sábado, 2 de abril de 2016

O ASSASSINATO DA ÁRVORE

Acordo com o som estridente e intermitente de uma motosserra. Parece aquele ruído do antigo motorzinho de um dentista de mau humor, insensível, que desiste de salvar um dente sadio,  preferindo arrancá-lo pela raiz.
      Levanto e percebo que estão cortando a arvore na divisa com o meu terreno nos fundos do pátio. O temporal de 29 de janeiro quebrou um galho da árvore e o deitou sobre o telhado da minha garagem. Hoje cortaram a árvore por completo a pedido do proprietário e dos inquilinos. Eu só queria que tivessem tirado o grande galho quebrado. 
      Os donos do local alegaram que o vegetal os incomodava e que suas raízes ameaçavam derrubar o muro. É muito mais fácil destruir uma árvore do que reerguer um muro.
     Agora olho aquele vazio com tristeza. É só um vazio. Sem aquela beleza verde, sem a sombra, sem os pássaros, sem mais nada. Mas enfim, a árvore não era minha,não estava no meu terreno.
     Senti no ar um clima de tristeza. Foi como se ouvisse um lamento ou sentisse pingos de lágrimas do céu. Com certeza, eram do choro da alma de quem plantou aquela árvore. Que Deus a console. Amém.


Vendaval de 29 de abrir arrancou pedaço da árvore do vizinho
Cortaram a árvore privando-me da sombra e do canto dos pássaros

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