Eu estava aqui pensando. Acho que sou uma das pessoas mais curiosas que eu conheço, se é que me conheço bem. Meu amigo Renato Gava, porém, é muito mais curioso do que eu. A maior maldade que se pode fazer a ele é adiantar que tem algo a lhe contar mas que, no momento, não tem tempo, porque precisa sair. Pois ele vai tentar atrasar a sua saída, segurá-lo pelo braço ou pela roupa e até acompanhá-lo até onde puder, insistindo efetivamente para que você lhe conte. Na próxima vez em que vocês se encontrarem, antes de dizer "olá", ele perguntará o que era aquilo que você iria lhe diz
Pois eu me lembrei do Gava e de mim mesmo, ao ver hoje, na TV, o primeiro comercial do "Taca-lhe pau Nesse Carrinho, Marcos", Minha curiosidade, nesse caso, já havia sido satisfeita com o Facebook, porque me levara até a origem da expressão. Em dezembro do ano passado, dois garotos gravaram um vídeo sobre uma descida de carrinho no Morro da Vó Valdelina, avó deles, em Taió, Santa Catarina, colocaram no youtube e quase todo mundo viu. E sempre me interesso pra saber de onde surgem as gírias, as expressões e os nomes. Isso me fez lembrar também do amigo facebookiano Ari Riboldi, autor do livro O Bode Expiatório, sobre expressões curiosas. Repetimos, normalmente sem saber a origem, ditos como "Agora é tarde, Inês é morta", "A ficha ainda não caiu", "Até aí morreu Neves", além do atualíssimo Taca-lhe pau nesse carrinho, Marcos Veio.Sobre a Inês, li em um livro do pesquisador Câmara Cascudo e transcrevo aqui, do Google: A história aconteceu em Portugal. Inês de Castro foi amante do príncipe Dom Pedro I (1320-1367), de quem era prima. O pai dele, Afonso IV, mandou exilá-la e prendê-la em um castelo. Além disso, obrigou Dom Pedro a se casar com uma dama da corte. Em 1345, quando morreu Constanza, a mulher de Dom Pedro, ele trouxe Inês para viver com ele e teve quatro filhos com ela. Afonso IV então mandou eliminá-la. Após a morte do pai, Dom Pedro prendeu os matadores de Inês, colocou o cadáver da amada no Mosteiro de Alcobaça e a declarou rainha mesmo depois de morta. Essa história foi contada por Camões em sua obra Os Lusíadas, e a frase "agora é tarde, Inês é morta foi se repetindo na cultura portuguesa e ocidental.
Os jovens e os que ainda virão talvez repitam que a ficha ainda não caiu com ideia do significado, mas sem saber de onde ela saiu. É que já não há mais fichas telefônicas e os telefones públicos estão praticamente obsoletos em tempos de Internet, celular e mídias sociais. É que, introduzida uma fichinha para fazer funcionar o orelhão, a ligação custava a se confirmar, daí a expressão. E Joaquim Pereira Neves foi um assessor do Padre Feijó, brutalmente assassinado, decapitado por indígenas, o Neves, não o regente. Logo após a morte, e durante algum tempo, não se falava em outra coisa no Rio de Janeiro, então capital do Império. Aí algum malando do tipo do Guri de Uruguaiana, criou a expressão Até aí morreu o Neves, querendo alguma notícia que não fosse da morte do assessor do Feijó.
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