quinta-feira, 9 de abril de 2020

DIFICULDADES DE UM ESTRANGEIRO COM O PORTUGUÊS BRASILEIRO

     Nestes tempos de confinamento social na luta contra o novo coronavírus, busco no computador antigas mensagens. E curti um post cuja autoria se perdeu. É sobre duas coisas que mais me encantam profissional e  pessoalmente: o bom humor e as curiosidades da Língua Portuguesa falada pelos brasileiros.

  1. Na recepção de um salão de convenções, em Fortaleza:
    Por favor, gostaria de fazer minha inscrição para o Congresso.
    - Pelo seu sotaque vejo que o senhor não é brasileiro. O senhor é de onde?
    - Sou de Maputo, Moçambique.
    - Da África, né?
    - Sim, sim, da África.
    - Aqui está cheio de africanos, vindos de todas as partes do mundo. O mundo está cheio de africanos.
    - É verdade. Mas, se pensarmos bem, veremos que todos somos africanos, pois a África é o
    berço antropológico da humanidade...
    - Pronto, tem uma palestra agora na sala meia oito.
    - Desculpe, qual sala?
    - Meia oito.
    - Podes escrever?
    - Não sabe o que é meia oito? Sessenta e oito, assim, veja: 68.
    - Ah, entendi, meia é seis.
    - Isso mesmo, meia é seis. Mas não vá embora, só mais uma informação: a organização do Congresso está cobrando uma pequena taxa para quem quiser ficar com o material: DVD, apostilas, etc. Gostaria de encomendar?
    - Quanto tenho que pagar?
    - Dez reais. Mas estrangeiros e estudantes pagam meia.
    - Hmmm! que bom. Aí está: seis reais.
    - Não, o senhor paga meia. Só cinco, entende?
    - Pago meia? Só cinco? Meia é cinco?
    - Isso, meia é cinco.
    - Tá bom, meia é cinco.
    - Cuidado para não se atrasar, a palestra começa às nove e meia.
    - Então já começou há quinze minutos, são nove e vinte.
    - Não, ainda faltam dez minutos. Como falei, só começa às nove e meia.
    - Pensei que fosse às 9:05, pois meia não é cinco? Podes escrever aqui a hora que começa?
    - Nove e meia, assim, veja: 9:30
    - Ah, entendi, meia é trinta.
    - Isso, mesmo, nove e trinta. Mais uma coisa senhor, tenho aqui um fôlder de um hotel que está fazendo um preço especial para os congressistas. O senhor já está hospedado?
    - Sim, já estou na casa de um amigo.
    - Em que bairro?
    - No Trinta Bocas.
    - Trinta bocas? Não existe esse bairro em Fortaleza, não seria no Seis Bocas?
    - Isso mesmo, no bairro Meia Boca.
    - Não é meia boca, é um bairro nobre.
    - Então deve ser cinco bocas.
    - Não, Seis Bocas, entende, Seis Bocas. Chamam assim porque há um encontro de seis ruas, por isso seis bocas. Entendeu?
    - E há quem possa entender? 




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