domingo, 19 de agosto de 2012

GRAVATAI E SEU CONCURSO POESIA NO ONIBUS

                                                               Acrescentado em 9/9/2012

Quem gosta de ler e fazer poesias tem, em vários municípios do Estado, a chance de ver suas obras expostas para um grande público: os passageiros de ônibus. Entre as cidades que contam com esse veículo, estão Porto Alegre, que também expõe no trem metropolitano, e Gravataí. Este último município entregou, na semana passada, os certificados aos vencedores da 9ª edição do Concurso Poema no Ônibus. As obras já foram afixadas nos vidros dos coletivos que integram a rota municipal. Realizado pela Fundação Municipal de Arte e Cultura (Fundarc) em conjunto com a empresa de ônibus Sogil, o concurso contou com 173 obras inscritas, das quais 16 foram escolhidas.
    Os poemas foram avaliados por uma comissão formada pelo doutor em letras Marlon de Almeida, o professor e escritor Caio Ritter e o editor e escritor Christian Davi. Realizada na Praça Borges de Medeiros, no Centro de Gravataí, a cerimônia contou contou com a presença de três autores que participam do evento, de representantes da Sogil, e de outras autoridades, entre elas o prefeito Acimar Silva. 
Prefeito Acimar com Teresa /Foto: Bruna de Bem - Secom/PMG
A professora de língua portuguesa e literatura Teresa Azambuya, 29 anos, foi a única representante de Gravataí vencedora do concurso. Ela já foi premiada em outras duas edições, além de ter recebido prêmios em Porto Alegre e ganhado concursos estudantis.Teresa escreve desde 2003, possui um livro de poesias publicado e participou de três obras com contos coletivos. O Poemas no Ônibus será o tema de sua pós-graduação.
 
OS POEMAS
 
Ilustração: Shelly Tenjou - Secom/PMG

Bola Fora
Dominava a redonda
Com maestria.
Chutava, driblava, corria,
Era um craque.
Falsos amigos, abraços fingidos,
E a carreira, por fim, vazia.
Derrotado pelo crack.


Carlos Bruni Fernandes
Ilustração: Shelly Tenjou - Secom/PMG
Noite doentia
No copo transparente
onde derrete o gelo da poesia
surge o líquido poema que alucina
a mente embriagada do poeta!
A mesa que sustenta o copo,
ampara as mãos de calejadas rimas,
voam no papel soluços versos
na dança entorpecida da grafia!
No bar o silêncio anuncia
o amanhecer de um estranho dia,
já não há mesa, nem copo, nem poesia,
só escombros de uma noite doentia!
Eugênio Carlos da Luz Backes

Ilustração: Shelly Tenjou - Secom/PMG
Obstação
Tu estavas desesperada,
Só, na fila do corredor.
Sem querer quase nada,
Te ofereci o meu amor.
Esse amor virou loucura,
Enquanto a viagem durou.
No fim veio a desventura:
Tu – ainda só – continuou.
Hoje estás arrependida,
Na fila e só, crias bolor.
É assim mesmo querida,
Já embarcou outro amor.
Não tranque a fila da vida,
Dá um passinho por favor.
Juarez Cesar Fontana Miranda

Ilustração: Shelly Tenjou - Secom/PMG
  Descortínios

A cortina esconde a tarde,
o sol se põe em tristeza,
abraçam seus raios a colina,
mas não vislumbro o rubor do ocaso.
A cortina oculta o mundo,
a via láctea viaja no espaço,
pilota a lua a nave,
mas não vislumbra a luz das estrelas.
A cortina esconde você,
as roupas se espalham no quarto,
dançam fantasmas no escuro,
mas não vislumbro a cinza das horas.


Roque Aloisio Weschenfelder

Ilustração: Shelly Tenjou - Secom/PMG

Cadeira de balanço

Anos depois, retorno à casa em pleno outono...
Pelo muro que esconde a construção ao lado,
escapa a dúbia luz de um luar magoado
e ilumina o ambiente em meio ao abandono...
Tentado, abro o portão. O gesto há muito adiado
verdece as minhas mãos de musgo e opõe-se ao sono
de um gatarrão que foge inquieto. Então espiono,
na varanda em silêncio, objetos do passado.
Num canto, entregue ao tempo, um móvel me detém...
A cadeira, onde outrora, o balançar que o diga,
quanta alegria encheu-me a vida um certo alguém...
A cadeira tremula e a pronto se renova...
Ora o balanço leva uma lembrança antiga...
Ora o balanço traz uma saudade nova...

Reginaldo Costa de Albuquerque

Ilustração: Shelly Tenjou - Secom/PMG
Cochicho

Ela veio caminhando
toda acanhada
querendo me contar as boas novas
Aproximou-se de mim
com as mãos fechadas
diante do rosto
assim, como se trouxesse
só pra me mostrar
ao abrir dos dedos
um vagalume

Rodrigo Domit

 
Ilustração: Shelly Tenjou - Secom/PMG
Antroposofia
Com fome de estrela
Comi um pedaço do céu
E meu dia não amanheceu

Rosana Banharoli


Ilustração: Shelly Tenjou - Secom/PMG
Viagem
O trem é cobra,
Esgueira-se pela natureza
(verde ou cinza).
O ônibus é linha
Da costura da cidade
(cinza ou verde).
O trem é pássaro:
Leva filhotes no bico.
O ônibus é botão:
Une dois pontos distantes.
Ambos são colo de infância,
Embalando os sonhos:
Uma trégua na vida.
Simone Alves Pedersen
 
Ilustração: Shelly Tenjou - Secom/PMG
                                                Natureza Viva

Da árvore, admiro as raízes fincadas na terra fértil.
Quero ser forte como o caule que suporta adversidades.
Venero os galhos que acolhem ninhos.
Invejo a sombra confortável
e os frutos que guardam a semente.
Quando chega o outono,
saúdo as folhas que enfeitam o chão,
húmus vegetal, começo de árvore em outra estação.

Solange Firmino de Souza
 



Ilustração: Shelly Tenjou - Secom/PMG


Risco
Será um risco?
Será rabisco?
Ou só um cisco na minha escrita?
Só sei que o traço
Desse meu passo
Segue tangente ao meu compasso.
 
Tatiana Alves Soares Caldas

Ilustração: Shelly Tenjou - Secom/PMG


 
Tra(d)ição
As musas entoam seu canto arcano
E, tão ardilosas, aedos inspiram.
Em seu voo cego, num baile insano,
Poderes e feitos heroicos transpiram.
São como Medeia, cruéis e ferozes,
São como Jasão face ao velocino.
Seu canto-memória traz dores atrozes
E a todos enleva, estranho fascínio.
E tecem castigos em teias e tramas
Celebram banquete veneno memória
Buscando o saber das esferas profanas
Que cortam, destecem, mas fazem a História.

Tatiana Alves Soares Caldas
  



Ilustração: Shelly Tenjou - Secom/PMG
 
Não inverta

Num dia lotado
Quero um ônibus bonito
De itinerário infinito
E verso pra todo lado.

Teresa Azambuya

 
 Grotesco

pincelei as cores do céu
o tom das flores
a nuvem escura
o vento azul
e o mar ondulado
espuma nas ondas
tão fortes, redondas
que sinto a vertigem
rodopiar em mim
uma louca grita impropérios
e um bêbado dorme na calçada
eles não precisam
pincelar a vida

Roque Aloisio Weschenfelder
 
Arqueologia




Quando o hoje era infância
construía prédios de papel
Edificações que copiava dos livros de geografia,
as preferidas eram alemãs e japonesas
(nesse tempo
ainda não media o tamanho das guerras)
Cresceu
Até agora não entende
por que o tempo mancha as costas das mãos
como faz com essas antigas casas de cartolina

Sérgio Bernardo

 
Noite adentro

Os latidos
a buzina, ao longe
o salto alto no andar de cima
o ressonar da criança no quarto contíguo

Um espirro
Duas lembranças
Três portões se fechando
Meia música cantarolada
E meus ouvidos, insones,
 tão cheios de vizinhança...
Teresa Azambuya 
 
 
 
A AUTORA DOS DESENHOS

Shellen L. Pinto nasceu em Porto Alegre, em 1º de julho de 1985. Estudou no Colégio Dom Feliciano, de Gravataí desde a pré-escola até o ensino médio, mas já na infância descobriu que gostava de ilustrar e criar histórias. Atualmente trabalha como desenhista na Secretaria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Gravataí e faz faculdade de Produção Multimídia na Faculdade SENAC/RS.
 
Poemas e ilustrações foram publicados originalmente no site www.gravatai.rs.gov.br





















 


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

INSTALADO SEGUNDO SEMÁFORO SONORO EM GRAVATAÍ

Assessora Patrícia testou primeira sinaleira na Borges de Medeiros 
 
  Gravataí conta, a partir desta quinta-feira (16), com a segunda sinaleira dotada da tecnologia de acessibilidade para pessoas com deficiência visual. A instalação do equipamento ocorreu na Avenida Dorival Cândido Luz de Oliveira, na Parada 67, na esquina com a Avenida dos Estados. O semáforo conta com uma botoeira, que deverá ser apertada e emite um sinal sonoro para que a pessoa possa atravessar a rua com segurança. A instalação da tecnologia é possível graças a uma permuta referente a área do Distrito Industrial, realizada entre a prefeitura e empresa Digicon.
     A assessora de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência (APPPD), Patrícia Lisboa, esteve no local, na manhã desta quinta-feira, acompanhada dos secretários de Trânsito e Transporte (SMTT), Rafael Evaldt, e de Captação de Recursos (SMCR), Artêmio Airoldi. “Uma demonstração explicativa será realizada durante a Semana da Pessoa com Deficiência, no próximo dia 22, na Praça Borges de Medeiros”, explicou Patrícia. Segundo a assessora, a botoeira sonora proporciona maior autonomia a pessoas com deficiência, idosos e a toda população de Gravataí.
    Segundo o titular da SMTT, Rafael Evaldt, a terceira sinaleira com sinal sonoro será instalada na próxima semana. “Graças a esta troca com a Digicon, conseguimos levar a tecnologia para a Avenida José Loureiro da Silva e iremos instalar mais uma botoeira no Parque dos Anjos. Os locais com grande circulação de pessoas foram os primeiros a receber a tecnologia, que garante um direito a todas as pessoas”, destacou.

Vídeo demonstrativo
Após a instalação da primeira botoeira com sinal sonoro, Patrícia Lisboa gravou um vídeo explicativo sobre o funcionamento da sinaleira localizada na Avenida José Loureiro da Silva, próximo à Prefeitura Municipal.

O vídeo, contendo áudio e descrição, pode ser acessado pelos links abaixo:
Facebook:
http://www.facebook.com/prefeitura.degravatai

YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=0wHeBd9v3_o&feature=g-upl
Secretaria Municipal de Trânsito Transporte

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

SINALEIRAS SONORAS ESTÃO SENDO INSTALADAS EM GRAVATAÍ

Rafael (E) e Artêmio acompanharam Patrícia durante o teste do semáforo sonoro (Foto Nataniel Corrêa - SMG))
     Deficientes visuais de Gravataí estão recebendo um sistema de sinaleira muito interessante. O equipamento emite um som para alertar os cegos para o momento certo de atravessar a rua. O sistema já está sendo testado na Avenida José Loureiro da Silva, esquina com Rua Adolfo Inácio Barcellos, nas proximidades do prédio da prefeitura municipal. A sinaleira é dotada de uma botoeira para ser acionada pelos deficientes visuais. A medida que a pessoa vai atravessando a rua, a sinaleira vai aumentando o som para indicar que o sinal vai mudar em seguida.
  Na manhã desta sexta-feira, após a instalação do novo sistema, a assessora da Associação de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência (APPPD), Patrícia Lisboa Rosa, testou o equipamento, acompanhada dos secretários municipais de Trânsito e Transporte, Rafael Evaldt e de Captação e Recursos, Artêmio Airoldi.
- É muito gratificante poder atender esta antiga reivindicação da comunidade - comentou, emocionada, a secretária Patrícia, ela própria uma deficiente visual.
 Com conhecimento de causa, ela afirmou que o sinal sonoro garante autonomia e independência para o deficiente visual. Conforme a assessora, a viabilização da sinaleira só foi possível graças ao empenho do governo municipal e a união da APPPD, secretarias de Trânsito e Transporte e Captação de Recursos.
 Os locais que receberão os semáforos foram definidos através de audiências públicas promovidas pela APPPD. Os próximos pontos que receberão sinaleiras sonoras serão a Avenida Dorival Cândido de Oliveira, na altura da Parada 67 e o Parque dos Anjos, trechos com alto fluxo de pedestres. A empresa Digicon é a responsável pelo investimento para a instalação da tecnologia.
Segundo o titular da SMTT, Rafael Evaldt, a sinaleira da Avenida José Loureiro da Silva funcionará como um laboratório.

 - Iremos analisar aqui alguns pontos que poderão ser modificados nos próximos locais. Detalhes como o período que o semáforo permanece aberto deverão ser acertados, conforme a necessidade de deficientes visuais - explicou Rafael.
 Uma demonstração do funcionamento da sinaleira será realizada pela equipe da Digicon durante a Semana da Pessoa com Deficiência, no dia 22, na Praça Borges de Medeiros. 

Publicação original no site www.gravatai.rs.gov.br