quarta-feira, 30 de março de 2011

UM DANÇARINO SURPREENDE COM NOVA VERSÃO PARA A MORTE DO CISNE

Programas musicais da TV do tipo que recebe calouros nem sempre são legais de assistir. Mas, vez que outra, surgem personagens que emocionam, como no caso da inglesa Susan Boyle, que foi recebida com desdém pelos jurados e pelo auditório por não ter o perfil preferido que valoriza o jovem esbelto e surpreendeu com voz e interpretação sensacionais. Agora, no Brasil, ocorreu algo parecido no Se Ela Dança eu Danço, no SBT. Outra história que reforça a ideia de que não se deve julgar o livro pela capa. John Lennon da Silva, participante de um projeto popular de dança, propôs-se a mostrar uma nova versão para a Morte do Cisne foi recebido com desconfiança porque estava vestido simplesmente. Veja o vídeo e emocione-se como eu me emocionei.



Obrigado Nina Oling, pelo repasse do e-mail.



A MORTE DO CISNE NO BALÉ CLÁSSICO

O solo A Morte do Cisne, criado em 1905, pelo russo Mikhail Fokine e a música de Camille Saint-Saens retratam o último voo de um ave, antes de ela morrer. Na versão original, a bailarina Anna Pavlov, com figurino impecavelmente branco e na ponta dos pés, interpreta toda a agonia do cisne se debatendo até desfalecer. A peça é considerada como uma das mais belas apreciadas pelos sentidos humanos. Abaixo, video de uma apresentação de Maya Plisetskaya em 1969.

terça-feira, 29 de março de 2011

UMA AJUDA AOS EXCEPCIONAIS

                                Comentário em 28 de julho de 2011
Eu passava pelo meio do Mercado Público depois de ter comprado filé de anjo, quando me deparei com aquele estande que tem, na parte de cima, a inscrição: Fale aqui com o seu vereador. Imediatamente parei e pensei em dar mais uma injeção na minha solitária campanha para ajudar os Jogos Municipais de Estudantes Excepcionais. Não tinha nenhum vereador naquele momento, mas eu deixei a sugestão em uma ficha que o atendente gentilmente me entregou.

Deixei registrado um pedido para algum vereador encampasse a ideia. Explico: todo ano, em outubro, os Jomeex são realizados na sede campestre do Sesc. Eu fico sensibilizado com a disposição do Serviço Social do Comércio em ceder o local para os jogos, mas convenhamos, não é o melhor lugar para receber excepcionais. Quem conhece aquela área sabe o que estou dizendo. A área do Sesc, no Alto Petrópolis, tem uma topografia inadequada para quem tem deficiência física ou mental. Há ladeiras íngremes e muitas escadas que exigem muito esforço das pessoas. Lembro que o acesso ao bar é após um declive e mais um lance de três ou quatro degraus. No ano retrasado, uma chuva forte interrompeu a competição. Com o paralelepípedo molhado, os carros patinavam, as pessoas se desequilibravam. Um horror.

Por isso tudo é que venho sugerindo que a prefeitura encontre um lugar mais tranquilo e cômodo para a realização dos jogos. Os Jomeex fazem parte do calendário de eventos do município, então, o poder municipal tem a obrigação de dar um apoio maior. Que tal tentar, com o governo do Estado, a cessão do Cete (Centro Estadual de Treinamento Esportivo), no Menino Deus? Tudo bem, o problema é que não é do município, mas então deve haver um outro lugar mais acessível para os jogos.


Você que tem filhos ou parentes ou amigos excepcionais ou mesmo você que tem filhos "normais", espalhe essa ideia. E, se der, vá prestigiar os jogos em outubro. Informe-se sobre a data dos jogos (estarei publicando aqui, claro) e não deixe de apoiar esse pessoal diferente. Porque ser diferente é normal.










domingo, 27 de março de 2011

PRA NÃO DIZEREM QUE NÃO FALEI DE ESPINHOS

No meio da festa, na casa do anfitrião, não se diz que a grama está crescida ou que há telhas quebradas. É uma desconsideração e uma falta de cortesia. Não se mente, mas o ideal é ressaltar as coisas boas. Não custa nada. Por isso, no meu post mais recente, comemorando o 239 aniversário de Porto Alegre, procurei mostrar o que realmente vejo de bom na cidade.
Agora, passada a festa, sinto-me na obrigação de também apontar os pontos negativos. É necessário tocar na ferida. Só se cura a doença se a ferida dói. Adoro Porto Alegre, mas envergonho-me dos que compartilham comigo este território e jogam lixo no chão, ou colocam o material fora do horário de coleta. São esses relaxados normalmente os primeiros a criticarem os governos pelo alagamento sem se darem conta de que o lixo entope bueiros e bocas de lobo.
Lamento conviver com donos de cachorros (vale o mesmo para os cavalos) que não juntam os excrementos de seus animais de estimação obrigando-me a desviar de "presentes" indesejáveis pelas ruas por onde eu e o poeta Mario Quintana andamos. E por outras que ele nunca andou.
Lamento ver tantos mendigos que o politicamente correto chama de moradores de rua. Por que esse problema nunca é resolvido? Será que é preciso sediar uma Copa do Mundo para salvar a vida de quem por doença ou vício (o que dá na mesma) ou abandono se arrasta pelas ruas como um animal faminto e sem dono? Vejo explicações de autoridades alegando que a maioria não aceita ir para abrigos e que o cidadão tem direito. Será que é certo deixar um drogado atirado nas ruas ou até roubando para sustentar seu vício ou alguém com insanidade mental sofrendo, passando fome e doenças adquiridas ao relento?
Também não entendo por que não se solucionam o problemas dos banheiros no Centro da Capital. Até parece que estamos no início de 1508, quando a família real, liderada pelo porco do Dom João VI veio para o Brasil. Não sei se alguém notou, mas nos banheiros públicos do Centro (Praça da Alfândega, sob o Viaduto Borges de Medeiros ou praças) não há plaquinhas indicando que ali é lugar para se aliviar. Parece que fazem questão de que os banheiros não sejam usados. E aí, o Centro da Capital, e o resto da cidade também, exalam esse cheiro de Idade Média.
Não posso deixar de falar das drogas embora isso não seja problema apenas de Porto Alegre. Não entendo por que tenta complacência com quem usa drogas se é ele o principal responsável pela existência de traficantes. E antes que alguém fale alguma coisa, também lamento os bêbados que dirigem irresponsavelmente pelas ruas da Capital achando que liberdade é fazer o que quiser.
Eu poderia falar também do problema de transporte e da saúde, mas acho que já chega. Mesmo assim, acho que Porto Alegre melhorou muito e vai melhorar mais ainda, tenho certeza. Espero que a população e o governo se ajudem para transformar nossa capital em uma cidade ainda melhor de se viver.

sexta-feira, 25 de março de 2011

UMA HOMENAGEM À CIDADE QUE ME ACOLHEU

                                                            Atualizado em 23 de outubro de 2011
Cento e noventa e sete anos depois da fundação de Porto Alegre, cheguei a esta terra por via ferroviária. Meu pai, minha mãe, um dos meus irmãos e eu viemos de trem em uma viagem que durou um dia inteiro. Saímos de manhã de Bagé, passamos por Santa Maria, fizemos baldeação em Cacequi vimos, da janelinha, o cenário de campos e das pequenas estações durante o dia e a noite e aportamos na Capital no outro dia de manhã cedo.
    Sem perspectivas de futuro em uma cidade menor, encontrei em Porto Alegre a saída para a minha vida. Fiz quase tudo o que planejei, sofri, passei necessidades, morei sozinho durante um tempo quando meus pais voltaram para Bagé, senti fome e o desconforto de não ter as mínimas coisas de que necessitava, mas segui com retidão meu caminho.
As necessidades pelas quais passei me deram lições de vida. Estudei no Colégio Júlio de Castilhos e, nessa época, antes de entrar para a faculdade, juntei copos no restaurante do RU para almoçar de graça. Morei em pensão barata, trabalhei por mixaria na contabilidade de um açougue da Azenha e carregando cadernos de uma livraria em emprego temporário. Depois trabalhei em banco no Centro. Fui aluno do Fogaça, do Clóvis Duarte e do Carlos Jorge Appel no cursinho IPV, passei no vestibular, cursei jornalismo e entrei para a Caldas Júnior, de onde me transferi depois para a RBS, onde fiquei por 27 anos.
Logo que cheguei, encantei-me com a beleza da cidade, com a diversidade e a alegria das pessoas. Não eram tempos melhores do que hoje. Peguei o finzinho dos bondes e, depois, os apertos nos ônibus. Naquela época, motoristas e cobradores ganhavam comissão pelo número de passageiros transportados. Daí surgiu a expressão "um passinho mais à frente, faz favor". Joguei peladas num campinho careca do lado da igreja Santo Antônio do Pão dos Pobres, no Areal da Baronesa, passeei na estação rodoviária. 
 Vi o Beira-Rio ficar pronto, o túnel da Conceição, o novo aeroporto, a Avenida Beira-Rio, o Parque da Harmonia, os shopping e tantas coisas.

Porto Alegre é linda com suas mais de um milhão e 300 mil árvores, uma das mais arborizadas do mundo. Tem a maior concentração de pássaros do país, contrariando a poesia do grande Mario Quintana: cidade grande: dias sem pássaros, noites sem estrelas. A Capital nos brinda com nove parques urbanos e reservas biológicas. 

 Minha alma gaudéria ficou mais urbana, mas ainda sinto saudade dos campos, dos eucaliptos, das sangas, das corujas, dos quero-queros e das perdizes.
Porto Alegre ficou sendo minha nova terra. Aqui casei, tive quatro filhos e agora dois netos. Aqui encontrei desenvolvimento com paz, alegria, enfim, vida. E sigo lutando até que chegue a hora de enfrentar o indecifrável, o ainda desconhecido. Parabéns Porto Alegre pelos seus 239 anos.




segunda-feira, 21 de março de 2011

O CASO DO MENINO QUE REAGIU E IMPEDIU O BULLYING

Uma das coisas que mais me deixam triste e com vergonha de pertencer à raça humana é a injustiça e o prevalecimento, o que são praticamente sinônimos. Quando vejo a justiça triunfar e o prevalecimento ser enfrentado e vencido, sinto-me, não digo vingado, mas esperançoso de que a maldade não prospere.
Isso tudo me veio à cabeça após ver um vídeo sobre bullying em que um menino gordo, de 16 anos, reagiu às agressões que sofreu em sua escola, na Austrália. Depois de levar socos no rosto e na barriga, Casey Heines segurou o agressor, um garoto mais franzino mas violento, levantou-o e jogou-o de costas no chão. O vídeo foi assistido por milhões de pessoas no mundo todo.


Entrevistado nesta terça-feira, Casei contou que vinha sofrendo bulliyng havia três anos e que era alvo das maldades do colegas porque não reagia:


Eles sempre me chamavam de gordo e diziam para perder peso. Davam tapas na minha nuca e faziam eu tropeçar e cair.


Entrevistado pela TV Australiana, disse que, nesse tempo todo, até pensou em suicídio. O garoto, apesar da fama, não se tornou arrogante, observando que só agrediu o colega porque foi provocado e muito humilhado. Ao ver essa história, lembrei-me de milhões de crianças que sofreram ou ainda sofrem humilhações por parte de colegas. Por isso, postei esse vídeo aqui, que não é nada que nos orgulhe de sermos seres humanos, mas que ajude às pessoas a serem mais humanas e solidárias em fez de orgulhosas, violentas e prevalecidas seja da força física, psicológica ou financeira e social.



terça-feira, 8 de março de 2011

HOMENAGEM EM FORMA DE POESIA GAUDÉRIA NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

  Poesia de autoria de Dimas Costa


                                      Chinoca,
                                      quando te vejo,
                                      virando a ponta da trança,
                                      num passo de pomba mansa,
                                      andando pelo terreiro.
                                      Fico bombeando de largo,
                                      meio abombado de apreço
                                      que dizem que até pareço
                                      um sorro velho e matreiro.
                                     Esse teu corpo, chinoca,
                                     tem meneios sedutores,
                                     convite para os amores,
                                     mangueadas para o pecado.
                                    Ah, se eu pudesse, chinoca,
                                    ter um dia esse teu porte
                                    jungido num laço forte 
                                    no meu peito palanqueado.
                                    Sentir teu corpo tremendo
                                    como presa de mundéu,
                                    corcoveando no escarcéu
                                    na volúpia dos desejos.
                                   Te juro, chinoca linda,
                                   que, sem ter de ti piedade,
                                   te dava, barbaridade,
                                   uma sumanta de beijos.


Glossário:
Chinoca – É como o gaúcho da campanha chama a mulher. A origem vem da palavra china, por ela ter, por ser descendente de índios, os olhos levemente puxados e a tez morena, como as chinesas. (O Aurélio diz que o termo china vem do quichua tchina, (fêmea de animal, pelo hispano-americano china). Eu acho que, traduzindo para o baianês ou carioquês, significa algo como "neguinha".
Bombeando – Olhando, observando, espreitando.
De largo – De soslaio, a uma pequena distância.
Abombado de apreço – Atônito por ver tanta formosura. No sentido figurado, abombado‚ como se tivesse sido atingido por uma bomba.
Apreço – consideralão ou estima por alguém.
Sorro – Espécie de raposa latino-americana, mamífero muito comum nos campos da fronteira do Brasil com o Uruguai e a Argentina. A palavra vem do espanhol zorro (pronuncia-se sorro, que significa raposa).
Matreiro – Esperto, astuto e curioso como a raposa.
Meneios – Movimentos de corpo, gingado, manemolência.
Mangueadas para o pecado – armadilhas para o pecado. Manhas que levam ao pecado.
Porte – corpo.
Jungido – amarrado, atado, preso
No peito palanqueado – preso como as cordas ficam nos palanques (tronco ou esteio fincado no chão ao qual o peão se apoia após laçar e prender cavalos para domar ou encilhar, ou bois para curar da bicheira. Não confundir esse palanque com o lugar onde os políticos fazem discursos.
Presa de mundéu – Mundéu‚ armadilha para aves, especialmente perdizes. Uma pequena forca feita com crina de cavalo trançada, colocada no caminho das perdizes de modo que as aves se enforquem ao passar em uma vereda criada com ramos de vassoura (esse arbusto, em Bagé‚ é chamado de chirca).
Corcoveando no escarcéu – A imagem da perdiz se debatendo ao ser presa. A mulher se agitando no alvoroço da emoção. Corcoveios, no original, são os movimentos do cavalo na tentativa de derrubar o cavaleiro.
Na volúpia – (grande prazer sexual) dos desejos.
Sumanta – do espanhol sumanta, significa tunda, surra.


Dimas (E), com Darci em 1957
Sobre o autor:
Dimas Costa, nasceu em Bagé, no dia 20 de janeiro de 1926. Morou muitos anos em Tapes e morreu aos 74 anos, no dia 11 de julho de 1997, de parada cardíaca em Porto Alegre. Como radialista, participou do Grande Rodeio Coringa, com Darci Fagundes. Foi o autor da música Parabéns Crioulo (que tu tenhas sempre todo o dia paz e alegria na lavoura da amizade), em parceria com Eleu Salvador. No cimena, participou dos filmes Gaúcho de Passo Fundo (com Teixeirinha), Não Aperta Aparicio (com José Mendes) e Para-Pedro, também com José Mendes.