumentou que ultimamente vinha tendo uns esquecimentos, mas insistia na homenagem a uma pessoa tão direita, tão distinta, a quem toda família tinha um grande apreço.
     Tanto foi e tanto não foi que o pai finalmente resolveu a questão. Já que sua memória não ajudava, ele iria homenagear o amigo de qualquer forma. Mandou o escrivão tacar ali na certidão: Amigomeu Silva da Silva. E ponto final.

ARMADILHAS PARA MOSQUITOS PARTE 2

Dezessete dias após a instalação da armadilha para mosquitos, à qual me referi aqui no blog, apresento as primeiras dezenas de vítimas. Atraídas pela água parada com alimento específico para larvas, fêmeas de mosquitos puseram ovos. Com a complementação de água na garrafa, os ovos viraram pequenas larvas que passaram pela telinha de tule e se dirigiram vorazes ao fundo do recipiente, onde deixei alpiste esmagado. Nesta sexta-feira, as larvas já estavam em tamanho mais facilmente visível. Maiores agora do que a tela pela qual passaram, as larvas não conseguem voltar. Agora, vão se transformar em pupas e depois em mosquitos, que, igualmente não poderão alcançar a liberdade e a vida. Quando virarem insetos adultos, poderei saber se são mosquitos da dengue (aedes egipty) ou mosquitos comum (cúlex). Tudo indica que são comuns. Com a armadilha, diminuirá em muito a quantidade de mosquitos por aqui sem a necessidade do uso de inseticida, que acabaria com outros insetos que são alimentos de pássaros e de outros animais da natureza. Mais detalhes sobre a armadilha de mosquitos podem ser vistos aqui, na postagem do dia 8 de janeiro.

Depois de se alimentarem, as larvas crescem e não conseguem sair pela tela
As larvas comem micro-organismos,viram mosquito e morrem na garrafa

 
Larvas cresceram, vão virar mosquito que não sobreviverão
 
 





quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

DESCONSTRUINDO EXPRESSÕES E DITADOS ANTIGOS

* O pior cego é o que não quer ver. Não existe esse negócio de pior cego. O que existe são pessoas com maior ou menor deficiência. Isso de falar pior cego não é politicamente incorreto, é semanticamente errado. O preconceito está na intenção da fala ou da escrita e não exatamente na palavra. Mas há algumas em que não tem como não perceber o tom pejorativo, como cegueta, ou de pena, ceguinho. Na minha opinião, cego e deficiente visual são termos sinônimos e não há por que não serem usados. Posto isto aqui com minha admiração e afeto por Patrícia da Rosa, cega e assessora de políticas públicas para pessoas com deficiência, de Gravataí, minha amiga também no Facebook.

*Passar por baixo de escada dá azar. A expressão surgiu certamente por causa dos pedreiros e pintores que eram descuidados em seu trabalho. Muita gente achou que era azar ser atingido por tinta ou cimento caídos lá de cima. Para evitar isso, criou-se a expressão dizendo que dá azar. Eu não concordo com isso. Não sou supersticioso porque tenho convicção de que ter qualquer tipo de superstição dá um baita de um azar.
 
* A ocasião faz o ladrão. O autor desse dito popular certamente foi um ladrão interessado em racionalizar seu comportamento egoísta e totalmente sem ética. A ocasião apenas facilita o trabalho do ladrão. Não é o distraído o culpado pelos crimes que sofre, mas aquele que está sempre pronto para se apossar do que não é dele. O criador desse adágio tão repetido deve ser o mesmo das expressões “achado não é roubado” ou ‘”dinheiro não tem marca”, usado por quem torce para não descobrir quem perdeu e muito menos as circunstâncias.  A necessidade de tomar o que é do outro, e não a ocasião, é o resultado de aventureiros que se apossam de terras alheias como as dos índios, por exemplo, e que não se preocupam com os reflexos dessa ambição na natureza. É dessa avidez por posse de algo, que resultam as infindáveis guerras, porque o homem é o outro do outro homem. Os mais poderosos é que determinam o que deve ser de quem. Sempre foi assim desde o início, lá nas cavernas, e lamento, mas sempre o será, ainda que o mundo hoje seja, no geral, muito mais humano do que já foi.

* Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe. O ditado foi criado para dar esperança. Mas milhões de escravos nasceram, viveram e morreram no cativeiro. Milhares de judeus foram presos, mantidos em campo de concentração e executados. Quanto tempo é durar?

Tanto a raposa vai ao moinho que um dia perde o focinho. No caso, o bicho acaba atingido um dia pela asa do moinho de vento ou por uma armadilha. O adágio foi criado para lembrar que alguém tanto repete um erro que acaba sendo pego e castigado. Ledo engano. Nos tempos de hoje, tanto um ladrão assalta um mercado que um dia o mercado fecha, ou pela falência ou pelo assassinato do dono. 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

RELATOS NO FACEBOOK DAS AVENTURAS DO MEU PEQUENO CHEFE

Reizinho Raphael está no trono, pensando na vida
Esse carinha aí da foto é uma figurinha. Com dois anos e meio, nem sabe falar direito ainda é já é um mandãozinho. Deve ser um pinguinho do sangue de bajeense. Pois outro dia eu estava varrendo a garagem e ele falou com seu tom de chefezinho: Vô, varre embaixo do carro, vô! Tô bem arrumado.

Identificando as roupas no varal
Na hora de estender a roupa, Raphael vai junto, observando tudo. A cada peça de roupa que eu coloco no varal, ele faz uma observação: "É da Isa (Luísa)", "Da mamãe", 'Do vovô", "Do Ciano (Luciano), "Do Aviano (Fabiano) "Da vovó". E, para comprovar uma partezinha do seu sangue alemão, troca o gênero: "Meu ueca" (Minha cueca). Acertou todas, menos uma peça, da mãe dele, de cor vermelha. Ele parou, pensou um pouquinho e respondeu: "É do Papai Niel". Esse guri me espanta!

Um mandãozinho de conta
 Depois de terminar o almoço, Raphael larga o pratinho dele dentro da pia junto com o copo de plástico amarelo. Decido lavar para não deixar acumular louça. Quando estou lavando o pratinho, ele me olha e determina. '"Depois o copo, vô!" Tô bem arrumado.

Quem tem neto não morre engasgado
Quando minha mãe repetia o ditado "Quem tem filho não morre engasgado" eu era pequeno e não entendia bem. Depois, com os meus filhos, tive mais ou menos uma ideia. Agora ficou tudo bem claro e estendido para "quem tem neto não morre engasgado. Nem bem eu me sento para jantar, e o Raphael vem correndo, pula pro meu colo e diz: "Vô, quero caine". Isso que ele já comeu o jantar dele. Depois de pegar uma lasca do meu bife, ele continua: "Quero mais caine, vô, e quero arroz." Tô bem arrumado.
“É vaca sim, vô”!
Mais uma miniaventura do meu pequeno chefe (certamente não é a última de 2012 porque temos algumas horas pela frente). Preparo-me para colocar os talheres na gaveta, e ele já vem com aquele jeito mandãozinho dele. A primeira observação, ao me ver colocando garfos, colheres e facas no lugar é: "Não é aí, vô". A seguir, mesmo sem saber falar corretamente, com as dificuldades normais dos seus dois anos e seis meses, começa a dizer os nomes dos talheres à medida que vou colocando na gaveta. "Toiér", "gafo" e 'vaca". Aí eu corrijo: "Não é vaca, Raphael, é faca!. Não, vô, é vaca". E eu explico: "Raphael, vaca é aquele animal que faz muuuu, isso é faca!. Ele nem dá bola para a minha tentativa de explicar e muito menos para a minha interpretação da vaquinha. E insiste: "É vaca, vô! Ai,ai,ai.

Diretor de limpeza
Acho que o meu pequeno chefe um dia vai ser diretor do DMLU ou de algum órgão similar, encarregado da limpeza da cidade. Pois ontem o carinha me chamou e foi logo dizendo: Cocô, vô!.
- Tu fizeste cocô na roupa, Raphael? perguntei.
Ele fez uma cara de descontentamento e tentou explicar na dificuldade dos seus dois anos e seis meses: Cocô do Bolt, vô. Foi então que entendi que ele estava me informando que o cachorro havia feito "uma obra" na grama do pátio. Como não dei muita bola, ele saiu e voltou com um saquinho plástico na mão. "Ó vô!. Não tive outra alternativa a não ser ir lá limpar. Esse meu chefinho é fogo!


sábado, 12 de janeiro de 2013

HISTÓRIA DO GAÚCHO GROSSO QUE ESTUDOU BALÊ

Amigo Meu é um cara meio tosco. Mas já foi bem mais tosco do que agora.  Nasceu no meio das macegas, na Região da Campanha, lá no interior de Bagé. Era mais grosso do que dedo destroncado, do que caxumba de elefante. Daí um dia decidiu vir para a Capital e passou a surpreender todo mundo com o seu alto nível de grossura. Perdeu uma namorada por causa disso. Os dois, tímidos, estavam sentados em um banco de praça, sem assunto, quando ela, romântica e poética, tentou um diálogo:
- Tu estás ouvindo que bonito o canto dos passarinhos?
Ele respondeu:
- Também, com o cu atopetado de pitanga, até eu.
 Foi aí que ele achou que tinha de fazer alguma coisa para diminuir a grossura. Um amigo dele sugeriu que fizesse balé. Ele ficou preocupado:
- Nem pensar. Eu assim vou me transformar num maricas.
  O outro argumentou que não havia como isso acontecer porque Amigo Meu era de Bagé e muito grosso mesmo. O máximo que poderia acontecer, com o balé, seria ele se tornar menos tosco, mais educado. Se fosse de uma outra cidade lá por perto até poderia ser que aviadasse.
   E então Amigo Meu se matriculou num curso de balé. Como tinha pressa de diminuir a grossura, estudou com afinco e aproveitou as folgas para treinar o que aprendera.  No primeiro fim de semana, se foi lá para o campo do Ramiro Souto, no Parque Farroupilha. Fez questão de praticar todos os passos de balé que aprendera: demi-pliê, sissone, ecarté e, metido, até tour en l'air. Mas o problema é que antes foi se exibir em um spacatto em pleno Parque da Redenção. Para quem não sabe, esse é aquele movimento em que o sujeito abre as pernas e vai até o chão. Pois Amigomeu, muito tosco, escorregou o pé e se distendeu todo, raspando tudo no areião. Resultado: rasgou a malha e teve gastar quase três bisnagas de Hipogloss.
   Isso não foi o pior. O fim do ano chegou, e Amigomeu foi passar o Natal e o ano-novo com os pais lá no interior de Bagé. Nas conversas, em meio a um chimarrão e outro, diante do fogo do churrasco, Amigomeu contou que estava fazendo balé. Pra quê? O pai dele, outro que era mais grosso que rolha de poço, levantou da mesa, pegou o mango que estava pendurado na parede e sapecou-lhe o lombo pra aprender. Enquanto a mãe chorava, o pai mandava colocar no fogo as malhas e a sapatilhas e nunca mais ninguém falar sobre o assunto. Até o velho morrer, Amigomeu nunca chegou nem perto de uma apresentação de balê. As aulas não foram suficientes para deixá-lo um gentleman, mas bem menos tosco do que era.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

ARMADILHA PARA MOSQUITOS

Encontrei na Internet uma armadilha de mosquitos que me pareceu um espetáculo tanto pela facilidade de fabricação quando pelo sentido ecológico. Além de não utilizar venenos, ainda ajuda na reciclagem de materiais.
     Minha ideia era promover uma campanha que englobasse escolas para expandir o combate ao mosquito para as comunidades. Cheguei a fazer um projeto para que, orientados por técnicos e professores, alunos construíssem as armadilhas. As garrafas plásticas seriam colocadas nas escolas e também nas casas dos estudantes, cobrindo assim todo um município. Mas não consegui. Então, fica aqui um apelo solitário com a esperança que mais gente faça o mesmo.

 Material para a confecção da armadilha
Uma garrafa pet de dois litros
Um pedacinho de tule (tecido usado para véu de noiva porém, mais fininho)
Um pedaço de lixa
Quatro a cinco grãos esmagados de alpiste ou arroz cru
Uma tesoura ou estilete para cortar a garrafa
Fita crepe, durex ou fita isolante


 Passo a passo para montar a armadilha
1)         Retire o anel de plástico do bico da garrafa e reserve.
2)         Corte a garrafa no sentido horizontal, com tesoura ou estilete, quatro ou cinco dedos a partir do meio da garrafa para cima. Reserve o cone formado pela parte de cima.
3)      Vede o bico da garrafa usando o anel de plástico para prender o tule.
4)         Lixe bem a parte interna do funil.
5)         Coloque o alpiste (ou arroz), esmagado, três e quatro grãos, no fundo do copo formado pela parte de baixo da garrafa. Pegue o funil e o encaixe no copo, com o bico do cone para baixo.
6)         Passe uma fita em volta da junção do funil com o copo para garantir que não haverá passagem entre os dois recipientes.
7)         Coloque água limpa, sem cloro (de preferência da chuva) até três dedos acima do bico do funil. Marque com uma caneta a linha da água.
8)         Deixe em um lugar de penumbra, que é normalmente preferido pelos mosquitos.
9)         Espere a água evaporar baixando do nível marcado a caneta. Complete com água até o nível.
10)     Espere alguns dias e já verá a presença de larvas no fundo da garrafa.

 DESENHOS AJUDAM A ENTENDER







Outras informações
* Os mosquitos têm um ciclo de vida em torno de 15 dias. Nesse período, os machos se acasalam com as fêmeas, produzem a fecundação dos óvulos e morrem. As fêmeas, após se acasalarem, picam humanos ou outros animais para obter energia, alimentando-se do sangue (só as fêmeas fazem isso. Os machos se alimentam da seiva das plantas). Em seguida, procuram um lugar para pôr os ovos já fecundados. Buscam água limpa, sem cloro, e parada, em local protegido, normalmente pontos escuros ou sombrios.

* A parte lixada da armadilha faz com que a água suba, por capilaridade, na parede da garrafa, aumentando a área líquida e ajudando na evaporação. A mosquita detecta isso, também “pressente” a presença de alimento (alpiste ou arroz esmagados) para as futuras larvas na garrafa e escolhe o local para depositar seus ovos. As larvas se alimentam dos micro-organismos existentes no alpiste ou arroz esmagados.
*Quando nova água é colocada na garrafa e atingem os óvulos, eles se desenvolvem, viram pequenas larvas que passam pela telinha e descem para se alimentar. Lá, tornam-se pupas e se transformam em mosquito. Ainda como larvas, tentam ir à superfície para respirar e não conseguem passar de volta pela tela porque se tornaram maiores. Viram mosquitos e morrem sem ter condições de ir à superfície.
* É importante deixar, para os mosquitos, apenas essa água no local, eliminando qualquer outra possibilidade, como pneus, vasos de plantas, qualquer coisa que armazene água, até mesmo uma tampinha de garrafa ou uma folha de planta. Nos vasos de flores, é importante cobrir a base com areia ou fazer um furo no fundo. Sem outro local para pôr seus ovos, as mosquitas irão colocá-los na armadilha.
* Na natureza, os mosquitos da dengue, Aedes egipti, põem ovos no solo úmido para um posterior alagamento ou milímetros acima do nível da água de um recipiente. Quando chove, o nível sobe, e a água entra em contato com os ovos, que eclodem em pouco mais de 30 minutos. Os demais põem os ovos na superfície da água. O Aedes também é vetor da febre amarela. Os ovos do Aedes podem ficar até um ano no seco. Se chover, ele então eclode e se transforma em larva.

* A fêmea do mosquito põe em torno de 400 ovos a cada vez.
* O mosquito da dengue tem voo baixo. Se estiver no teto da casa ou no segundo andar não é o aedes, mas provavelmente o cúlex, o mosquito comum.

* Para saber se a larva é do aedes, lance uma luz de uma lanterna contra ela. Se a larva fugir, é da dengue, porque esse mosquito não gosta de luz. Se não se mexer, é de mosquito comum. Depois que a larva vira mosquito, é mais fácil perceber se é ou não o causador da dengue pelas listras pretas que apresenta no corpo. Se for ele, informe as autoridades sanitárias sobre o foco.

As manchinhas brancas identificam o vilão da história

Se você localizar aqui alguma impropriedade, ou algo que possa se somar ao trabalho, não hesite em deixar um comentário para que possamos incrementar ainda mais este post.

Um abraço para todos. Menos para os mosquitos.

Créditos: Material pesquisado na Internet a partir da divulgação da Mosquitérica, criada pelo professor Maulori Cabral, da UFRJ. 
Ilustrações do site www.vidasustentável.net

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

OS NOMES CURIOSOS DAS OPERAÇÕES POLICIAIS

                                                                                               Atualizado em 10/05/2013
Minha curiosidade natural vem se dirigindo, já há algum tempo, para um fato pitoresco envolvendo as investigações policiais. Tenho me divertido muito com os nomes criados para as operações. Li, em alguns sites, que o motivo seria permitir que as apurações seguissem em sigilo.
   Tenho minhas dúvidas. Acho que está muito mais ligado ao marketing visando à publicação na imprensa e à diversão dos próprios policiais. Não sei quem foi o inventor disso, mas desconfio que seja alguém da Polícia Federal. O que mais chama atenção não é só o nome, mas a intrincada relação entre o nome e a natureza dos crimes investigados ou dos envolvidos. Não é apenas o batismo de um nome, mas uma relação que envolve, muitas vezes, mitologia, história, geografia e muitos outros elementos, até mesmo trocadilho.
  Ri muito com a Operação Gardê, realizada no final de 2012 pela Polícia Civil gaúcha em cooperação com a guarda municipal de Gravataí. Para se chegar à origem do termo, é preciso fazer uma grande volta, exigindo conhecimentos de xadrez e dos idiomas francês e inglês. Vejamos: gardê se origina do francês avan garde, que é a expressão usada no jogo de xadrez para definir a jogada na qual a rainha é colocada em uma situação sem saída, isto é, de xeque mate. No caso da operação de Gravataí, o principal procurado tinha o apelido de Queen que, em inglês, significa... rainha. Puxa! Quanta imaginação! Se essa inteligência toda está sendo usada da mesma forma para pegar criminosos, então estamos com uma polícia muito eficiente.
 Não tenho dúvidas de que esse estilo de dar nome estranho às operações policiais começou com a Polícia Federal. O nome que tenho como mais antigo é o da Operação Anaconda, deflagrada em 30 de outubro de 2003.

Veja nomes de operações com nomes pitorescos:
OPERAÇÃO ANACONDA – (2003) Foi resultado de um ano de investigações da Polícia Federal, que começou em Alagoas, permitindo a descoberta da sede em São Paulo, com ramificações no Pará e No Rio Grande do Sul. Escutas telefônicas teriam captado indícios de negociações ilícitas entre criminosos e membros do Judiciário. Envolvia vendas de sentenças. Doze pessoas foram denunciadas entre elas juízes e policiais. Anaconda é uma cobra também chamada de sucuri, que age lentamente, envolvendo a presa e a apertando-a até matá-la, quebrando-lhe os ossos. O nome deve ter sido escolhido no final, já que a operação durou um ano. Além disso, o nome se refere à intenção dos investigadores de quebrar a “espinha” dorsal do crime organizado.
 OPERAÇÃO RODIN – (2007) - O nome se deve ao fato de que a principal envolvida na fraude do Detran gaúcho que causou um prejuízo de 40 milhões ao Estado se chamava Pensant, de propriedade de José Fernandes. Le Pensant (O Pensador) é a principal obra do escultor francês August Rodin (1840). Por isso, os idealizadores de nomes de operações da Polícia Federal deram o nome à missão de Operação Rodin.

OPERAÇÃO SATIAGAHA – (2004) - Operação da Polícia Federal sobre desvio de dinheiro público, corrução e lavagem de dinheiro. O nome escolhido quer dizer, em indiano, firmeza na verdade ou caminho da verdade. Satiagraha foi o termo usado pelo pacifista Mahatma Gandhi em sua campanha pela liberdade da Índia. Curiosamente, essa operação envolveu-se em situações bastante embaraçosas.

OPERAÇÃO CONCUTARE - (2013) - Iniciada em junho de 2012, a Operação da Polícia Federal anunciada em 29 de abril de 2013 resultou no indiciamento de 24 pessoas por corrupção ativa, falsidade ideológica, entre outros crimes. Entre os acusados, foram presos os secretários do Meio Ambiente de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul. O nome Concutare deriva do latim e significa concussão, que por sua vez, é crime cometido por servidor público ou contra a administração pública, consumado pela exigência do funcionário de receber alguma vantagem indevida.  Foram investigados crimes ambientais, contra a administração pública e lavagem de dinheiro.