C urioso por natureza e por profissão, observo sempre, com
alegria, os nomes incomuns das pessoas e fico me perguntando o que levou seus pais a fazerem essa escolha. Já postei aqui sobre os nomes diferentes. Agora, relato uma história que começou com uma pergunta e terminou em uma lenda indígena.
Na empresa em que trabalho, há um programador chamado Taiuã. Quando li o nome dele no crachá, a impressão que eu tive, como provavelmente outras pessoas teriam, é de que a origem poderia ser chinesa, lembrando Taiwan, a China capitalista que os livros antigos chamavam de Formosa.
Mas não é nada disso. A origem seria indígena. Conforme Taiuã, a mãe dele comentou que pretendia chamá-lo de Ataiuã. Ela ouvira falar que esse nome significaria "o grito da ave que espanta a serpente".
- Vou descobrir a origem do teu nome - falei para o colega.
Dias depois, após pesquisar na Internet e em livros, procurei-o no refeitório e falei:
- Escuta essa lenda repassada de geração a geração por indígenas:
"Em uma região onde hoje é o Rio Grande do Sul, uma tribo de índios guaranis estava enfrentando sérios problemas. Cobras atacavam de forma misteriosa e clandestina a aldeia, picando especialmente as crianças. Eles já tinham tentado uma série de medidas como usar fogueiras na taba, colocar alho para espantar os ofídios, trabalhos sobrenaturais, pedidos de auxílio a Tupã e nada. Em uma noite de lua cheia, na reunião do conselho, o pajé chegou a uma solução para o problema. Deixariam um índio o tempo todo na taba com a única preocupação de impedir que cobras invadissem as ocas.
O índio escolhido para a missão foi um curumim muito esperto, de 12 anos, que vivia incomodando o cacique porque queria participar das saídas dos guerreiros para caça e pesca ou guerrear contra outras tribos. O cacique e o pajé já estavam cansados de dizer que ele era muito jovem para isso. E então o encarregaram de cuidar para evitar o ataque das cobras.
Esse indiozinho se chamava Moacir, o filho da dor, porque sua mãe sofrera muito durante o parto. No início, Moacir ficou contente com a missão que lhe deram, mas depois de algumas luas sem qualquer novidade, não vira uma cobra sequer, começou a ficar entediado. Foi então que ouviu o grito de uma ave de rapina e a observou atacando uma cobra. Imediatamente, ele capturou a ave e a adestrou, para que cuidasse da taba. Ao ouvir o grito que soava como "ataiuã", as cobras fugiam ou eram capturadas e mortas.
Nenhuma criança mais foi morta pelas cobras, e Moacir virou uma espécie de herói da tribo. Sempre que os índios ouviam o grito da ataiuã, sabiam que estavam livres das serpentes. Com isso, Moacir acabou sendo chamado de Taiuã, e esse nome passou a ser colocado em outros curumins de geração em geração. Hoje, nas matas que ainda existem no centro do Brasil, pode ser encontrada uma ave chamada Acauã, que curiosamente espanta ataca serpentes e chama atenção pelo seu canto forte.
Quando eu terminei a história, Taiuã ficou impressionado e comentou:
- Alguém tinha me falado sobre essa história do grito da ave espantando a serpente.
Rimos muito quando eu disse que ele tinha se esquecido de que me havia me contado sobre a explicação dada pela mãe dele para o nome. E também quando eu admiti que não havia encontrado nada comprovado e que tinha inventado essa lenda. Se alguém é especialista na cultura indígena e sabe alguma coisa sobre isso, por favor, me desminta ou me confirme.
Acauã, pássaro inimigo das serpentes |
Na empresa em que trabalho, há um programador chamado Taiuã. Quando li o nome dele no crachá, a impressão que eu tive, como provavelmente outras pessoas teriam, é de que a origem poderia ser chinesa, lembrando Taiwan, a China capitalista que os livros antigos chamavam de Formosa.
Mas não é nada disso. A origem seria indígena. Conforme Taiuã, a mãe dele comentou que pretendia chamá-lo de Ataiuã. Ela ouvira falar que esse nome significaria "o grito da ave que espanta a serpente".
- Vou descobrir a origem do teu nome - falei para o colega.
Dias depois, após pesquisar na Internet e em livros, procurei-o no refeitório e falei:
- Escuta essa lenda repassada de geração a geração por indígenas:
"Em uma região onde hoje é o Rio Grande do Sul, uma tribo de índios guaranis estava enfrentando sérios problemas. Cobras atacavam de forma misteriosa e clandestina a aldeia, picando especialmente as crianças. Eles já tinham tentado uma série de medidas como usar fogueiras na taba, colocar alho para espantar os ofídios, trabalhos sobrenaturais, pedidos de auxílio a Tupã e nada. Em uma noite de lua cheia, na reunião do conselho, o pajé chegou a uma solução para o problema. Deixariam um índio o tempo todo na taba com a única preocupação de impedir que cobras invadissem as ocas.
O índio escolhido para a missão foi um curumim muito esperto, de 12 anos, que vivia incomodando o cacique porque queria participar das saídas dos guerreiros para caça e pesca ou guerrear contra outras tribos. O cacique e o pajé já estavam cansados de dizer que ele era muito jovem para isso. E então o encarregaram de cuidar para evitar o ataque das cobras.
Esse indiozinho se chamava Moacir, o filho da dor, porque sua mãe sofrera muito durante o parto. No início, Moacir ficou contente com a missão que lhe deram, mas depois de algumas luas sem qualquer novidade, não vira uma cobra sequer, começou a ficar entediado. Foi então que ouviu o grito de uma ave de rapina e a observou atacando uma cobra. Imediatamente, ele capturou a ave e a adestrou, para que cuidasse da taba. Ao ouvir o grito que soava como "ataiuã", as cobras fugiam ou eram capturadas e mortas.
Nenhuma criança mais foi morta pelas cobras, e Moacir virou uma espécie de herói da tribo. Sempre que os índios ouviam o grito da ataiuã, sabiam que estavam livres das serpentes. Com isso, Moacir acabou sendo chamado de Taiuã, e esse nome passou a ser colocado em outros curumins de geração em geração. Hoje, nas matas que ainda existem no centro do Brasil, pode ser encontrada uma ave chamada Acauã, que curiosamente espanta ataca serpentes e chama atenção pelo seu canto forte.
Quando eu terminei a história, Taiuã ficou impressionado e comentou:
- Alguém tinha me falado sobre essa história do grito da ave espantando a serpente.
Rimos muito quando eu disse que ele tinha se esquecido de que me havia me contado sobre a explicação dada pela mãe dele para o nome. E também quando eu admiti que não havia encontrado nada comprovado e que tinha inventado essa lenda. Se alguém é especialista na cultura indígena e sabe alguma coisa sobre isso, por favor, me desminta ou me confirme.
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