domingo, 5 de maio de 2013

AVENTURAS DO AMIGOMEU NA CAPITAL

Amigomeu é um cara tosco, mas tem bom coração. Gosto dele. Por ter nascido e morado em uma região longínqua da campanha gaúcha, acostumado com o contato com os animais xucros, na solidão do pampa, e com pouco conhecimento das modernidades, ele se criou assim um pouco solto das patas. Mas tem um coração enorme, tão grande quanto a sua ingenuidade.
    Logo que veio para Porto Alegre, sem programa e sem dinheiro, saía a caminhar, a olhar edifícios mais compridos do que os mais altos eucaliptos lá de fora, as vitrines, as ruas bonitas, cheias de chinocas lindas. Um dia, caminhando pela bela e florida Avenida Bastian, no Menino Deus, notou que um menino pequeno pulava na ponta dos pés para tentar acionar a campainha. Solícito, aproximou-se do garoto e perguntou se ele queria ajuda.
- É que não alcanço ainda e tô querendo tocar a campainha.
- Deixa comigo que eu sou canhoto – disse o gauchão, com uma felicidade sem tamanho dentro do peito.
Com o dedão, apertou a campainha, sorriu e falou para o piá:
- Pronto. E agora?
- Agora é correr – disse o garoto, saindo em disparada, dando risada e dobrando a esquina, em direção à Avenida Getúlio Vargas.
Surpreso, Amigomeu mal teve tempo de correr também, mas passou sebo nas canelas. Deitou o cabelo, como se dizia lá em Bagé, mas ainda ouviu o grito de um homem idoso, vestindo pijama que chegou a avistá-lo.
- Mas que barbaridade! Um baita homem desse brincando de tocar campainha.

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