segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O MAIOR MICO QUE O AMIGOMEU JÁ PASSOU NA VIDA

Amigomeu é um cara meio tosco, vocês sabem, e um pouco atrapalhado. Muito eu diria. E me diverte com suas peripécias. Mas, nessa atrapalhada que ele me contou, não  consegui rir. Num domingo de manhã, durante um chimarrão lá na casa dele, entre comentários sobre este país inacreditável, o Amigomeu me contou sobre o mais desastroso mico que passou recentemente. E culpou as autoridades por permitirem pessoas vivendo e defecando pelas ruas. Sobrou também para quem leva cães para passar e deixa o resultado das necessidades fisiológicas dos caninos pelo caminho.
  Amigomeu tem um cão, o Brisa, nome batizado em homenagem ao saudoso Leonel Brizola, ao qual seu pai tinha grande admiração. Quem sai para passear com o cachorro pelas ruas é o neto do Amigomeu, que ele chama carinhosamente de Capincho. Numa das vezes em que os dois saíram, Amigomeu foi atrás discretamente e viu que o neto não limpou o cocô que o cachorro largou no chão. O avô ficou uma fera. Orientou-o a levar um saquinho de plástico para recolher as fezes do Briza e colocar na lixeira.
       Voltando ao mico do Amigomeu, foi o seguinte. Num dia desses, ele foi consultar um médico no centro de Porto Alegre. Contou que, no elevador ouviu uma mulher dizer:
- Que cheiro horrível!
Ele nem se tocou o que era. Subiu para a sala de ecografia, pegou senha e ficou esperando, sentado em uma cadeira. Foi então que chegou uma enfermeira e disse para ele, o mais discreta que pôde:
- Por favor, deixe os seus tênis no banheiro e aguarde a chamada para o exame.
Foi ai que ele notou uma mancha preta próximo ao calcanhar do pé esquerdo. No banheiro, descobriu que havia pisado em uma grande massa escura e mal-cheirosa. Ele relembrou dizendo que sentira vontade de não mais voltar à sala,  se enviar vaso adentro e puxar a descarga. Ao começar a retirar a sujeira, não conseguia resolver o problema. Depois de gastar quase um rolo inteiro de papel higiênico, tentar lavar o tênis, deixou o calçado em um canto e foi esperar na sala. Aguardava ele ali, de meia, agradecendo ao menos para o fato de naquele dia não estava com os carpins desaparceirados, como ele chama as meias.
    Pobre Amigomeu! Relatou que os minutos se passavam como eternidades. Via um filme com tartarugas e lesmas se arrastando pelo meio da sala. Até que foi chamado para o exame. Envergonhado, pediu desculpas, fez o exame e saiu o mais rapidamente que pôde. Na saída, a enfermeira ainda sacaneou:
- Não vá esquecer os tênis no banheiro!

I.F. 20%

  

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