terça-feira, 7 de maio de 2013

A EXPRESSÃO VIAJAR DE MALA E CUIA É USADA ATÉ EM NOVELA DA GLOBO

Grazzi saiu da mansão de mala e cuia, segundo a ex-sogra dela
(Foto tvg.globo.com)
Uma das coisas que mais me divertem é pensar na origem de palavras e expressões. Sempre me indago como uma palavra ou expressão começou a ser usada. A maioria delas se perdeu no tempo. Outras deixaram rastros para serem decodificadas. Pensei nisso no capítulo de hoje da novela Flor do Caribe, da Rede Globo. A mãe do vilão entra em seu escritório e, depois de uma rápida discussão, avisa:
- Sua mulher foi embora de mala e cuia!
  Na cena anterior, eu tinha visto a personagem da atriz Grazzi Massafera saindo de casa com malas. Mas cuia? Como, se nunca a vi tomando chimarrão, nem mesmo tererê?
   Aí fiquei pensando na origem do termo. Corro o risco de meu amigo Aldo Jung, jornalista superinteligente, perspicaz e culto me corrigir daqui a pouco, dizendo que é um “baita chute” meu e me provando a verdadeira origem. Azar, vamos lá:
   - Não tenho provas apenas observação baseada na lembrança da vivência. Tenho por mim que a expressão de mala e cuia tem origem no êxodo de gaúchos para São Paulo e Rio de Janeiro há poucos anos, especialmente jornalistas. Como Caco Barcelos, que dispensa comentários, Carlos Augusto Schroeder (diretor-geral da Rede Globo), Ana Hickmann, Carlos Dornelles, Ananda Appel, Flávio Fachel, Régis Roesing, Solano Nascimento, Eliane Brum e uma série de outros gaúchos, as expressões do Sul começaram a se espraiar.
  Os primeiros da onda de jornalistas que se transferiram para o centro do país levaram mala... e cuia onde faziam, não sei se ainda fazem, o seu chimarrão diário. E aí, nada mais correto dizer mudar-se de mala e cuia quando se quer dizer definitivamente para outro lugar. Tenho notado que esse termo vem se repetindo em nível nacional. Minha ideia de que tem a ver com os gaúchos está exatamente nesses apetrechos. Hoje, até os nordestinos estão se mudando de mala e cuia, quando, na verdade, deveria dizer que se mudam de mala e rede.

3 comentários:

  1. Gostei da sua teoria sobre a expressão.

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  2. A mesma lógica pode-se aplicar ao êxodo de nordestinos do sertão para outras regiões do Nordeste ou do país. No campo, muitos lavradores cultivam cabaças, que são o fruto da cabaceira (especie da família das cucurbitáceas). Esse fruto possui um corpo que lembra um boneco de gelo (com a cabeça menor, gargalo). Seve para uso como vasilhames, desde uma moringa para estocar água até pratos, tigelas, travessas, potes e bacias. Saindo o sertanejo de sua morada com todos os pertences, usa-se essa expressão, pois a cabaça quando transformada em recipientes abertos (cortada ao meio) recebe o nome de cuia, mas segundo pude pesquisar outra versão tem haver com soldados ingleses com a expressão "bag and baggage", mas a frase em si, como a conhecemos, é uma incógnita que precisa ser estudada mais a fundo. Fico com a versão do êxodo dos sertanejos nordestinos, pois há outros termos relacionados que apontam para a origem da frase nessa versão.

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  3. Fábio Costa. Sua explicação sobre o termo cuia também faz sentido, embora tenha ouvido mais o termo cabaça para o que os gaúchos chamam de cuia, fruto do porongo, usada como utensílio para pôr a erva-mate. Daí quem viaja para mudar de residência leva, claro, a mala e a cuia para o chimarrão. O termo deveria ser, na verdade, "mudar-se de mala, cuia, bomba e erva.

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