domingo, 15 de maio de 2016

AUDIÊNCIA PÚBLICA XII

Ler ou não ler; eis a questão


Tenho lido e ouvido, principalmente de autores, queixas de que a população já não lê e ocupa suas mentes com mídias mais modernas. Lembro de um intelectual que foi secretário na administração municipal que se queixou dos leitores. Naquela época, quando não havia Facebook, ele havia vendido apenas 48 exemplares três meses após o lançamento de um livro. Como nem os amigos compraram, e ele já tinha boa projeção no meio, suspeito que o problema não estivesse totalmente no público.
        Atualmente, não é muito comum ver pessoas com livros nas ruas. No ônibus, de vez em quando vejo alguém lendo. Mas como saber sobre a leitura que existe nos lares e em outros lugares não públicos?
Foi pensando nisso, que me chamaram atenção dois casos na sexta-feira. No banco, ouvi uma vigilante com cerca de 35 anos comentando sobre um livro que acabara de ler e que ficou emocionada. Destacou que era daqueles livros que se tem muita dificuldade de parar de ler e que, em alguns trechos, não conseguiu evitar que suas lágrimas lhe banhassem as faces.
         Tal descrição me forçou a perguntar de que livro se tratava. A obra se chama "Pontes de Lembranças", psicografado por Eliana Machado Coelho e ditado pelo espírito Schllida,. A vigilante havia comprado o livro em uma casa espírita localizada ao lado do banco em que ela trabalha, próximo à Ponte de Pedra, no Largo dos Açorianos. O Google diz que a obra conta a história de Berlinda e Maria Cândida, duas grandes amigas que, depois de longa separação, reencontram-se e colocam suas vidas em dia, revigorando a amizade que parecia perdida no tempo.


         
                                Anedotário da Rua da Praia

Mais tarde, a segunda referência. Após retirar uma receita para o meu filho Luciano, em uma clínica do Bairro Glória, conversei com o recepcionista da portaria principal sobre uma autorização para fotografar o lugar, com prédios antigos em meio a um bosque e uma colina, especialmente um, que ostenta um sino na fachada. Foi o sino que me lembrou um personagem real de um livro. O porteiro comentou que havia lido o anedotário da Rua da Praia, de Renato Maciel de Sá Júnior. Rimos das pegadinhas que o Odone Grecco aprontava na Porto Alegre antiga, como amarrar um cordão no badalo da Igreja Nossa Senhora da Conceição, no bairro Independência, ao lado da casa dele, estendendo-o até o seu quarto. Na noite escura, ele puxava a cordinha, e fazia o padre e a vizinhança inteira achar que era coisa de alma de outro mundo.

Um comentário:

  1. É uma lástima que as pessoas sejam levadas pela mídia a ler porcarias sub literárias tais como os Paulo Coelho que vendem tanto. Ainda assim, melhor ler que não ler. O que não se usa, atrofia!

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