sábado, 28 de fevereiro de 2015

REFLEXÕES NO FINAL DA NOITE DE SÁBADO

Quando outro dia referi um verso do poeta espanhol Antônio Machado, uma coisa puxou outra. Lembrei de uma poesia que me foi apresentada durante uma aula de espanhol, a segunda que li dele, quando deveria ter conhecido toda a obra. O poema é magnífico, mas, na época, eu, que era e sou pacifista, encasquetei com a parte que dizia: ...dejar quisiera me verso como deja el capitán su espada, famosa pela mano viril que la blandiera, no por el docto oficio del forjador preciada". Somente mais tarde percebi duas coisas: que o importante é a ação, não a beleza da aparência, e que, vivendo entre 1875 e 1939, na Europa, cheia de guerras e violência, era normal que o poeta fizesse esse tipo de comparação. Estivesse neste século e, entre nós, certamente seu verso seria mais ou menos assim, com as desculpas da enorme diferença de talento entre nós: "...eu gostaria de deixar meu verso como o governante deixa seu mandato, famoso não pela beleza dos seus discursos, projetos e promessas, mas pelas ações concretas em benefício do povo, e pela ética e honestidade de seu comportamento."
 
 A poesia na íntegra é a seguinte:

 
RETRATO

 

Mi infancia son recuerdos de un patio de Sevilla,
y un huerto claro donde madura el limonero;
mi juventud, veinte años en tierras de Castilla;
mi historia, algunos casos que recordar no quiero.
Ni un seductor Mañara, ni un Bradomín he sido
— ya conocéis mi torpe aliño indumentario—,
más recibí la flecha que me asignó Cupido,
y amé cuanto ellas puedan tener de hospitalario.
Hay en mis venas gotas de sangre jacobina,
pero mi verso brota de manantial sereno;
y, más que un hombre al uso que sabe su doctrina,
soy, en el buen sentido de la palabra, bueno.
Adoro la hermosura, y en la moderna estética
corté las viejas rosas del huerto de Ronsard;
mas no amo los afeites de la actual cosmética,
ni soy un ave de esas del nuevo gay-trinar.
Desdeño las romanzas de los tenores huecos
y el coro de los grillos que cantan a la luna.
A distinguir me paro las voces de los ecos,
y escucho solamente, entre las voces, una.
¿Soy clásico o romántico? No sé. Dejar quisiera
mi verso, como deja el capitán su espada:
famosa por la mano viril que la blandiera,
no por el docto oficio del forjador preciada.
Converso con el hombre que siempre va conmigo
—quien habla solo espera hablar a Dios un día—;
mi soliloquio es plática con ese buen amigo
que me enseñó el secreto de la filantropía.
Y al cabo, nada os debo; debéisme cuanto he escrito.
A mi trabajo acudo, con mi dinero pago
el traje que me cubre y la mansión que habito,
el pan que me alimenta y el lecho en donde yago.
Y cuando llegue el día del último vïaje,
y esté al partir la nave que nunca ha de tornar,
me encontraréis a bordo ligero de equipaje,
casi desnudo, como los hijos de la mar.
 
BIOGRAFIA
 
Antonio Cipriano José María Machado Ruiz nasceu em Sevilla, spanha, em  26 de julho de 1875  e morreu em Coillure, França em 22 de fevereiro de 1939. Poeta, dramaturgo e escritor, foi um represente emblemático da Geração de 1998. Começou seus estudos na Instituiçión Libre de Enseñanza  e completou nos institutos San Isidro e Cardenal Cisneros. Fez várias viagens a  París, onde coheceu Rubén Darío e trabalhou alguns meses para a editora Garnier. Em Madri, participou do mundo literário e teatral, ingrando a compahia teatral de María Guerrero e Fernando Díaz de Mendoza. Em 1907, obtém a cadeira de francês em Soria. Depois de perder a mulher, fica abalado e pede transferência para Baeza. Em 1927, entra para a Real Academia y un año después conoce a la poetisa Pilar de Valderrama, la "Guiomar" de seus poemas, e com ela mantém relações secretas durante anos. 
Nos 1920, 1930, escreve para o teatro em colaboração com seu irmão Manuel. Na Guerra Civil, Machado sai de Valênciaq e vai para Madri e participa das publicações republicanas e faz capanha literária.Colabora encom a  Hora de España  e participa do Congresso Internacional de Escritores paraaDefesa de la Cultura. En 1939, marcha para Barcelona, de onde ultrapassa os Pirineos até Coillure. Ali morre pouco depois de sua chegada.
 As peças dos irmãos machados estrearam entre 1926 (Desdichas de la fortuna o Julianillo Valcárcel) e 1932 (La duquesa de Benamejí) e consta de outras cinco obras, além das dos citadas. Son Juan de Mañara (1927), Las adelfas (1928), La Lola se va a los pPuertos (1929), La prima Fernanda (1931) - escritas todas em versos - e El hombre que murió en la guerra, escrita em prosa y
verso e só estreia em 1941. Além disso, los irmãos Machado adaptam para o teatro comédias de Lope de Vega como El perro del hortelano o La niña de Plata, assim como Hernani, de Víctor Hugo.



   

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

UMA REFLEXÃO NO MEIO DA TARDE SOBRE ESSA VIDA SEVERINA

Hoje me veio à mente uma frase que ouvi na infância. Não me recordo das circunstâncias. Só sei eu era assim: "Queres ajudar, então não atrapalha que já está muito bom". Lembrei isso porque tem muita gente por aí a atrapalhar e relativamente poucos para ajudar. Tem muita gente querendo receber, levar vantagem, poucos os que ficam felizes por fazer alguém feliz. Lembrei de uma pessoa com quem convivi profissionalmente por alguns meses. Ele se autodefinia como um "cidadão de direita" e entendia que não devia ajudar ninguém. Seu pensamento era de que, se cada um trabalhasse, fizesse a sua parte, ninguém precisaria pedir nada. Alegava que trabalhava para dar conforto ao seu filho. E não se preocupava com o resto. 
    Em parte, eu concordo com ele porque há muita gente que gosta de receber presentes, mas lavar uma louça, capinar uma roça, (claro que isso é uma metáfora) pouca gente quer. Ninguém é tão pode que não possa ajudar, de alguma maneira. Mas discordo dessa "mente brilhante" quando acha que todos são iguais e têm as mesmas condições para se concentrarem em afazeres na busca de haveres. Não se dá conta que que, quem não ajuda, muitas vezes atrapalha. Quando um advogado como Mauricio Dallagoll fica indevidamente com o dinheiro das ações dos seus clientes, ele os atrapalha. Quando outros não entregam o dinheiro para os clientes, aplicando nos fundos de rendimentos bancários e usufruindo dos juros, está atrapalhando e dificultando os outros de lutarem por suas vidas. Quando um empresário usa o preconceito para negar um direito a alguém que tem capacidade mas não o tom de pele exigida, está atrapalhando a vida daquele que busca uma oportunidade.
   Quando um governante não se preocupa com a falta de creches para que as mães tenham onde deixar seus filhos para poder trabalhar, ele está atrapalhando a vida delas. Quando não se dá conta de que, sem educação e cultura (aqui no sentido da aprendizagem das coisas práticas) nenhum povo pode levar sua vida dignamente. Quando não se toca em promover um sistema decente de saúde, não está ajudando e, pior, atrapalhando. Quando permite o crescimento da violência, quando se envolve em corrupção, quando desdenha da justiça, fazendo crescer a impunidade, está atrapalhando. Quando traficantes ameaçam pessoas que se dedicam a ajudar os pobres e necessitados, consertando a ausência dos governos, estão atrapalhando. Então, é o que eu acho: é muito difícil melhorar o mundo com tantos atrapalhando ou preocupados apenas com seu próprio umbigo. Eu estava escrevendo isso e me veio à mente uma frase de um ex-colega e grande amigo sobre um conselho dado a um goleiro sem muitas qualidades: "Faz o seguinte: não precisa atacar as bolas que vão no gol. Se entrar, tudo bem. Nós vamos fazer os gols lá na frente. Só não podes é desviar para dentro do gol as bolas que vão para fora".
 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

A ALEGRIA DE VER O MAR ALI NA SUA FRENTE PELA PRIMEIRA VEZ



Passeio na praia do Quintão                                                                                           Foto de Matheus Bruxel/ Diário Gaúcho


    ...e foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu olhar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: - Me ajuda a olhar!
                                 (Eduardo Galeano, O Livro dos Abraços)

Gostaria de ter ido à praia com os 50 meninos e meninas da Associação Tia Lolô, da Vila Orieta, de Viamão. Na quinta-feira, eles viram o mar pela primeira vez. Queria estar lá não pelo oceano, que sempre é revigorante revê-lo, estender o olhar e imaginar o que tem do outro lado da barranca. Queria ter estado lá para ver o brilho nos olhos dos pequenos, ouvir seus comentários surpreendentes, rir com eles de tudo, correr pela beira da areia.
   Não importa se é um chocolatão, como muitos se referem às praias do Litoral Gaúcho, principalmente as com menor glamour. Não importa que a areia não seja branca como a de Xel-Há, o santuário maia do México, próximo a Cancun. O que importa é que eles estavam lá pela primeira vez e aquela quinta-feira vai ficar marcada em suas memória para o resto de suas vidas.
   Já que não estive lá, valho-me do Diário Gaúcho e da minha amiga Losângela Soares Martins, a Tia Lolô, para contar um pouco do que foi essa aventura. Para Tia Lolô, foi um sonho realizado, quase um milagre, como o que aconteceu com alguns dos seus pequenos que estavam indo mal na escola:
  - Em oito tinha oito muito mal. A professora me disse: só por milagre. E os oito passaram. O milagre aconteceu.  Um dia um deles me falou: Tia Lolô, meu pai disse que eu sou um aso perdido. Que não adianta eu tentar porque já estou rodado. Fiquei furiosa, respirei fundo e disse que se ele me ajudasse, iríamos fazer uma surpresa para o pai dele. Ele perguntou o que precisava fazer e eu respondi: estudar bastante comigo todos os dias. Eles vinham pra cá, e puxava muito e ainda pedia pras profes mandarem mais tema. Por isso, eu tinha que recompensá-los. Agora vamos trabalhar que esse trabalho se repita em 2015.
     
                                        Quem botou sal no mar?

Foi uma batalha árdua, como todas as lutas da Tia Lolô. Mas ela venceu. Conseguiu uma parceria com uma van com a empresa RSC Tur, juntou mais um carros particulares e se foram para Quintão, no Litoral Norte. Tia Lolô ficou triste porque faltou transporte para cinco crianças, que também ficaram tristes, mas entenderam a situação.
    - Tia, quem é que botou sal no mar? perguntou um dos pequenos para uma das voluntárias que acompanharam o grupo. Outro falou: Quem é que colocou o sal? E o mais importante foi o comentário do Vitor, de cinco anos:
  - Quem colocou o sal foi o filho do Mar.
  Ele explicou, com aquele jeitinho que as crianças de cinco anos têm, que quando o pai dele pediu para colocar sal na pipoca, ele exagerou na dose e a pipoca ficou salgada.
  E assim, a criançada ficou feliz. Voltou para casa já pensando na segunda-feira quando terão mais um passeio. Vão para o Parque Aquático Parque Paraíso, na Protásio Alves.
 Eu pergunto:
-E aqueles cinco que não puderam ir a praia? Vão dessa vez?
- É claro! Nossa, dói mais em mim do que neles quando isso acontece. E depois do Park, vamos baixar a cabeça e estudar muito.

  
 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

BRINCANDO DE UMA MANEIRA DIFERENTE COM O CARNAVAL DO RIO

Apesar do espetáculo da Portela, não deu águia na cabeça, deu Beija-Flor
Envolvido em atividades familiares, não pude assistir integralmente à divulgação dos resultados do Carnaval do Rio. Como minha predileção é mais pela curiosidade dos nomes das escolas do que propriamente pelo Maior Espetáculo da Terra, aqui vai mais uma edição das minhas Plinianas, como alguns amigos batizaram as minhas bobagens.
"Não, não vou falar aqui daquela velha piada da Mangueira. Observei os nomes e notei que alguns deles homenageiam seus bairros e morros de origem...
, e, talvez por ironia, lembram personagens do Império, aquele período em que os negros viveram o pior dos pesadelos, submetidos aos caprichos dos nobres. Assim, vejo a Imperatriz Leopoldinense referindo a mulher de Dom Pedro I, e Vila Isabel relacionada à filha de Dom Pedro II, que libertou os escravos sem dar-lhes qualquer condição para uma sobrevivência digna, Mocidade Padre Miguel, vila que recebeu o nome de um monsenhor que fez benfeitorias em 1898, ou Salgueiro, ligado ao português Domingues Alves Salgueiro. O morro com o nome dele viria a se imortalizar na música Chão de Estrelas, de Silvio Caldas. E também a Ilha do Governador, área doada pelo donatário Mem de Sá a um sobrinho, então governador do Rio. Até agora, acho que ninguém pensou, como houve no Rio Grande do Sul, em trocar os nomes, tirar os dos escravocratas para substituí-los por Zumbi ou o Almirante João Cândido. Para esclarecer, a troca de Porto Alegre foi nome de rua, nada teve a ver com Carnaval.
Outra curiosidade é que a expressão "unidos venceremos" não vingou neste Carnaval. O título ficou com a Beija Flor de Nilópolis (homenagem ao presidente nacional Nilo Peçanha). Perderam a Unidos da Viradouro, Unidos de Vila Isabel, Unidos da Tijuca, e União da Ilha do Governador.
Outros destaques são a Portela, nome que tem referência também ao Brasil Colonial, nome de uma área onde funcionava o Engenho do Portela. Nessa escola, como brincadeira, eu diria que nesta edição de 2015, rolou algum ciúme entre os participantes por causa do sucesso de quatro integrantes, "acusados" de terem caído de para-quedas já na Sapucaí. Outra curiosidade é que a belíssima águia simbolizando o Cristo Redentor foi derrotado por um colibri, a contumaz vencedora de carnaval Beija-Flor. E a São Clemente, que era um bloco de uma rua do Bairro Botafogo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

EXTRATO DA(S) MINHA(S) MEMÓRIA(S)

Seu Egídio tinha por volta de 40 anos quando eu era guri, lá em Seival, na época 3º distrito de Bagé. Peão, alambrador, changueiro, ele fazia de tudo. Era negro, alegre, bonachão, um típico gaúcho guasca no jeito de falar e de vestir. Parecia ter sido tirado de um romance do Érico Veríssimo ou do Cyro Martins, mais propriamente deste último porque era um gaúcho pobre. Tinha a autenticidade, a espontaneidade e a ingenuidade (para algumas coisas)... do homem Campanha. Um dia, ele pegou um ônibus de Bagé para Seival e perguntou:
- Que é tu que me cobra pra me levar até a Vila do Seival?
- Vinte cruzeiros - informou o cobrador.
- E se eu descer meia légua (3 km) antes, ali na granja do Seu Walter?
- É o mesmo preço.
Seu Egídio ficou conjuminando e falando consigo mesmo:
- Mas esses malevas fias-das-puta tão me levando dinheiro no mole. Não te "pélo", chê!
Pensado isso, medidos e pesados os pós e os contras, chegou à conclusão de que estava pagando mais do que deveria. Pois iria usufruir então do serviço a que tinha direito. Foi o que decidiu quando passou pela ponte do Jaguarão e não desceu. Foi até o Seival... e voltou a pé para a granja.
Muitos anos mais tarde, em 1975, meu pai se mudou para Porto Alegre e resolveu tornar realidade um antigo sonho do Seu Egídio: conhecer a Capital. No meio do caminho, pararam em um restaurante perto da entrada para Cachoeira do Sul. Ao tomar café, Seu Egídio teve a primeira dificuldade com a diferença dos hábitos. Não conseguia usar aquele açucareiro de bater no traseiro. Decidido, desenroscou a tampa, tirou com colherinha e repôs a tampa, mas sem reenroscar. Quando meu pai foi adoçar seu próprio café, virou todo o açúcar na xícara.
Seu Egídio ficou na nossa casa, na Rua João Alfredo, ali ao lado de onde está o Supermercado Nacional, na parte da rua que virou Avenida Cascatinha, e andou com a gente pela cidade. Ele gostava também de caminhar pelas imediações, e minha mãe o alertou para que tomasse cuidado para não se perder. Foi então que se saiu com esta:
- Não se preocupe, Dona Ítala. Eu vou sempre olhando pra bola. Se eu não enxergar mais a bola, eu volto um pouco e não me perco.
A bola a que ele se referia era o globo que existe no topo da Igreja Pão dos Pobres. (IV 100%)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

TIA LOLÔ PRECISA AJUDA PARA PODER CONTINUAR AUXILIANDO AS CRIANÇAS EM VIAMÃO


Losângela, a Tia Lolô, está contruindo uma peça para servir de lavanderia
Admiro demais as pessoas com carisma, aquelas que conseguem fazer com que seus amigos ou até mesmo conhecidos o sigam quase que cegamente, acompanhando-as em ações, mesmo as mais estapafúrdias. Admiro-me com aqueles que organizam "flash mobs", em que, do nada, no meio da rua, em determinado horário, começam a aparecer pessoas de todos os lados, integrando-se a uma proposta, seja formar uma orquestra, tocar uma música, ou formar um corpo de dançarinos, apresentar-se e, em seguida, desaparecer, do mesmo modo. Pode ser, também, cada uma chegar com um livro depositando-o sobre um banco de praça e saindo também anonimamente como chegou. Eu queria ter essa capacidade. Não para conseguir algo em meu próprio benefício, mas para ajudar alguém que precise.
Eu gostaria de encontrar alguém carismático o suficiente para bolar um flash mob consequente. Imaginei, por exemplo, de repente, pessoas chegando do nada à Associação Comuntária Beneficente Tia Lolô, na Vila Orieta, em Viamão. Um a um, vai deixando, no portão, um dos cem tijolos maciços que a Tia Lolô está precisando para a obra que realiza. Ou um sarrafo 50x50x550. Ou um viga de concreto 10x15, Ou um quilo de cimento ou de areia, eletrodo, prego para telhas 6mm, ou uma das seis cantoneiras 1 x 1/8.
   Losângela Ferreira Soares Martins, a Tia Lolô, é aquela batalhadora que criou uma creche em um ônibus velho, que enfrentou todos os obstáculos, inclusive a burocracia e que teve seu esforço reconhecido ao ser agraciada com o Prêmio Líderes Vencedores. Agora ela está construindo uma sala para a lavanderia da creche que abriga gratuitamente crianças carentes da vila. Ela já está com a obra quase pronta e teme não conseguir verba para comprar esse material antes de março, quando as crianças retornam. Elas ficam ali no horário inverso da escola. Fazem reforço escolar e se ocupam com atividades lúdicas. As meninas aprendem a fazer crochê, tricô, pintura em tecido, entre outras coisas. Ajudada por voluntárias, Tia Lolô não dá somente alimentação e apoio técnico para as crianças e pré-adolescentes que são atendidos pela associação, dá carinho e atenção que, muitas vezes, os pequenos não têm em casa.
Essa história de "flash mob" é apenas um sonho impossível. Mas eu desejaria, do fundo do coração, que as pessoas ou instituições, ou governos, ajudassem a Tia Lolô nessa pequena mas importante obra. Para isso, a Associação Beneficente Tia Lolô da Vila Orieta mantém uma conta-corrente no Banrisul onde qualquer quantia que for depositada, por menor que seja, seria de grande ajuda. A Agência é 0965 e o número da conta 06857289 08. Tia Lolô não quer nada para ela, nem lençóis de cetim nem toalhas de tecido egípcio. Uma pequena ajuda gaúcha e brasileira já estaria de bom tamanho.

Por um lapso, acabei deixando os dois números finais da conta de fora. Já consertei. Então é Banrisul, agência 096, número 06857289 08.