sexta-feira, 20 de junho de 2014

UMA HISTORIAZINHA COM CENÁRIO DA COPA

Ele bebia em um bar do Mercado Público. Só ele e o violão, que descansava na outra cadeira. Pensava na vida do país, na Copa, em sua própria existência. De repente, ouviu uma música sem identificar de onde vinha. Máscara Negra, criada por Zé Kéti e Pereira Neto para o carnaval de 1967, soava maviosamente na voz de Dalva de Oliveira. Foi então que ele pegou uma caneta e começou a rabiscar uma paródia no guardanapo de papel. Terminou sua obra junto com a terceira cerveja. Pagou, saiu do Mercado e parou no meio do Largo Glênio Peres com a letra da paródia decorada, no meio do álcool que lhe alegrava o cérebro. Pegou o violão, autoacompanhou-se e cantou:

 
Tanto roubo, quanta hipocrisia,
milhões de palhaços no país,
a bola tá rolando, e o povo se orgulhando
pensando que é feliz.
A mesma máscara negra
que esconde os protestos
encobre a corrupção.
Eu sou o trabalhador,
que só ralou
que se ralou, meu amor.
Vou chutar o balde
não me leve a mal
quero é hospital.

Foi então que percebeu um monte de gente escutando. Um grupo dizia "é isso mesmo", outros, com bandeirinhas da Copa do Mundo e camisetas de futebol, não gostaram. Ele parou de tocar, voltou para o Mercado, atravessou-o, pegou o trensurb e desapareceu.
(IF 100%)

quinta-feira, 19 de junho de 2014

FRASES QUE "COMETI" E PUBLIQUEI NO FACEBOOK

* Suspeito de que parentes das traças que destroem livros habitam o cérebro de quem quase não lê. Na hora de escrever, restam poucas palavras, algumas delas corroídas, sem esses nem erres no final.
* As aparências frequentemente enganam quem julga os outros pela roupa.
*Pessoa inteligente é aquela que sai, em um lindo dia de sol, com o objetivo de comprar um guarda-chuva bem reforçado para substituir o que foi destroçado  no temporal da semana passada.
*As mulheres feias, mas com alta autoestima, andam na rua como se fossem mulheres belas. As lindas, mas de baixo astral, andam como se fossem mulheres feias.
*Chuveiros elétricos e dentistas atualizados e competentes ainda sofrem com o estigma de medos atávicos do passado. Hoje, chuveiros bem instalados não dão choque; bons dentistas e novas anestesias permitem tratamentos sem dor.
*Neste frio que assola o Rio Grande, cobertor de orelha é bom. Menos quando pede para a gente levantar e abrir a porta porque o diacho do cachorro quer fazer xixi lá fora.
*A burrice é uma deficiência no DNA que causa falta de curiosidade sobre coisas úteis e excesso sobre coisas inúteis.
*Quando duas pessoas de temperamento forte, egoísta e orgulhoso se desentendem séria ou bobamente, nunca mais se reconciliam. São como um travesseiro que se rasga diante de um ventilador ligado. As penas jamais conseguem ser recolhidas.

terça-feira, 10 de junho de 2014

PALAVRAS E EXPRESSÕES QUE MEUS PAIS DIZIAM E QUE NÃO OUÇO MAIS

Meus pais, Walter e Ítala, que já passaram para o outro plano há vários anos, repetiam a cultura oral da época, ele nasceu em 1922 e ela em 1924, e do local em que viviam, em Bagé e em Seival, que na época pertencia a esse município da Campanha e que hoje pertence a Candiota. Todas as palavras e expressões que usavam eram uma mistura do português trazido pelos lusitanos, mesclado ao tupi-guarani dos povos nativos, além do espanhol, já que moravam na fronteira com o Uruguai. Além disso, ambos eram filhos de pais uruguaios e mães brasileiras. Outra influência no linguajar deles era o francês que, na época, espalhava-se pelo país, em termos culturais, como ocorre hoje com o inglês, embora em menor escala. Nunca mais ouvi algumas dessas expressões. Outras delas aparecem na trilogia O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo.


"Bota esses carpins sujos em cima da pileta que depois eu lavo" (Coloca as meias usadas em cima do tanque de lavar roupa.)
"Não te pelo (pélo) tchê"!(Preciso pesquisar, mas parece que significa "não acredito em ti, não te levo a sério")
"Tem que botar cangalha nesse animal, que ele costuma bandear o arame". (Cangalha são pedaços de pau atados em forma de triângulo e colocados em volta do pescoço da ovelha ou do bovino para que ele não atravesse pelo meio dos fios do alambrado. A palavra vem do tupi-guarani em que cang, significa pescoço.
'Não doutoreia comigo, guri." (Não sejas respondão, não sejas metido a doutor.)
"De manhã, as narinas dos piás ficam cheias de picumã por causa das lamparinas. (Na ausência da luz elétrica, a queima do pavio de pano e do querosene das lamparinas deixavam pretas no nariz das crianças.)
"Sujeito mais calaveira esse". (Viciado em jogo de cartas ou jogo do osso.)
Este maleva tomou um frapê que estava no itajer, não pagou o bolicho, saiu e nem fechou a tramela (Maleva tem origem na palavra mal, significava algo como malandro, ou alguém do mal, frapê vem do francês e significa batida (leite com frutas misturados no liquidificador. Hoje o pessoal chama de frapê uma bebida feita com leite integral, sorvete sabor cappuccino, cobertura de chocolate, canela e chantilly. Itajer, também do francês, significa cristaleira, armário para a louça).
"Este quarto está uma mixórdia, tem uma miscelânea que não sei como foi parar aí dentro." (Mixórdia é bagunça, miscelânea é um conjunto de coisas diversas misturadas.
"Fulano é todo metido mas não tem eira nem beira." (Sujeito que não tem casa ou lugar próprio para morar. Eira é um pedaço de terra e também uma parte do pátio cimentado que era usada para colocar sementes.
Montou no petiço e se mandou pro campo pra bombear o gado. (Petiço é um tipo de cavalo de baixa estatura, bombear é espiar o gado. Nas guerras, os que iam na frente para ver se havia inimigo pelas cercanias eram chamados de bombeiros.)
"Não me abraça tão forte assim que tu estás me pisando. (O verbo pisar era sinônimo de machucar e não apenas pelo pisão no pé.)
"Os dois maturrangos acabaram fazendo com que os matungos se pechassem." (Maturrango é quem não sabe andar direito a cavalo. O mesmo que barbeiro, em relação aos carros. Pechar se origina de peito, pecho em espanhol, e se estendeu para o sentido de colisão. Matungo é cavalo bem manso.)
"O touro se botou no cuera, ele se enveredou pro arroio e se boleou na água. (O touro atropelou em direção ao cara, que correu em direção ao arroio e se jogou na água).





quarta-feira, 4 de junho de 2014

CHANCE PARA QUEM GOSTA DE ESCREVER POESIAS TRADICIONALISTAS

Estão abertas até o próximo domingo, as inscrições para o concurso de poesia que integra o conjunto de eventos Semana Farroupilha de 2014. O objetivo da Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas é integrar a comunidade ao movimento tradicionalista do Rio Grande do Sul por meio do verso e abrir novos espaços para os poetas.
 Conforme os critérios estabelecidos, as poesias devem ter conotação gauchesca, nativista, tradicionalista com o tema Eu Sou do Sul, que se identifica com o Rio Grande do Sul abrangendo os respectivos usos e costumes desde o galpão até a casa principal.
     Podem participar,  poetas (compositores) de todo Brasil, desde que respeitado o tema do concurso. promovido pela Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore. As poesias deverão ser inéditas, com no máximo 80 versos (linhas) e acompanhadas pela ficha de inscrição, em quatro cópias, contendo somente o nome do poema sem qualquer menção ao pertinente autor.
     As inscrições poderão ser enviadas para tersonpraxedes@yahoo.com.br ou pelo correio para Avenida Borges de Medeiros, 1501 – Sala 10 Térreo CEP: 90119-900 – Porto Alegre/RS.