sexta-feira, 20 de junho de 2014

UMA HISTORIAZINHA COM CENÁRIO DA COPA

Ele bebia em um bar do Mercado Público. Só ele e o violão, que descansava na outra cadeira. Pensava na vida do país, na Copa, em sua própria existência. De repente, ouviu uma música sem identificar de onde vinha. Máscara Negra, criada por Zé Kéti e Pereira Neto para o carnaval de 1967, soava maviosamente na voz de Dalva de Oliveira. Foi então que ele pegou uma caneta e começou a rabiscar uma paródia no guardanapo de papel. Terminou sua obra junto com a terceira cerveja. Pagou, saiu do Mercado e parou no meio do Largo Glênio Peres com a letra da paródia decorada, no meio do álcool que lhe alegrava o cérebro. Pegou o violão, autoacompanhou-se e cantou:

 
Tanto roubo, quanta hipocrisia,
milhões de palhaços no país,
a bola tá rolando, e o povo se orgulhando
pensando que é feliz.
A mesma máscara negra
que esconde os protestos
encobre a corrupção.
Eu sou o trabalhador,
que só ralou
que se ralou, meu amor.
Vou chutar o balde
não me leve a mal
quero é hospital.

Foi então que percebeu um monte de gente escutando. Um grupo dizia "é isso mesmo", outros, com bandeirinhas da Copa do Mundo e camisetas de futebol, não gostaram. Ele parou de tocar, voltou para o Mercado, atravessou-o, pegou o trensurb e desapareceu.
(IF 100%)

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