Na leitura de "Eu, Cláudio, Imperador", de Robert Graves, em tradução de Mario Quintana (terceira edição, 1962), deparo com uma passagem que me fez lembrar a frase "Se a lenda é mais interessante que a realidade, publique-se a lenda", do filme "O Homem que Matou o Facínora", de John Ford, estrelado por John Wayne. A situação semelhante se deu na autobiografia de Claudius, onde há o relato de um diálogo entre o célebre historiador Tito Livio e o não menos importante personagem Asinius Pollo, do qual eu nunca havia tomado conhecimento.
Os dois historiadores discutiam estilos de narrativa histórica. Pollo acusava Tito Livio de falsear a história, que, para Pollo, deve uma narrativa exata dos fatos, dos feitos dos homens, sobre o que fizeram e disseram, da maneira como viveram e morreram. O argumento de Tito Livio me chamou atenção para a questão de muitos, principalmente nos dias de hoje, preferirem a lenda aos fatos.
- Adoto de bom grado todos os episódios legendários que se ligam ao meu assunto: a grandeza antiga de Roma - se ele não são verdadeiros em detalhe, certamente o são em espírito. Quando encontro duas versões do mesmo episódio, escolho a que mais se aproxima do meu objeto. Não vou escavar os cemitérios etruscos para descobrir uma terceira versão que talvez contradiga as outras duas, para quê?
- Para servir a causa da verdade - disse Pollo. Ao comentar o fato, me vêm à mente historiadores brasileiros, alguns deles ufanistas e simplesmente copiadores de outros historiadores e principalmente, os políticos. Para estes, os correligionários do presente e o passado primam ou primaram pelo heroísmo e pelas ações em favor do povo quando, na verdade, tomaram decisões apenas com o objetivo de beneficiar a si mesmos ou ao seus parentes e amigos.
Os dois historiadores discutiam estilos de narrativa histórica. Pollo acusava Tito Livio de falsear a história, que, para Pollo, deve uma narrativa exata dos fatos, dos feitos dos homens, sobre o que fizeram e disseram, da maneira como viveram e morreram. O argumento de Tito Livio me chamou atenção para a questão de muitos, principalmente nos dias de hoje, preferirem a lenda aos fatos.
- Adoto de bom grado todos os episódios legendários que se ligam ao meu assunto: a grandeza antiga de Roma - se ele não são verdadeiros em detalhe, certamente o são em espírito. Quando encontro duas versões do mesmo episódio, escolho a que mais se aproxima do meu objeto. Não vou escavar os cemitérios etruscos para descobrir uma terceira versão que talvez contradiga as outras duas, para quê?
- Para servir a causa da verdade - disse Pollo. Ao comentar o fato, me vêm à mente historiadores brasileiros, alguns deles ufanistas e simplesmente copiadores de outros historiadores e principalmente, os políticos. Para estes, os correligionários do presente e o passado primam ou primaram pelo heroísmo e pelas ações em favor do povo quando, na verdade, tomaram decisões apenas com o objetivo de beneficiar a si mesmos ou ao seus parentes e amigos.
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