terça-feira, 7 de julho de 2015

NA AUSÊNCIA UMA REFLEXÃO PORQUE NUNCA É TARDE PARA SER FELIZ

Já é tarde. Abri a porta da cozinha e olhei pro céu em busca da Lua como sempre faço nesses períodos em que ela está mais cheia, mais bela. Prescrutei todos os cantos do firmamento e não a encontrei.
Tudo estava escuro, e tudo o que eu vi foram recortes da árvore como uma sombra projetada na tela celeste. Foi então que vi a chuva que caía como um poncho molhado e escuro e que afastou também as estrelas como o espantalho escorraça os pássaros. E então me dei conta. Com esse tempo, ou a Lua está dormindo ou vendo televisão.
 É hora também de eu me recolher ao nicho destinado ao reconforto de energia e paralisação do corpo e do cérebro. Antes de me recolher, como sempre, deixo alguns inscritos que eu havia pespegado na página do dia 28 de junho da minha agenda de papel.



Um verso de Cazuza
diz que o tempo não pára.
Mas o tempo pára, sim,
quando o coração dispara.
É quando outro coração
diz: pára, olhando nos olhos.
Quando isso acontece,
tudo pára. Param os carros na rua.
Para até o movimento da lua
seja de rotação sobre si mesma
seja o de translação no universo.
Param todos os versos.
Fitam-se os olhos, calam-se as bocas
param e silenciam-se os relógios do mundo.
Até que os caminhos se abram
em uma mesma direção
e os amantes sigam unidos pelas mãos.
* Nego-me a tirar o acento do pára, do verbo parar. Dane-se a reforma ortográfica nesse quesito. Não conseguiram sequer colocá-la oficialmente em vigor.

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