sábado, 21 de abril de 2012

UM ENCONTRO INTERESSANTE NA FEIRA

Manhã de sábado, na Feira Livre do Bairro Medianeira, uma surpresa para lá de agradável: depois de quase um ano sem vê-la, lá estava ela, do mesmo jeito que a vi no ano passado. Durante todo o quente e longo verão, senti sua falta. Cheguei a procurá-la, mas nem sinal dela. Ao revê-la, fiquei de novo impressionado e pensei imediatamente: vou comê-la. A vontade era desnudá-la ali mesmo e desfrutá-la. Por fim, decidi levá-la para casa. E então falei para o atendente da banca de frutas: “Pese esse saco de bergamotas.”

quinta-feira, 19 de abril de 2012

SE FOR "BEBÊ", NAO DIRIJA


  Originalmente o texto abaixo era para ser interpretado em um vídeo na época do Natal. Mas não consegui viabilizar a gravação. Foi mais por preguiça e falta de talento do que qualquer outra coisa. Daí que resolvi postar esse, digamos assim, libelo contra a mistura do álcool com direção.

Olá, é pro Fantástico? Ah, não? E qual o tema? Beber e dirigir? É o seguinte. Eu acabei de tomar todas e vou dar um rolê de carro pra me divertir.
   Se não tenho medo de que o álcool afete a minha capacidade de dirigir? Que nada! Sou um homem forte, que não se abate, criado na campanha no lombo do cavalo, segurando o bicho pelo freio ou pelas crinas. Domino meu carro também. Sou valente. Aliás, o Zeca Pagodinho disse que a bebida é um dos inimigos do homem e que um homem que foge dos seus inimigos é um covarde.
   Mas como é dirigir alcoolizado nesse trânsito? Te disseram que eu ando em zig e zague na rua? Além de fofoqueiros, esses caras que andam atrás de mim são uns barbeiros. Se eu tô no zig, é só eles irem pro zague. Se fui pro zague, eles vão pro zig, é simples. Hoje eu ouvi no rádio Se for bebê, não dirija. Mas eu não sou bebê, sou um adúltero que sabe o que faz. Mas vamos lá que a noite ainda é uma criança. Péra aí. Se a noite é uma criança, ela pode ser um bebê e então a noite não pode dirigir. Opa, agora fiquei confuso.
   Se tenho consciência de que posso cometer um acidente? Claro. Bater em um poste, por exemplo. Tá cheio de postes mal alinhados na cidade. A gente sai de uma curva e, quando vê, dá de cara num poste. Mas não dá nada. Meu carro tem “albergue”. O ator aquele da Globo que caiu de carro no arroio Dilúvio no ano passado, disse que o”arbergue” é tudo. Que todo carro deveria ter “arbergue”.  
   Eu concordo com o Bento Gonçalves. Eu acho até que os postes deveriam ter “albergue” pra não estragar meu carro. O Werner Schsss., o Bento, disse que o cinto de segurança é uma bosta. Aí eu não concordo. Não dá pra pôr cinto de segurança em poste, porque ele fica parado, mas o cinto é bom. Acho até que as cadeiras de bar deveriam ter cinto de segurança com um dispositivo que só o libera se estiver apto a dirigir. Aí o garçom passa um cartão na saída se o cara apresentar um amigo para dirigir pra ele ou levá-lo de carona ou pedir um táxi.
   Eu posso atropelar alguém ou algo? Poder eu posso, até sem beber. Por exemplo, na época de Natal, o peru foge do perueiro para escapar da panela. A avezinha cruza, a rua e eu pá nela. O pessoal que defende os animais iria querer me capar, e com razão. Não se deve maltratar os animais, mesmo que aquele peru estivesse indo para ser morto e depois comido na ceia de Natal. Mas sou contra judiar dos bichinhos. Eu, por exemplo, tenho lá em casa, um cachorro, não, não é o meu cunhado. É o Bolt, quero mandar aqui um abraço pra ele. Bolt, um Feliz Natal e um próspero ano novo. Que tu tenhas boa ração e um osso duro pra roer.
   E se eu atropelar uma pessoa? Imagina, o cara atropela a pessoa que está a pé ou de carro num acidente e ela morre. Que tristeza que vai ser? Aí eu fico pensando. Sou um homem ou um rato. Já tomei uma decisão. Não vou mais comer queijo. Mas, pensando melhor, se eu participar de uma morte ou mais, vou estragar a minha vida e da minha família. Além de causar uma tragédia em outras famílias, posso morrer também ou ir para um hospital causando transtorno para os meus parentes. Ou então ser condenado e preso.
   Quer saber, não vou mais sair de carro depois de beber. Essa chave aqui nem é do meu carro é do portão da minha casa. Nem sei onde é que deixei a chave do carro. Me faz um favor aí. Me chama um táxi que eu vou é dormir.


sábado, 24 de março de 2012

ORIGEM DOS NOMES DE ALGUNS CLUBES GAÚCHOS

                                          Modificações em 24/11/2019

domingo, 18 de março de 2012

AS VERDADEIRAS PIADAS DE GAÚCHO

Complementação mais recente em 01/11/2018
Outro dia, fiquei pensando por que paulistas e cariocas, principalmente, acham que é engraçado chamar gaúcho de bicha. Imagino que isso surgiu por um tipo de inveja porque cidadãos do Rio Grande do Sul fazem sucesso em grande número nesses estados. Isso me faz lembrar o fato de Pelotas ser alvo de chacotas e apontada como terra de efeminados. Foi porque, na década de 1920, no apogeu das charqueadas, os moradores dessa cidade ganharam muito dinheiro, deixando seus vizinhos com inveja. Com boas condições financeiras, as famílias pelotenses enviaram seus filhos para estudar na França, cuja cultura dominava o mundo. Quando voltaram, os pelotenses trouxeram vestimentas da moda dos franceses. Eram roupas finas, cheias de frufrus e babados, bem diferentes das rudes vestimentas dos moradores das outras cidades da campanha, que passaram a chamá-los de maricas.

Isso talvez explique também a brincadeira dos paulistas e cariocas. Baianos são chamados de preguiçosos, mineiros de ingênuos, enquanto cariocas se autodenominam malandros, e os paulistas se orgulham de dar trabalho para o resto do Brasil. Vai daí que os gaúchos começaram a aparecer com destaque em todas as áreas, seja no futebol (os últimos quatro treinadores da seleção, sem contar o atual, Adenor Bachi, o Tite, são gaúchos, 13 deles ocuparam o cargo), na televisão ou em todas as áreas. Aí então, programas como o Casseta e Planeta e outros passaram a fazer humor tachando os gaúchos de gays.
Para contrabalançar essas bobagens, apresento cinco verdadeiras piadas de gaúcho.

O taxista gaúcho e a velhinha atropelada
     Um gaúcho foi a São Paulo e, logo ao sair do aeroporto, tomou um táxi. Grosso da campanha - para ele tudo era novidade - ia perguntando ao motorista para que serviam os botões dos equipamentos do painel do veículo. O taxista começou a tirar sarro do passageiro mentindo sobre as funções dos botões. Este aqui está ligado diretamente à polícia e se houver algum problema, eu aperto e os policiais vêm e me salvam. Apertando este outro, eu aviso para o restaurante deixar pronto o meu prato na mesa para eu chegar e almoçar. Foi então que gaúcho olhou pelo parabrisa, viu o símbolo da Mercedes Bens e indagou:
     - Tchê, pra que serve aquele negocinho ali em cima do capô que parece uma estrela?
     O taxista disse que era uma mira para ajudar a atropelar velhinhas. Assegurou que o maior divertimento dos taxistas paulistas era bater o carro em idosas.
    O gaúcho arregalou os olhos, e o paulista decidiu levar adiante a brincadeira. Apontou para uma velhinha lá na frente e acelerou. A idéia era dar um susto no gaúcho e tirar um fininho.
   O paulista desviou, mas ouviu um baque. O carro levantou a velhinha, caindo bolsa para um lado, sapato e dentadura para o outro. Apavorado, o taxista não entendia como atropelou a mulher, se havia desviado o carro. Foi então que o gaúcho falou:
   - Tchê, essa tua mira tá tri desregulada. Se não é eu abro a porta, nós tinha perdido a velha.


Os operários e as areias da Arábia
     Com contratos para executar obras em vários pontos do mundo, uma construtora resolveu buscar operários no Rio Grande do Sul, já que, em outros Estados, os peões eram muito preguiçosos, dormiam em pé, na ponta da enxada. Reuniu em Bagé um número suficiente de candidatos e ouviu do líder deles:
    - Tchê, gaúcho não é de capinar sentado. É só nos dar um carrinho de mão e uma pá e a gente levanta um arranha-céu logo logo.
   Um grupo de gaúchos foi colocado em um avião com destino à Arábia Saudita. Pouco antes do pouso previsto para Riad, a aeronave teve um problema, arremeteu no aeroporto e teve de pousar no deserto.
   - Foi nessa hora, que o líder dos gaúchos olhou pela janela e comentou com os companheiros:
- Mas bá. Na hora em que vier o cimento, nós tamos fodidos.

Gaúcho não tem medo de norte-americano
     No centro de Bagé, na Praça Silveira Martins, um gaúcho da cidade e outro da campanha conversam sobre diversos assuntos até que vem à baila o poderio bélico dos Estados Unidos. O da cidade comenta que o armamento dos Estados Unidos é muito superior ao do Brasil.
 O da campanha retruca:
- Não é bem assim.
- E assim, sim. A diferença é tão grande que, se entrássemos em guerra com os americanos, eles apertariam um botão e a gente sumiria pelos ares...
- Pode até ser – insistiu o gaúcho da campanha – mas se eles erram o botão, nós tapemos eles de bala.

  O caso do gaúcho que caçou leão na selva africana
     Num voo sobre a Tanzânia, com mais de 200 passageiros a bordo, um gaúcho, exibido como todo gaudério, andava pra lá e pra cá dentro do avião, falando alto, oferecendo chimarrão pra todo mundo e querendo contar suas histórias de valentia. Já estava enchendo a paciência dos companheiros de viagem, quando o avião teve uma pane e fez um pouso de emergência na selva africana. Ninguém se feriu mas, sem comunicação com o mundo, logo logo ficaram sem alimentos. Então decidiram que alguém deveria ir buscar algum animal que pudesse ser abatido. Quando pensaram em quem iria, o gaúcho foi empurrado para fora da aeronave. Que fosse, já que garganteava que era valente e coisa e tal. O gaudério se levantou, andou 50 metros e se deparou com um leão. Imediatamente correu para o avião com o leão já no seu cangote. Quando a porta do avião se abriu, o leão deu um bote e quase abocanhou o gaúcho, passando por cima dele. No lance, o gaúcho, que tropeçara, pegou o leão pelo rabo, jogou dentro da aeronave e mandou fechar a porta rapidamente. Em seguida gritou: Vocês vão carneando esse que vou buscar mais.

O gauchão e a inaguração do primeiro consultório de urologia
     Pois um dia instalaram em Bagé o primeiro consultório de urologia. Um monte de médicos de todo o país se inscreveram e um paulista acabou sendo escolhido. Quando soube da notícia e lhe explicaram a especialidade do médico, Gaudêncio tomou um banho na sanga, botou água de cheiro e se mandou pra cidade. Chegando lá, foi recebido pela recepcionista e entrou no consultório do tal urologista, especialista em pênis. Despachado, tirou o "sujeito" pra fora e mostrou pro médico. Depois de examiná-lo, o urologista comentou curioso.
- Por que o senhor veio consultar? Não tem nada no seu pênis.
O gauchão abriu um largo sorriso e falou:
- Que não tem nada eu sei, doutor, mas que tal o bicho?

Uma história sobre o peão que namorava na cozinha do pai da china
   O capataz estava desconfortável ao saber que a filha namorava na cozinha da casa e se lembrou do tempo em que era jovem, quando ainda era consumidor e não distribuidor. Preocupado, bolou um plano para saber se o peão não estava se passando com a sua filha. Se fizesse o cara se levantar abruptamente, olharia na bombacha dele pra ver se tinha algum volume suspeito. Em caso positivo, iria passar-lhe o relho. Do plano para a ação: gritou da sala para a cozinha:
- Tchê, a tua égua se escapou com os arreios!!
O peão veio rapidamente para a sala, comentando:
- Eu vou bem agachadinho porque essa égua é muito matreira...

quinta-feira, 15 de março de 2012

EU QUERO QUE O BRASIL SEJA O ÚLTIMO COLOCADO


Que seja o último...






...em casos de corrupção
...em número de acidentes e de mortes no trânsito
... em falta de atendimento nos hospitais e falta de professores nas escolas
...em analfabetismo
...em erros médicos
...em número de assassinatos, furtos, assaltos, estelionatos, furtos e roubos de veículos, estupros, agressões
...em casos de desaparecidos não solucionados
...em casos de tráficos de drogas, de armas e tráfico de crianças, mulheres e órgãos
...em maus-tratos a crianças, idosos e animais
...em números da violência doméstica
...em casos de trabalho escravo
...em crimes contra a natureza
...em casos de tráfico de animais


Eu sei que é uma utopia. Mas só assim eu entenderia o ditado de que os últimos serão os primeiros


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

HOMENAGEM A UM CONTADOR DE CAUSOS MUITO ESPECIAL


Walter Vieira Nunes
Corriam os anos 60 no sobrado do povoado de Seival, majestoso diante da estação ferroviária, onde vivi parte da minha infância. Naquela época, ainda não existia televisão, e criança não tinha acesso ao botão do rádio, escutava-se o que os pais gostavam. Para conhecer as histórias do mundo, havia os livros da modesta biblioteca da escola, lidos avidamente, os filmes nos cinemas nas esporádicas visitas a Bagé, ou os causos contados com talento por um pai presente.
    E é a esse pai, Walter Vieira Nunes, que eu quero agradecer pelo carinho e dedicação que sempre teve por mim e pelos meus cinco irmãos. Nascido em 22/2/1922, se estivesse vivo, meu pai estaria completando 90 anos hoje.

 Sobrado: Andréa Carvalho pintou baseada em foto de Roberto Mog dos Santos 

Lembro-me como se tivesse sido ontem à noite. Sentados em um grande pelego, diante da lareira, na sala, algumas vezes acompanhados de primos, ouvíamos encantados os contos narrados por meu pai e tirados da memória. Ele estudou apenas até o quinto ano primário (hoje ensino fundamental), era magnífico em fazer contas “de cabeça”, mas não tinha o costume de ler. As histórias, porém, eram fabulosas, algumas cavernosas que nos arrepiavam, como a de um ser misterioso que deixava cair, um a um, braços e pernas do teto de uma casa para depois se juntarem ao corpo.
   Uma das histórias que mais me marcaram foi a de um jovem recém-casado que deixou a mulher no povoado em que viviam para conseguir um emprego decente que lhes proporcionasse um futuro digno, para eles e para os filhos que viriam. Não se onde meu pai tirava esses contos, mas deve ter sido uma transmissão oral de família. No ano passado, recebi um e-mail exatamente com esse conto, com algumas variações em relação ao que meu pai contava, mas o miolo era o mesmo. Não consegui descobrir a origem do e-mail. Com minhas palavras, recrio a história:
   “Pois Ernesto disse à esposa, Marina, que o esperasse. Assegurou que a amava e que nunca iria esquecê-la ou traí-la. Assim que conseguisse juntar um bom dinheiro, voltaria. E então ele viajou e arrumou emprego em uma estância bem longe dali. Trabalhador incansável, tinha muito talento para as lides do campo. E se destacou na arte de domar cavalos. Amansava os potros xucros que ninguém tinha coragem de montar e, sobretudo, era de uma retidão moral admirável. Isso o fez cair nas graças do patrão da estância, que havia perdido um filho adolescente, e o jovem o fazia lembrar-se dele.
   Ernesto fez um único pedido ao patrão. Não queria receber o dinheiro todo mês. Gostaria que o guardasse em lugar seguro e o entregasse apenas na hora em que ele fosse embora. Ele não era gastador e levava a vida entre os animais do campo, laçando, curando as bicheiras de bovinos e equinos, cuidando do gado. Quase não tinha diversão a não ser apreciar o espetáculo da Natureza. Ia ao povoado próximo apenas para comprar alguns mantimentos, poucas roupas e produtos de higiene. Seu talento fez com que o patrão o promovesse a capataz.
   O tempo foi passando e, de repente, já estava havia quase 20 anos na estância. Foi então que resolveu voltar para casa e realizar o sonho planejado. O capataz avisou ao patrão da sua saída, e foi um dia bem triste na estância, especialmente para o fazendeiro e para a mulher dele, que se afeiçoara àquele empregado competente e de bom coração.
   O estancieiro então trouxe uma mala com o dinheiro a que o funcionário tinha direito. A mulher dele entregou-lhe um bolo que ela mesma tinha confeccionado, mas alertou-o de que ele somente deveria cortá-lo quando estivesse na presença da esposa. O fazendeiro, por sua vez, depois de abraçá-lo comovidamente, dirigiu-lhe algumas palavras:
- Sinto como se meu filho estivesse saindo de casa. E, como se fosse para ele, deixo-te três conselhos que, tenho certeza, vão te ajudar na vida. E não nos esqueça. Teremos muito prazer em recebê-lo como visita.
Os três conselhos eram o seguinte: Nunca pouse em casa onde o marido for velho e a mulher, nova. Nunca troques um caminho antigo por um atalho. Não tomes decisões a partir de apenas um primeiro informe.
O rapaz guardou aquilo na cabeça, despediu-se dos patrões e dos outros empregados e se foi, a trotezito, no cavalo zaino que havia ganhado de presente. Era bem cedo quando saiu. Ele lançou um olhar de saudade para o campo no qual trabalhou, para o gado, para os cavalos, para os outros bichos criados pela Natureza e livres pelas coxilhas e matos. Na saída, ainda no escuro, divisou uma coruja com seus grandes olhos, pousada em um moirão da cerca, como se enviasse um adeus. Foi um início de uma longa cavalgada. Depois de duas ou três paradas, para dar água ao cavalo, acampou na beira da estrada do corredor para almoçar. Fez um foguito amigo, cozinhou uma panela de arroz carreteiro e depois ficou olhando para o horizonte, sentado sobre os pelegos, enquanto o zaino descansava.
Quando a jornada recomeçou, cruzou por quero-queros, admirou as garças nos banhados, viu preás atravessando a estrada e até capincho banhando-se no arroio. Quando estava anoitecendo, precisava parar para dormir e viu-se na frente de uma casa. Bateu palmas e gritou ô-de-casa. Surgiu um gaúcho de cabelos brancos, bota amarela, que lhe mandou apear. O proprietário do lugar ofereceu-lhe pouso.
- Tire os arreios do pingo, que já vou preparando um mate – disse o homem.
   Ainda estava afrouxando a cincha quando surgiu na porta uma mulher nova. Era linda, com cabelos cacheados e olhos azuis. Ele pensou que ela fosse filha do dono da casa e, quando a jovem se identificou como sendo esposa dele, Ernesto lembrou-se do patrão. Primeiro considerou aquilo um preconceito, mas decidiu obedecer ao conselho e interrompeu a retirada dos arreios. Já tinha recolocado o lombilho, a cincha e o pelego. Quando apertava a sobrecincha, chegou o dono da casa com uma chaleira na mão e o chimarrão na outra.
   - O senhor me desculpe, mas mudei de idéia. Agradeço a sua hospitalidade, mas decidi tocar de noite mesmo para chegar mais cedo no meu destino.
Mais tarde, conferiu pelas estrelas que já passavam das onze e meia quando se aproximaram dele três jovens cavaleiros. Os quatro conversaram sobre todos os assuntos, as carreiras de cancha reta, os bailões de arrasta-pé, até que Ernesto contou-lhes que desistira de pousar na casa do homem velho com mulher nova.
- Tu nem sabe o quanto tu acertaste – explicou um dos cavaleiros. - A mulher é tão sirigaita quando bonita, e o homem tem um ciúme doentio que só vendo. Já mais de três acabaram morrendo nas mãos dele durante uma pousada.
   Os quatro seguiram conversando até que um deles sugeriu:
- Neste ponto tem um atalho que nos permite chegar mais cedo à vila. Vamos lá?
   Ernesto lembrou-se do segundo conselho e decidiu continuar pela estrada velha. Depois de dormir uma hora no campo, chegou à vila, por volta das sete horas da manhã e dirigiu-se à casa em que morava havia 20 anos. Local havia  apenas uma tapera tomada de mato. Para saber notícias da mulher, foi até o único bolicho do povoado. Antes que pudesse fazer alguma pergunta, ouviu a conversa do dono da venda, que tomava chimarrão, com um dos fregueses. O homem que bebia uma caninha pura num copinho de vidro contou o sucedido na noite passada: três homens que cavalgavam foram assassinados e mortos no início da madrugada. Ernesto então lembrou-se de quanto estava certo o patrão da estância.
   A seguir, perguntou ao dono do armazém sobre o que havia sido feito de Marina. Ao ouvir o nome dela, o comerciante comentou:
- Ah, a mulher do padre. Ela reside a poucas quadras do local onde morava.
  Uma vermelhidão subiu pelo rosto do peão. Enquanto se dirigia para o local, amaldiçoava primeiro a si mesmo por ter demorado tanto, depois àquela a quem dedicara todo o seu amor e fidelidade. Sem conseguir raciocinar direito, pensou em matá-la e também o padre, se o encontrasse.
   Quando chegou à casa dela, nem bateu palmas. Passou pelo portãozinho de madeira e foi entrando. Na sala, encontrou Marina no sofá, fazendo cafuné no rapaz que vestia uma batina preta. Com os dedos, a mulher percorria o cabelo do religioso. Sem se controlar, Ernesto não disse uma palavra. Pegou o facão e investiu contra o padre. Foi interrompido pelo grito dela:
   - Não mata que ele é o teu filho!
   Foi então que ficou sabendo que havia deixado a mulher grávida. O filho cresceu e tornou-se padre.
   Os três abraçaram-se e choraram de alegria. Ernesto lembrou-se que a emoção não o deixara pensar no terceiro conselho: não tomar decisão baseado apenas no primeiro informe. Antes de começar a contar a sua história, Ernesto colocou o bolo sobre a mesa e, ao cortar a primeira fatia, teve mais uma surpresa: dentro do bolo, havia mais dinheiro enviado pela fazendeira, como prêmio pela sua dedicação e afeto a toda a família.
   No dia seguinte, o padre despediu-se dos pais e viajou para a paróquia à qual havia sido designado. Com o dinheiro recebido, Ernesto e Marina compraram uma boa casa e garantiram o futuro deles e de mais dois filhos naturais e dois adotivos. Com em todas as histórias antigas, foram felizes para sempre."

Filho de um uruguaio com uma brasileira, Walter Nunes nasceu em Bagé no dia 22/2/1922 e morreu, na mesma cidade, aos 81 anos, em 17 de novembro de 2003. Trabalhou em várias atividades, inicialmente como negociante de couros, depois como comerciante de secos e molhados e posteriormente agricultor e pecuarista. Foi subprefeito e subdelegado do distrito de Seival, então pertencente a Bagé, na década de 60. Casado com Ítala Pereira Nunes, era pai de Dóris (falecida em 2011), Dilmar (falecido em 2009), Plínio, Sandra, José Itamar e Valtuir.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

UMA PIADINHA PRA ALEGRAR ESTE CALORENTO SÁBADO À NOITE

     Há alguns anos, quando eu estudava inglês, traduzi, com a ajuda de uma professora, uma piada que conhecia em português. Tenho o texto em meus alfarrábios, mas ainda não consegui encontrá-lo. Estou colocando a piada conforme me vem à cabeça. É possível que tenha erro. Se alguém puder me ajudar, corrija, por favor.

    Two men arrive at Rio in a time machine. They met a policeman and they bet who’s better in reaching the target. The cop takes them to slum Rocinha. He chooses a little and fat boy and put him stand up against the wall which an apple on his head. The first man shoots and reach the apple in the meddle. He says: I’m William Tell.

     The second man takes aim and his arrow reach the apple too. He says: I’m Robin Hood.
The Brazilian cop takes his gun and shots. He says: I’m sorry.
   
Dois homens chegam ao Rio em uma máquina do tempo. Eles fazem amizade com um policial e eles apostam para ver quem é o melhor no tiro ao alvo. O policial então os leva para a favela da Rocinha. Ele escolhe um pequeno menino gordo e o coloca de pé, diante de uma parede, com uma maçã sobre a cabeça. O primeiro homem dispara sua flecha e atinge a maçã no meio. Ele diz: I'm William Tell.
   O segundo homem faz a mira e sua flecha atinge a maçã também. Ele diz I'm Robin Hood.
  O policial brasileiro pega sua arma e atira. E diz: I'm sorry.



terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

REAPROVEITANDO A ÁGUA DA LAVA-ROUPAS

Uma das palavras mais feias que conheço em português é desperdício. Na apenas pela sonoridade e pela grafia, mas principalmente pelo significado. Desperdício, seja do que for, está quase sempre impregnado de um sentido de burrice e até mesmo de injustiça. Desperdício de água, por exemplo, é mais do que uma burrice. É uma injustiça que se comete num tempo em que esse líquido tão importante para a vida humana está ficando escasso justamente pelo aumento desenfreado da população e do consequente consumo, isso sem falar nas políticas desumanas de quem tem poder no mundo. O químico francês Antoine Laurent de Lavoisier (1743 /1794) criou a célebre frase: "na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". O grande problema é no que algo se transforma e nos problemas gerados por uma transposição dos elementos químicos.
  Um dos desperdícios que me chamam muito a atenção é o da água usada pelas lava-roupas. Pouca gente se dá conta da grande quantidade do líquido que é jogado fora após uma lavagem. Embora eu nunca tenha visto uma máquina de lavar roupa com um sistema de reaproveitamento d'água acoplado, sei que existem residências modernas em que a água da lavagem é reaproveitada. Mas em 99,9% das casas, a água da lava-roupa se esvai pelo ralo.
 Quando eu ainda morava em apartamento, até quase três anos atrás, eu já pensava na questão. Pensei em conversar com o síndico do edifício para aproveitar a água das lava-roupas e usá-la na lavagem da calçada do prédio ali na frente do laguinho do Largo dos Açorianos, no Centro de Porto Alegre. De repente, até poderíamos ceder água para o lavador de carros que habitualmente trabalhava ali. Mas minha idéia ficou apenas no pensamento.
  Agora, em uma casa, voltei a analisar o assunto. Comecei a pensar na palavra desperdício porque, além de colocar fora tanta água na lava-roupa, ainda gastava mais com mangueiradas para limpar a área cimentada do pátio onde o labrador Bolt faz suas necessidades diárias. Com canos de PVC e uma garrafa pet, encontrei uma solução para reaproveitar a água. Com isso, economizarei não apenas a água do planeta, diminuindo minhas despesas, como também vou poupar com o sabão em pó que era usado junto com a mangueirada. Por conter sabão e amaciante, a água não é utilizável nas plantas. Para isso, pretendo comprar um tonel e usar uma calha para recolher a água da chuva.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

SOBRE PRIVACIDADE E CURIOSIDADE


A velhinha entrou na 15ª DP e foi pedindo providências à polícia. Era um absurdo, segundo ela, o que acontecia em uma determinada rua do Bairro Partenon. Um exibicionista costumava andar nu na sala de sua própria casa diante de um janelão de vidro permanente aberto e sem cortinas. Algo precisava ser feito, disse a mulher ao policial de plantão. O escrivão pediu-lhe calma. Primeiro seria feito o registro e depois então, a polícia iria até o local. Se fosse o caso, o homem poderia ser preso e depois processado por atentado ao pudor.
     Enquanto pegava os dados para a ocorrência, o policial estranhou o fato de a  residência da idosa ficar no bairro Glória, a mais de dois quilômetros da casa do tal exibicionista:
     - A senhora mora em um bairro, e o caso acontece em outro, minha senhora. Como é que a senhora sabe...
- Ah – interrompeu a velhinha – é que eu tenho um binóculo!
(Não lembro de onde tirei isso, que me veio à lembrança assim, sem mais nem menos)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

ENFERMEIRA DENUNCIOU, SEM QUERER, HOMEM QUE TRAÍA A ESPOSA

Adoro histórias reais. Uma delas me surgiu em uma conversa familiar. Depois de sair de uma festa, uma enfermeira carregava, em seu Chevette, uma colega e uma assistente social pela Avenida Ipiranga, quando o veículo estragou. Sem qualquer noção de mecânica, a motorista ficou atrapalhada. Um taxista, boa alma, chegou para ajudar. Disse que, a 150m dali havia uma oficina mecânica. Ela poderia deixar o táxi no posto de gasolina em frente e voltar no dia seguinte para pegá-lo. Como eram três mulheres, não teriam como empurrar o carro, que atravancava o trânsito. O motorista sugeriu que a condutora dirigisse o seu táxi que ele e suas colegas empurrariam o Chevette. Constrangida, a enfermeira pensou no mico que pagaria se alguma colega a visse dirigindo um táxi; imaginariam que ela tinha arrumado um bico. Ela chegou a entrar no táxi, mas disse que não conseguia dirigi-lo. Santa paciência. O taxista ajudava a empurrar o carro a cada cem metros e voltava para buscar seu táxi. Até chegarem ao posto de gasolina, onde o Chevette foi deixado. As três jovens foram para suas casas no mesmo táxi sem esquecer-se de agradecer ao motorista pela atenção e remunerá-lo com uma boa gorjeta.
   Tudo parecia ter terminado bem para a motorista do Chevette. Depois de ter acertado com o mecânico para consertar o carro – era um simples defeito elétrico – ela recebeu a notícia de que, no dia seguinte, poderia pegar o automóvel deixado estacionado na frente da oficina. No dia seguinte, outra surpresa. Um telefonema do mecânico, porém, anunciou mais um problema, agora mais relevante. Um automóvel com um casal havia batido no veículo estacionado. Os ocupantes fugiram com o carro, mas, feridos levemente, foram medicados em um hospital. Melhor seria se ele tivesse assumido os danos.
    A azarada dona do veículo atingido foi atrás do prejuízo. Com colegas de um hospital, informou o horário em que o casal foi atendido e o local da ocorrência. Assim, conseguiu o número do telefone residencial do dono do automóvel que bateu.
    Na casa, atendeu uma mulher:
– Estou ligando porque vocês bateram no meu carro e eu não tenho condições financeiras para consertá-lo?
– Como assim? – espantou-se a mulher, perguntando a seguir:
 – A que horas foi isso? Em que local?
   Foi então que ela percebeu tudo. O homem estava com uma amante. Mal e mal contendo a raiva, a esposa garantiu à motorista que seu prejuízo seria reparado.
– Me dá teu telefone e procura a oficina mais cara para consertar o teu carro. Ele vai pagar tudo direitinho - bufou a mulher como se colocasse no verbo pagar toda a sua indignação.
Pouco depois, ligou o próprio marido:
–  Pô, minha, porque tu ligaste lá pra casa? Agora tô enfrentando um problemão com a minha mulher
– O azar é teu. Quem mandou ser burro? Se tivesses deixado um bilhete com o telefone, não teria dado todo esse problema – desabafou a enfermeira.




segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O FURTO DAS JOIAS QUE ESTAVAM GUARDADAS NO OCO DA PIA

A manhã era linda naquele mês de outubro de 1974. Um céu azul e uma temperatura amena alegravam a vida de todo mundo. Menos a dela. Elvira nem curtia o canto dos passarinhos nas frondosas árvores da Redenção, nada a deixava menos irritada. Enquanto caminhava, só pensava naquilo. Como foi acontecer uma coisa daquelas? Como é que somem assim, de uma hora para outra, todas as suas economias? O arrependimento a corroía tanto quanto a perda das joias e do dinheiro. Também, por que teve a ideia idiota de usar o oco da pia como cofre?

   Tudo isso ela repetiu para o delegado da 10ª, na Rua Jacinto Gomes, bem pertinho do Hospital de Pronto Socorro. Queria ajuda para recuperar o que furtaram e também desabafar toda sua frustração, dividida entre a sua burrada e a ganância e desumanidade de quem a prejudicou.
- Quem mora com a senhora? perguntou o delegado, depois que o plantonista lhe passou aquela queixosa que parecia estar na iminência de ter um troço.
Ela tomou um copo de água, ficou mais calma e deu detalhes da sua história. Com 62 anos, ficara viúva havia poucos meses e vivia com a filha de 32 anos e a empregada de 20 anos, que ela mandara buscar no Interior do Estado.
Quando a mulher falou na empregada, o policial coçou o queixo, perguntou se era branca ou negra, e balbuciou “humhum”, quando foi informado de que se tratava de uma morena" termo usado para não dizer negra.
   – E de quem a senhora suspeita? Perguntou o delegado, já quase com a certeza de que a mulher iria falar na funcionária.
   – Eu suspeito do seu José – disse a idosa, acrescentando que, naquela semana, o homem havia realizado um trabalho na casa dela.
   – Ele havia feito um furo que ia do chão do meu quarto, no andar de cima até o teto do banheiro para fazer passar as canaletas da luz. Eu acho que ele resolveu me espiar nua e deve ter visto quando eu retirei o dinheiro que guardava, junto com as joias dentro do oco da pia em um saco plástico.

Dois policiais de corpo grande e cérebro pequeno foram investigar

  O delegado encarregou o caso para dois dos seus inspetores. Eram dois “armários” com cérebro do tamanho de uma ervilha. Eduardo e Ricardo foram ao local do crime para descobrir as circunstâncias do desaparecimento das joias e do dinheiro. Enquanto Eduardo subiu ao quarto da vítima, na companhia dela, Ricardo examinava o mocó, isto é, o lugar onde a idosa guardava as suas economias. Quando Eduardo chegou ao banheiro, percebeu que a entrada do buraco no oco da pia era pequena e só cabia a mão pequenina da mulher. Portanto, não teria sido o suspeito principal o autor do furto. Mas eis que o policial observa atentamente e vê uma rachadura na pia. Ao puxá-la para trás, notou que a pia estava quebrada. A suspeita contra o eletricista voltou.
   – Ele deve ter quebrado a pia, pegado o dinheiro e as joias e depois encostado de volta no lugar. Não há dúvida – raciocinou o inspetor Eduardo.
   – Um fusquinha branco com os dois brutamontes armados de revólver 38 parou diante de uma casa humilde na Vila Restinga. O velho eletricista foi buscado na horta, onde regava as plantas e colocado dentro do carro, debaixo de tapas e safanões pelos policiais que diziam “cadê as joias, cadê o dinheiro?”
   Quando a esposa do eletricista protestou, ouviu os gritos dos agentes dizendo que ele havia furtado joias da casa de uma pessoa para quem fizera biscates. Quando a velhinha insistiu na inocência dele, foi chamada de vagabunda e outros termos que nem é bom aqui repetir. Os policiais queriam que ela dissesse onde estavam as joias e a acusaram de estar mancomunada com o marido.
  
Inocente foi espancado para confessar o furto

De volta à delegacia, os dois inspetores passaram a bater no velhinho com um pedaço de pau. Usavam uma lista telefônica para abafar os golpes e não deixar manchas. Chegaram até a enfiar a cabeça dele em um barril de água para que confessasse onde estavam as joias. Depois de algum tempo sem nada conseguir, foram pedir ajuda ao delegado.
   – Major, abrimos o cara, tentamos de tudo e ele não confessa. Só nos resta agora usar a maricota.
   O delegado olhou para aquele frágil suspeito e não permitiu que usassem choque elétrico. Respirou fundo e pediu que lhe dessem todos os detalhes da investigação.
    – Aí, quando vi que a pia estava quebrada, tivemos a certeza de que ele era o culpado – relatou Eduardo.
Foi quando o outro tira, meio engasgado, comentou:
  –Tem um porém aí. Quem quebrou aquela pia fui eu quando subi para ver mais de perto o tal furo no teto.
O outro investigador ficou vermelho, possesso:
   – Mas como? Por que tu não disse isso lá, na hora?
   – Fiquei com vergonha de falar – desculpou-se o policial trapalhão.
     Eduardo perdeu a linha. Voou no pescoço do colega, e os dois rolaram no chão. Parecia uma luta livre de dois pesos pesados. Já havia uma desavença antiga entre eles. Certa vez, quando cumpriam uma missão de capturar um foragido, ao chegarem ao pequeno edifício em que ele morava, Ricardo foi interpelado pelo porteiro dizendo que era proibido fumar ali. Irritado e esquecendo-se de que estavam em operação discreta, passou a discutir aos gritos com o porteiro, insistindo que iria fumar sim e que era polícia. Ao ouvir os gritos e principalmente a palavra polícia, o procurado pulou uma janela no terceiro andar e fugiu pelo prédio vizinho.
   Agora estavam os dois ali não, um tentando acertar a cara do outro e o outro se defendendo. De baixa estatura, bigodes de Omar Shariff, o delegado sacou sua arma e, aos gritos, mandou os dois pararem com a briga. Depois que os brigões se acalmaram, o delegado definiu:
   - Não adianta chorar sobre o leite derramado. A merda já está feita. É o seguinte. Vocês passam umas pomadinhas no cara e levam ele para casa. Peçam desculpas e digam que vocês se enganaram. Se ele reclamar muito e ameaçar levar o caso adiante, lembrem de que coisa pior pode acontecer pra ele ou pra família dele. E sigam a investigação. Se não foi o eletricista, então vocês têm que descobrir quem foi. E não vou admitir enganos desta vez.
  

Empregada doméstica teria sido a autora do furto das joias?

 Com o rabo entre as pernas, os dois grandalhões levaram o ex-suspeito para casa e se concentraram para desvendar o caso.
  – Se era mão de mulher, então temos duas suspeitas – a empregada e a filha da velha – raciocinou o mais espertinho.
  – É, mas pode ter sido a própria velha, que já tá gagá e tirou o dinheiro dali e não sabe onde enfiou. Ou ela tá de sacanagem – opinou o outro.
   Ao investigar a vida da filha da vítima, os policiais descobriram que as duas brigavam muito. A mãe continuava querendo governar a vida da filha, embora ela já estivesse com 32 anos. Por causa disso, ela já desfizera dois noivados e não pensava mais em se casar.
  – Vamos apertar ela que ela conta onde está as jóias – sugeriu Ricardo, o inspetor mais burrinho, que já se esquecera do bode que deu a história do velhinho eletricista.
   Eduardo, o outro inspetor, contou até dez, suspirou e apenas comentou:
   – Vamos seguir investigando.
   A empregada, de 20 anos, havia sido trazida do Interior. Nada havia em sua ficha na Capital ou em Dom Pedrito, na Campanha, onde ela nascera e crescera numa estância onde o pai era peão. Foi por meio de uma vizinha, que os policiais ficaram sabendo de um namorado dela, que a encontrava às escondidas na praça, a meia quadra da casa. Ao levantar o nome do rapaz, os agentes descobriram que ele tinha antecedentes por furto e assalto. Levada à delegacia, a empregada não resistiu à pressão do interrogatório e confessou que pegou as joias a pedido do namorado, a quem ela disse nunca ter mais visto. Com os dados dele, os policiais o prenderam, mas disseram à velhinha que as joias haviam sido vendidas a um receptador e não foram mais localizadas.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ESPERO QUE O MUNDO ACABE EM 2012...


... com a fome
... com a miséria
... com a corrupção
... com a inveja
... com os maus-tratos aos animais
... com a maldade em geral
... com a competição desleal
... com o preconceito
... com a indiferença
... com a injustiça social
... com o consumo de drogas e
consequentemente com o tráfico
... com o lucro a qualquer preço
... com a desigualdade social
... com o mau humor
... com as guerras, terrorismos e opressões


ESPERO QUE, EM 2012,
... haja mais respeito à Natureza
... a vida seja mais valorizada e respeitada
... a união, colaboração e cooperação sejam feitas em benefício do progresso de todos
... as leis sejam cumpridas não apenas porque são leis mas porque garantem a segurança e o bem-estar de todos os cidadãos, entre elas a que proíbe uso de aparelhos de som sem fone de ouvido em ônibus
... que o atendimento à saúde seja eficiente e para todos
... que façamos crítica ao que está errado, que busquemos nossos direitos, mas que nunca esqueçamos de nossos deveres
... que os cientistas sejam valorizados e que lutem para descobrir maneiras de eliminar as enfermidades
...que os fumantes, assim como os toxicômanos se concientizem do grave erro que estão cometendo contra si e suas famílias
... que o automóvel não seja um veículo para transportar almas desta para a outra dimensão como vem ocorrendo a cada feriado
... que os contemplados pela fortuna sejam mais sensíveis para ajudar os menos afortunados
... que todos lutem pela paz sem abandonar seus ideais
... que a inteligência, a criatividade e o talento sejam usados em benefício da sociedade
... que surjam músicas mais bonitas, filmes mais inteligentes, jogos e gols mais emocionantes.
... que o respeito entre todos garanta a paz e alegria de viver.



Sem medo de profecias, que venha 2012


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

UM DOS MAIS INTELIGENTES E BONITOS VÍDEOS DA INTERNET




Se uma boa foto vale mais do que mil palavras, eu nem tenho ideia do assombroso número de palavras que usaria para dizer o mesmo que esse vídeo sem diálogos ou narração consegue nos transmitir. Diante disso, fico por aqui, emocionado com a capacidade de mostrar ideias corretas e imagens lindas. Parabéns às mentes privilegiadas que conceberam e fizeram esse trabalho.

domingo, 18 de dezembro de 2011

INVENTOR GANHA PRÊMIO POR AJUDAR A DIMINUIR DOR NO DENTISTA

Vladimir Airoldi criou uma broca que usa diamante
Este país é realmente estranho. Grande parte do povo tem heróis bem bizarros. Participantes de programas de televisão ficam confinados alguns meses, nada produzem nem material nem intelectualmente e são reconhecidos nas ruas. Alguns recebem presentes e empregos na televisão. A mídia dá enorme destaque até para um passeio na praia ou um simples abraço ou beijo. Alguns jogadores de futebol viram astros rapidamente, ganham salários astronômicos e tornam-se centros de interesse. Qualquer novidade sobre uma “celebridade” televisiva ou sobre um craque conhecido que muda um corte de cabelo, por exemplo, ganha espaço em jornais, rádios, jornais e internet.

     Já as pessoas que realmente fazem algo bom para a sociedade não são valorizados. Zapeando na TV a cabo, deparei-me ontem à tarde com a presidente Dilma Roussef participando da entrega do Prêmio Inovador do FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia) para a categoria inventor inovador. Era um tape do dia 15 de dezembro, dois dias atrás. Tive de suportar discursos e ouvir os nomes das empresas vencedoras, mas, sobre o ganhador da categoria “inventor inovador”, mal e mal ouvi o nome. Precisei pesquisar no Google.
   No site do FINEP, depois de ver os nomes das empresas destacadas, li que Vladimir Jesus Trava Airoldi, 55 anos, de São Paulo, doutor em Física pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), foi premiado por ter desenvolvido uma ponta ultrassônica com diamante-CVD e o seu processo de obtenção. O dispositivo pode ser usado em preparos dentários de qualquer especialidade, incluindo cirurgias ósseas buco-maxilares e ósseas, especialmente ortopédicas. Traduzindo: a invenção usa diamante na broca de dentista e substitui a rotação pelo ultrassom, reduzindo barulho e dor e protegendo o tecido. Vladimir trabalha no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e esteve na NASA há 20 anos, fazendo pesquisas. A categoria Inventor Inovador era apenas para candidatos com patente concedida no INPI e efetiva comercialização de suas criações nos últimos três anos


Por falar em inventor, você sabe quem criou o aparelho Bina e o que esse nome significa? Veja em http://vidacuriosa.blogspot.com/2008_06_01_archive.html


Os outros ganhadores do Prêmio Inep foram os seguintes:


* Grande Empresa: Braskem, a maior produtora de resinas termoplásticas das Américas e maior produtora mundial de polipropileno e PVC, utilizados na fabricação de sacos e embalagens plásticas, brinquedos, copos descartáveis, material hospitalar esterilizável, autopeças, material aquático (como pranchas) e outros.


* Pequena Empresa: Reason Tecnologia (SC), empresa de capital nacional que se dedica a desenvolver soluções de alto valor agregado para o sistema elétrico e industrial, com tecnologia totalmente nacional.


* Média Empresa: Scitech Produtos Médicos (GO), fundada em 1996, teve como primeiro desafio implantar no país a primeira fábrica 100% brasileira dedicada a desenvolvimentos próprios e inovações em produtos da área da saúde inseridos no mercado de dispositivos médicos minimamente invasivos.


* Instituição Científica e Tecnológica: Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (PE), foi criado em 1974 e oferece cursos de graduação e pós-graduação. Trata-se de um dos centros brasileiros de referência em várias áreas da Computação, como Engenharia de Software, Inteligência Artificial, Linguagens de Programação, Lógica, Redes, Sistemas Distribuídos e Sistemas de Computação.


* Tecnologia Social: Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas (Amapá) foi premiada pelo projeto Manejo Comunitário de Camarão de Água Doce. O sistema usa armadilhas graduadas para capturar apenas camarões grandes, liberando os que ainda não estão aptos ao consumo. Isso permite que os estoques naturais da espécie se mantenham.






sábado, 3 de dezembro de 2011

PARABÉNS AOS VENCEDORES DO PRÊMIO ARI 2011

       
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                                                                                      Foto Fernando Gomes
Em cerimônia realizada na manhã de sexta-feira (2/12), no Theatro São Pedro, foram revelados os vencedores do Prêmio ARI de Jornalismo 2011, promovido pela Associação Riograndense de Imprensa. Um detalhe deste ano é que, entre os vencedores de primeiro e segundo lugar, apenas dois não são de veículos de Porto Alegre: Paulo Rossi, do Diário Popular de Pelotas, 2º lugar em foto jornalismo, e Gilmar Luiz Tatsch, O Tacho , que também foi segundo colocado com charge publicada nos jornais do Grupo Sinos. Cinco colegas foram agraciados com dois prêmios cada um: Luís Antônio Araújo (Zero Hora), foi segundo colocado em reportagem geral e menção honrosa em reportagem cultura, ambas em jornais. Tacho foi segundo lugar em charge e também em planejamento gráfico. Fábio Almeida foi primeiro colocado em reportagem geral de rádio, junto com Cid Martins, pela Gaúcha) e segundo lugar em reportagem geral de telejornalismo, pela RBSTV. Glauco Pasa, também da RBSTV, ganhou o primeiro lugar e levou ainda menção honrosa, na categoria reportagem esportiva. Mariana Oselame ficou em segundo em reportagem esportiva de jornal, pelo Correio do Povo e menção honrosa em reportagem esportiva em radiojornalismo pela Guaíba. Outra curiosidade: Mário Marcos de Souza, descartado por Zero Hora no final do ano passado, promoveu pela última vez seu ex-veículo com mais um Prêmio ARI: neste ano, foi segundo lugar na categoria crônica.

                               OS VENCEDORES

JORNALISMO IMPRESSO
                                        Reportagem Geral
Clóvis (foto Mateus Pasqualini)
1º lugar: Clóvis Victória, do jornal Extra Classe, do Sinpro (Sindicato dos Professores Particulares), com o trabalho Esperança para o Sinos, publicado em julho, agosto e setembro de 2011.
2º lugar: Luiz Antonio Araújo (Zero Hora), com Um Soldado no Afeganistão, publicado de 28 a 31 de julho de 2011.
Menção Honrosa para Itamar Melo (Zero Hora), por A Face Gaúcha da Miséria, publicado de 31 de julho a 7 de agosto de 2011.

                                     Reportagem Esportiva
Carlos Corrêa
1º lugar - Carlos Corrêa (Correio do Povo), com           A Pressão Sobre Quem Fica, publicado no dia 5 de setembro de 2011.
2º lugar: Mariana Oselame (Correio do Povo), com Esporte de Elite, publicado de 21 a 23 de março de 2011.
Menção Honrosa - José Luis Costa (Zero Hora) –
No Último Minuto, publicado de 2 a 4 de janeiro          de 2011.






Marta Sfredo
Reportagem Econômica
 1º lugar: Marta Sfredo (Zero Hora), com O Paraguai Que Reluz, publicado em 15 de maio de 2011.
2º lugar - Leandro Brixius (Jornal do Comércio), com Missão Gaúcha na Feira Anuga, na Alemanha, publicado de de 7 a 13 de outubro de 2011.Menção Honrosa: Patrícia Comunello (Jornal do Comércio) por Biodiesel: O Ouro Dourado Abre Caminhos de Velhas Economias, publicado em     29 de agosto de 2011



Fabio Prikladnicki
Reportagem Cultural 1º Lugar: Fabio Prikladnicki   (Zero Hora) – com A Arte de Se Queixar, publicado em 16 de julho de 2011.
2º Lugar: Michele Rolim (Jornal do Comércio) com Tesouros do Poder, publicado de 13 a 15 de maio        de 2011.Menção Honrosa: Luiz Antonio Araújo (Zero Hora) por    O Ouro dos Farrapos, publicado em 17 de setembro      de 2011.





          Crônica
Moisés Mendes
1º Lugar - Moisés Mendes (Zero Hora), com a crônica Maria Madalena e Patrícia Acioli     publicada em 21 de agosto de 2011.
2º Lugar - Mário Marcos de Souza (Zero Hora),  com Espantem o Abutre, publicada em 26 de novembro de 2010 na coluna de Paulo Santana como interino.Menção Honrosa: Paulo Mendes (Correio do Povo), por Para que Nunca Sejam Esquecidos, publicado em 10 de abril de 2011.                                  Fotojornalismo





Tadeu Vilani
1º Lugar: Luis Tadeu Vilani (Zero Hora), com a fotogafia  A Face Gaúcha da Miséria publicada em 31 julho a 7 de agosto de 2011. 
2º Lugar: Paulo Rossi (Diário Popular, Pelotas), com
A Enchente em São Lourenço Deixa Oito Mortos e 15 mil Desalojados, publicada de 11 a 17 de março de 2011.Menção Honrosa: Bruno Alencastro (Correio do Povo), com Soterrados, publicada de 28 de agosto de 2011.
Foto também premiada no Esso do ano passado
Planejamento Gráfico
Diego Borges
1º Lugar: Diego Borges da Silva (Zero Hora), com O Brasil de Bombachas, publicado de 27 de maio a 24 de junho de 2011.2º Lugar: Gilmar Luiz Tatsch, O Tacho (Jornais do Grupo Sinos) com Roteiros da Serra, publicado em de agosto de 2011.
Menção Honrosa: Ana Maria Benedetti (Zero Hora) por A Face Gaúcha da Miséria publicado de 31 de julho a 7 de agosto de 2011.                                      
    
                            Charge

Santiago
1º Lugar: Neltair Rebés Abreu, o Santiago (Jornal Extra Classe, do Sinpro (Sindicato dos Professores Particulares), com Vovôs Torturadores, publicado em dezembro de 2010.2º Lugar: Gilmar Luiz Tatsch, O Tacho (Jornal NH) com

Vovôs Torturadores ficou em primeiro lugar em Charge
Nossas Façanhas, publicado em 15 de dezembro de 2011.








         



RADIOJORNALISMO
                                                          Reportagem Geral

1º Lugar: Cid Martins e 
Fábio Almeida (Gaúcha), com Comércio Ilegal de Explosivos, veiculado em 29 de maio de 2011.
2º Lugar: Paulo Rocha (Band News FM), com Primeiros Estudantes Beneficados pela Política de Cotas Raciais, veiculado de 11 a 13 de julho de 2011.Menção Honrosa: Nestor Tipa Junior (Gaúcha), por Quilombos Urbanos veiculado em 26 de março de 2011.



Eduardo Gabardo
Reportagem Esportiva
1° Lugar: Eduardo Gabardo (Gaúcha), com Solidariedade no Peru, veiculado em 26 de março de 2011
2º Lugar - Carlos Guimarães (Band AM), com À Espera de Ronaldinho, veiculado de janeiro a outubro de 2011.Menção Honrosa: Mariana Oselame (Guaíba), por Esporte de Elite, veiculado em 19 e 26 de fevereiro e em 5 e 12 de maio de 2011.




TELEJORNALISMO
Filipe Peixoto
Reportagem Geral
1º Lugar: Filipe Peixoto (TV Bandeirantes), com a reportagem O Sonho de um Pequeno Bailarino, veiculado entre os dias 21 e 31 de outubro de 2011, e Giovani Grizotti (RBS TV), com o trabalho A Máfia dos Pardais.
2º Lugar: Fábio Almeida (RBS TV), com Tráfico de        Explosivo, veiculado em 29 de maio de 2011.





                 
                  Reportagem Esportiva
Glauco ganhou dois prêmios
1º lugar: Glauco Pasa (RBS TV), com Quando Renato Gaúcho era Renato Portaluppi, que foi ao ar no período de 16 a 28 de outubro de 2011.2º lugar: Fernando Becker (RBS TV), com Inter na Copa Audi, a Convivência com os Grandes do Futebol Mundial, veiculado de 24 a 28 de julho de 2011.Menção Honrosa: Glauco Pasa (RBS TV), Futebol: Fama e Drama.02 de dezembro de 2010.


 WEBJORNALISMO
Kadão e Kamila levaram o prêmio da Web
1º Lugar: Kamila Almeida e Ricardo Chaves (site de Zero Hora) com Vidas Ausentes, postado em 14 de novembro de 2010.
2º Lugar: Paulo Serpa Antunes (Site do Jornal do Comércio), com Mande um Tweet Para Seu Vereador, postado em 31 de julho de 2011.
Menção Honrosa: Isabel Marchezan e equipe (Portal Terra) por Cobertura Especial dos 10 anos do 11 de Setembro, postado de 1º de agosto a 15 de setembro de 2011.







HOMENAGENS ESPECIAIS
Trabalhos que registram os 50 anos da Legalidade
Menção Honrosa Especial: Maria da Graça Bicca Vasques, (TVAssembleia), Paulo Roberto Raymundo da Rocha (da Rádio Band), Nilson Cezar Mariano, (Zero Hora) e Danton José Boatini Júnior (Correio do Povo)


CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL A COMUNICAÇÃO SOCIAL – PRÊMIO ANTONIO GONZALEZ
Site de Notícias Sul 21, Área de Desenvolvimento de produtos digitais do Grupo RBS, ESPMEscola Superior de Propaganda e Marketing e Jornal Metro, Porto Alegre

Fontes: Coletiva.Net, Site da ARI e outros.