segunda-feira, 14 de setembro de 2020

VOCÊ SABE POR QUE CHAMAVAM POBRE DE PÉ-RAPADO

Você sabe o que é um pé-rapado e qual é a origem dessa expressão?
E já viu ou ouviu falar de um frade de pedra?

 
Escrevemos e falamos sobre aquilo que ja vims ouvimos. Com as mudanças nas nosvas,vamos conhecendo ou criando novas palavras e expressões. E vamos ponde de lado antigos termos por absoluta falta de uso.

 

   Pé-rapado era chamado o integrante mais despossuído da sociedade brasileira na época colonial, império, início da República. Às vezes, o termo é pronunciado nos tempos atuais sem que saibam a origem do nome mas sim o significado: muito pobre, miserável.
 A origem do termo está ligada exatamente às desigualdades. No século 17,, as cidades e vilas não eram dotadas de calçamento. Para evitar que pessoas com os pés embarrados entrassem nas igrejas, repartições públicas e até residências, foram instaladas, na entrada, um equipamento de ferro, nos quais os que chegavam raspavam seus sapatos ou, no caso dos mais pobres, os seus pés. 
     O nome pé-rapado foi atribuído exatamente aos despossuídos, já que os ricos não utilizavam o equipamento por chegarem em carruagens. Do veículo até à porta eram  transportados em liteiras. Outros utilizavam  carroças, cavalos ou burros.
Não se sabe exatamente como e quando o termo começou a ser utilizado. Na metade do século XVII, o poeta Gregório de Matos fez um poema dedicado a uma baiana que lhe havia pedido um cruzado para mandar consertar os sapatos:

"Se tens o cruzado, Anica,
Manda tirar os sapatos,
E senão lembra-te o tempo
Que andaste de pé rapado."

                   Frade de pedra

        Esse é outro nome que já ficou esquecido.  É da mesma época do pé-rapado. Também era um equipamento instalado diante de estabelecimentos comerciais e repartições públicas mas com objetivo diferente. O equipamento em forma de cilindro, fabricado em pedra ou granito, era usado inicialmente para estacionar os cavalos. A ponta da rédea era amarrada na parte superior dos pilares. Por terem uma forma cilíndrica e parecida com um frei da ordem dos capuchinhos, aqueles padres que usavam capuzes, foram chamados de frades de pedra.
  Uma outra função dos frades de pedra era impedir a passagem de veículos. Essa utilidade foi a única que restou com a modificação da sociedade após  o desaparecimento dos cavalos das cenas urbanas. Hoje, em pedra, cimento ou de ferro, são usadas para impedir que automóveis avancem sobre as calçadas. Mas o nome, frade de pedra, desapareceu. Ficou restrito aos livros antigos e à memória de pessoas com bastante idade.



sábado, 12 de setembro de 2020

DICAS SOLTAS DE PORTUGUÊS

  Os verbos fazer e ter, no sentido de existir, de fazer tempo, são impessoais, ou seja, não vão para o plural, assim como o haver no sentido de existir. Já o verbo existir é regular e flexiona o plural normalmente. 


Exemplos para entender melhor: 

 Faz um ano que vivo aqui. Faz dois anos que vivo aqui. (É o tempo que faz não os anos.)

 Tem uma coisa que não consigo entender. Tem coisas que realmente não consigo entender. 

Há uma coisa me preocupando no momento. Há coisas que sempre me despertaram a atenção.

 Houve muitos erros no governo. 

Houveram é erro feio de Português

Havia cadáveres no mato. 

Existem mais mistérios entre o céu e a Terra do que sonha a nossa vã filosofia. (Shakespeare)

PATROCINADO PELA INSÔNIA

    Sou vidrado na origem das palavras e dos ditados. Hoje pensei em "A curiosidade matou um gato". Não consegui descobrir ainda de onde saiu esse adágio, que tenho lido e ouvido com frequência, posto que sou a segunda pessoa mais curiosa do mundo. Como não achei a origem desse ditado, inventei uma historinha para justificar outro brocardo parecido, também ficcional: "A curiosidade matou a fome de um gato". Num velho galpão, no Interior, um felino foi deixado preso, sem comida. Desesperado, pôs-se à caça pelos cantos em busca de alimento. Qualquer coisa cairia bem. Depois de muito procurar, sem nem um ratinho, ou barata ou até mesmo mosca, estômago roncando, o bichano teve a curiosidade despertada para um fio preto que se estendia de uma parte do armário. Parecia rabo de camundongo, só que mais fininho. O gato pôs-se a investigar e daí para puxar o fio foi um passo. Imediatamente a porta do armário se abriu e com o cordão preto se veio um belo queijo redondo e delicioso. E então o ditado se fez.

   Outros ditados são mais autoexplicativos e não precisam de fatos ou histórias para justificar suas existências: Quem não tem cão caça como o gato. (Sem alarido, sozinho, com paciência e perseverança) Gato escaldado tem medo até de água fria. (Experiência traumática semelhante a "macaco velho não mete a mão em cumbuca" e a "cachorro mordido por cobra tem medo até de linguiça.)


PATROCINADO PELA INSÔNIA

 Adoro trocadilhos. Não aquele de pé quebrado, incompreensível que a gente até usa nas batalhas verbais com outro amigo viciado nessa arte, o chamado trocadilho infame. Gosto do trocadilho denso, criativo, surpreendente e bem-humorado. Admiro o trocadilho que surge de repente, no decorrer de uma conversa até mesmo séria.                Quando não surge um trocadilho, para combater a abstinência eu mesmo crio um, especialmente em madrugadas de insônia. Julguem-me à vontade.

"Uma réstia de luz do sol entra por um cantinho da janela e dá à sala da casa, naquela manhã,, um ar cênico. Assemelha-se ao cenário ainda vazio de uma peça de teatro. Na parte mais alta da estante, protegido das crianças, ao lado de um livro aberto, jaz um vidrinho de veneno. É arsênico. Na vida real também está para começar uma tragédia. 


quinta-feira, 10 de setembro de 2020

ÔNIBUS NO LUGAR DE TORCEDORES

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Outro dia, em mais uma saída necessária de casa, furando a quarentena antivírus, tive minha curiosidade despertada para uma cena incomum: dezenas de ônibus da Carris estacionados no pátio do antigo estádio Olímpico. Curioso por natureza e por profissão, estranhei, porque até então não tinha lido ou ouvido nada sobre essa notícia. Antes de criticar meus colegas de profissão por não terem divulgado esse fato, fui ao Google, onde todo mundo satisfaz suas curiosidades. E então vi que o desinformado era eu. Em julho, a Rádio Gaúcha e a Zero Hora, pelo menos, já haviam noticiado sobre um acordo entre o Grêmio e a Carris para utilizar o pátio do antigo estádio para o depósito de 98 veículos retirados de circulação e substituídos por novos carros. 
      O acordo, que vale até 31 de dezembro, não envolveu dinheiro. A empresa de transporte se comprometeu a cuidar da segurança do imóvel, que vinha sendo invadido por vândalos e viciados em drogas desde que ficara abandonado enquanto se aguarda o complicado desfecho da troca pelo local onde funciona a Arena. Mais ou menos na mesma época, a prefeitura divulgou notícia com foto dos primeiros 30 ônibus colocados na área.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

PATROCINADO PELA INSÔNIA NA QUARENTENA

         A bicicleta ergométrica, prima da original, que é aventureira, lépida e faceira, é uma espécie de símbolo da quarentena, do fique em casa, ainda que seu inventor, ou adaptador, que um dia descobrirei quem foi, certamente não tenha se inspirado em confinamento e distanciamento social forçado por pandemia. A original tem inúmeras vantagens, como o sabor da liberdade, o suave vento no rosto, bulindo com os cabelos de quem ainda os têm. Leva a vantagem da maravilha de cenário, em lugares privilegiados pela natureza. Mesmo que o ergociclista monte um telão pra projetar as mais belas imagens do Planeta, não é a mesma coisa.

      Mas a ergométrica também tem seus detalhes que superam sua prima. A principal delas é a segurança. A chance de colisão com outra ergométrica é absolutamente zero. Abalroamento de um carro é quase impossível, para não se desprezar os motoristas bêbados que invadem casas. Também protege o ciclista da chuva e do frio. E de assaltos. A principal importância é combater o sedentarismo, que engorda. Para os mais preguiçosos, a grande vantagem da ergométrica é que, diferentemente da bicicleta de rodas, você não precisa voltar quando estiver muito cansado ou quiser interromper o exercício para fazer outra coisa. Seja o tempo que for do início das pedaladas basta parar que já está em casa.



quinta-feira, 3 de setembro de 2020

HUMORISTA JOSÉ SIMÃO MERECE UM PRÊMIO

 


Não sei se existe algum prêmio para humoristas  como tem para músico e ator. Se existe, José Simão merece um destaque especial por dizer que

 "O Brasil é o país da piada pronta!!"

Não conheco uma afirmação que seja tão confirmada quanto esta. Pena que seja tão hilária quanto trágica. A cada dia, o Brasil dá razão ao humorista. Paulista de 76 anos, José Simão tem uma conuna na Folha de S.Paulo e outra na Rádio Bandeirantes FM. Todos os dias, rio muito com a maneira como Zé Simão e seus colegas da Bandeirantes analisam os fatos hilários que ocorrem no Brasil.

 O fato real mais recente foi relatado ontem sobre vereadores de Penha, em Santa Catarina, que aprovaram lei para impedir que os cachorros latam, perturbando a vizinhança. Para isso, foi criada uma multa a ser aplicada aos donos de caninos que não os impeçam de ladrar. Imagine-se um ladrão entrando em um pátio de residência às quatro da tarde. Quando o cão se prepara para latir, o gatuno põe o dedo indicador em sua própria boca e avisa:

- shiii! Oha a multa!!!!!

Ainda bem que os vereadores de Porto Alegre não pensaram nisso. Caso contrário, eu teria que ensinar o Rum, que late até pra borboleta, a manter-se em silêncio e bater três vezes na porta da cozinha com sua patinha direita pra avisar de eventual ladrão na área.

 Está certo que há casos que precisam mesmo de providência, quando latidos lancinantes de cães tomam conta da vizinhança e prejudicam o repouso das pessoas, em muitos casos, com problemas sérios de saúde. Os cachorros ladram por algum motivo, muitas vezes maus-tratos como abandono, falta de comida ou até mesmo frio. Mas criar uma lei específica para punir donos de cães que latem é hilário.


quarta-feira, 2 de setembro de 2020

PATROCINADO PELA INSÔNIA

       O Português, no geral de suas palavras é um idioma lindo. Tem belos vocábulos, proparoxítonas como plátanos, belas árvores frondosas e coloridas que, com suas cores, junto com as oxítonas jacarandá e ipê, são explêndidos trailers da primavera. Mas também tem palavras tão feias quanto o seu significado. A antiga uxoricídio, importada do latim, anunciando crueldade do homen matando a própria esposa e a atualização do termo, feminicídio, estendendo o significado para todos os tipos de mulher. Aumentaram as penas, tomaram-se mais cuidados para evitar crimes anunciados, mas não se chega à solução, como em grande parte da criminalidade.

 Até quando o ser humano vai conviver com a incapacidade de domar e proteger-se da fera que carrega em si mesmo? Além desse aspecto do crime, seguem sem solução uma série de outros delitos como a corrupção endêmica e a disseminação irrefreável de criminosos nas ruas. Autoridades iludem-se e iludem com armas, grades, policiamento, tornozeleiras eletrônicas e cadeias superlotadas. Tudo isso são falácias que servem de mercado para certos segmentos como a indústria bélica, os aparatos de proteção inócuos como tornozeleiras.          

 Ninguém parece entender que a solução está no trabalho prisional completo em cadeias seguras e suficientes para segregar todos os criminosos reincidentes que andam aos montes na rua. E, paralelamente, investir nas vagas de trabalho, na Educação e nos cuidados com a saúde. É uma tarefa para muitas gerações. Com a queda na criminalidade, o dinheiro das despesas com o setor, acrescido da renda do trabalho prisional, poderá ser usado nos outros setores. Vendo as autoridades que estão aí e os que se apresentam para ser eleitos, a maioria sem capacidade e querendo só se arrumar, percebo que o que digo é apenas utopia.