terça-feira, 30 de abril de 2013

PIADINS DE MINERINS

Como grande parte dos gaúchos (há uns rio-grandenses que gostam), não curto as piadas que paulistas e cariocas, especialmente, fazem para ridicularizar o pessoal do Rio Grande do Sul. Mas há algumas gozações sobre gaúchos que eu acho graça e até coloquei algumas aqui no meu blog. Gosto das piadas sobre os outros brasileiros porque nenhuma delas é fruto de algum recalque. É apenas uma brincadeira inteligente, ao contrário do que Bussunda e seus amigos do Casseta e Planeta insistiam cansativamente e sem criatividade. Hoje, quero fazer uma homenagem aos nossos queridos irmãos de Minas Gerais.
                                                                 
Família de mineiros está na estação ferroviária de Belzonte. A mãe fala com os filhos:
- Minino, pegue esse trem e guarde na sacola.
- Minina, ponha este trem aqui no seu cabelo.
- O minino, passe a mão pra mode tirar esse trem que caiu em cima do teu ombro, uai.
Em seguida, ouve-se o apito da locomotiva. Nervosa, a mãe dá novas ordens:
- Gente, peguem logo os seus "trem" que o "coiso" já tá chegando aí.

********


Em um carro supermoderno, um sujeito bem-arrumado para, no meio de uma estrada no interior de Minas Gerais. Com uma pane no GPS e sem bateria no celular, pergunta a um minerim que está sentado em um toco de árvore na beira da rodovia:

- Olá, meu amigo, como é o nome dessa rodovia?

- Num sei, não sinhor.
- E como é o nome dessa localidade?
- Tumém não sei.
- E que direção eu pego para ir pra São Paulo?
- Sumpaulo? Oia, também não faço indéia.
O motorista, sem paciência nem educação, exclama:
- Orra, meu. Como é que pode? Você não sabe nada! Você é muito desinformado!
O minerim olha para ele, olha pro chão, volta a olhar para ele e responde:
- Óia, pode inté sê que eu seja tudo isso... Mas eu não tô perdido, uai!

                                                        *********
Por fim a clássica, a mais conhecida. Início de noite, sujeito passa pela frente da casa do minerim, lá em Barbacena, e o vê na sala diante da televisão. Para cumprimentar o amigo, ele grita:
- Firme?
E o outro responde?
- Não, Jornar Nacionar.


                               








quinta-feira, 25 de abril de 2013

ABERTAS INSCRIÇÕES PARA POEMAS NO ÔNIBUS E NO TREM


Quem gosta de escrever poesias certamente ficaria orgulhoso de ver seu trabalho sendo apreciado por passageiros de ônibus ou do metrô. Além disso, seus poemas integrariam uma publicação a ser lançada na Feira do Livro de Porto Alegre. As inscrições para o Poema no Ônibus e no Trem estão abertas desde 1º de abril até o próximo dia 17 de maio. Podem ser feitas, gratuitamente, diretamente na Coordenação do Livro e Literatura, da Secretaria Municipal da Cultura, na Avenida Erico Verissimo, 307, das 9h às 12h e das 14h às 18h, de segunda a sexta-feira. Serão recebidas inscrições também pelos Correios ou pela Internet. Cada participante poderá inscrever só um poema, que deve ser inédito e ter até 14 versos. Não  serão aceitas cópias manuscritas. É imprescindível a leitura do edital, que poderá ser acessado  no endereço http://migre.me/eh9y2
Informações também poderão ser obtidas pelo telefone (51) 3289-8076/8074/8071.


domingo, 21 de abril de 2013

NETINHO FUJÃO TESTA CORAÇÃO DE AVÔ DISTRAÍDO

Luciano olha com cumplicidade para as travessuras do sobrinho
Raphael já quer fazer tudo por conta própria
Eu pensei em não contar esta história porque é muito contra mim e, como diz o Amigomeu, não se deve dar munição ao inimigo. Mas não posso esquecê-la porque serve de alerta para que avós ou pais não façam a patetice o que eu fiz. Pois não é que na quarta-feira, diferentemente da minha rotina, não chaveei o portão menor da casa como sempre faço, depois que meu filho Luciano foi para a sua escola especial. Meu neto Raphael estava inquieto e não me acompanhou quando voltei para dentro da residência, enquanto aguardava o momento de levá-lo para a creche.
- Vou esperar aqui – falou meu pequeno chefe, entonado que nem bajeense.
Minha filha terminava de arrumar a Luísa para ir também à escola e, por dois minutos, me distraí. Foi quando a avó, sempre atenta, gritou:
- Cadê o Raphael?
Achei que ele tinha ido para os fundos da casa, procurei, aflito, e nada. Lembrei-me do portão não chaveado e me abalei para a rua, coração aos pulos. Um carro parou, e o motorista me avisou:
- Vi um gurizinho indo sozinho ali pela rua.
Corri, dobrei a esquina e pude vê-lo, lá no fim da outra quadra.
Quando me viu, gritou de lá, com ar impaciente:
- Eu já tô indo, eu já tô indo.
O acaso me deu uma mãozinha, e o episódio, uma lição. Alguém poderia ter passado ali e dado de mão no piá. Por sorte, também, aquela rua está interditada ao trânsito por causa das obras. Se ele seguisse por mais alguns segundos, alcançaria a movimentada avenida Carlos Barbosa.
Já ouvi o que eu devia e o que não devia por ter sido tão pateta. E sigo lembrando-me todos os dias para nunca mais esquecer. Meus irmãos que podem estar lendo isto aqui já devem estar afiados para comentar que essa façanha do Raphael já aconteceu comigo, quando eu tinha a idade dele.
Minha família contou e recontou que, quando eu tinha por volta de dois anos, fugi por um buraco no muro da casa em que morava, na Rua General Osório, em Bagé. Quando minha mãe se deu conta, eu havia sumido. Como um ratinho do Flautista de Hamelin, tinha saído atrás de uma banda de música que passara por ali e andei por quase um quilômetro. Voltei no carrinho de mão de um verdureiro que me viu e me reconheceu, para alívio dos meus pais.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

UMA HISTÓRIA DE UM ANTEPASSADO DO AMIGOMEU NOS TEMPOS DE JESUS CRISTO

Um antepassado do Amigomeu viveu no tempo de Cristo. Robertus Paulus, conhecido como RP, estava bem desiludido da vida. No comecinho da carreira, foi estagiário do Nero, em Roma, mas o imperador não entendeu a sua proposta de esquentar um pouco os fatos. Aí deu problema. Anos mais tarde, RP abandonou Pôncio Pilatos, governador da Judéia, irritado com o comportamento de seu assessorado. Pilatos nunca tomava decisões. Além disso, tinha TOC. Lavava as mãos a toda hora. E, pior, RP é que tinha de tirar a água sempre muito suja da bacia. E ainda dar explicações à galera.
    RP precisava desopilar, beber alguma coisa, jogar conversa fora. Descobriu que havia, em Canaã, uma festa de casamento de um parente da mãe de um tal Jesus, que estava começando a aparecer na mídia alternativa e na comunicação de boca em boca. Ele não conseguiu um convite e pensou consigo mesmo: RP não precisa de convite. Foi de furão mesmo.
Só que ele não era o único penetra na festa. E aquele pessoal lá era muito mão-fechada. Os organizadores da festa tinham comprado comes e bebes para o número certo de convidados. A turma era chegada em uma boca livre, e havia muitos penetras. então, foi inevitável que faltasse vinho. RP tinha tomado só um cálice quando ficou sabendo desse desastre. Já tinha feito amizade com Jesus e ficou surpreso quando ele pediu à mãe que trouxesse água. Curioso, viu Jesus misturar discretamente um pó na água, que virou milagrosamente um vinho maravilhoso.
 RP e Jesus tomaram todas. Jesus foi com a cara de RP. Até desabafou com o novo amigo. Contou que não era filho biológico do carpinteiro José. Ao ouvir o amigo dizer que o pai dele era um deus poderoso, RP quase deu uma risada sem querer. Mas se conteve. RP bebeu tanto que ficou muito chato. Abraçado no outro, dizia coisas como “ti (sic) considero Genésio, tu é o melhor amigo que eu tenho”. Entusiasmado com o milagre ocorrido havia poucos minutos, pensou até em fazer uma proposta de trabalho. Mas se calou. Cheio de trago, disse tanta baboseira, ficou tão mala que Jesus teve vontade de dar-lhe uma biaba na orelha. Só não fez isso porque se lembrou dos ensinamentos do pai verdadeiro.
   RP estava fascinado por Jesus. Já tinha informações de que ele ajudara pescadores do Mar da Galiléia a conseguir peixe mesmo em uma época em que não se pegava nem lambari de sanga. Daí quando acompanhou Jesus a um episódio em que ele fez um paralítico andar, RP se decidiu. Na janta de uma sexta-feira, eram 14 à mesa, Jesus e mais 13. RP tomou um copo de vinho, pediu a palavra e pediu para que deixassem a parte promocional e cerimonial da campanha para ele, que tornaria Jesus mais conhecido no mundo do que os Beatles, um conjunto musical que faria muito sucesso muito tempo depois, conforme uma vidente lhe confidenciara.
   Jesus até gostou da história em um primeiro momento. Mas RP se excedeu. Disse que precisava de mais um grande milagre (que só eles lá ficaram sabendo o que era) e, que se o Mestre conseguisse isso, conseguiria colocá-lo na primeira página de um grande livro que seria escrito com o nome de Bíblia. Para argumentar, disse que era também profeta e prometeu a Jesus que, se ele morresse, seria capa por dois dias seguidos por ano nos jornais. Mas a chapa esquentou mesmo foi quando RP pediu a Jesus que lhe reservasse um cargo depois que assumisse o comando e acrescentou que já tinha até falado com um comerciante de azeite de oliva para patrocinar a campanha. Jesus não aguentou. Pediu para Judas tirar o cara de circulação, e a foto da janta saiu só com os 13 na mesa.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

CHEGAMOS AOS 50 MIL ACESSOS. OBRIGADO A QUEM "CURTIU" E COMENTOU


Passamos dos 50 mil acessos. Vidacuriosa foi criado em 2007, chegou a uns 10 mil acessos e então houve problemas com o contador de entradas no blog em um determinado ano, que não me recordo. Quando recoloquei o contador, recomecei observar os números. E chegamos aos 50 mil.
Que falta de opção, diria o Guri de Uruguaiana, personagem do humorista Jair Kobe.
  Esse blog tem sido um grande ponto de diversão, uma espécie de terapia, um treinamento de texto e uma melhoria nos meus conhecimentos.
  Uma coisa que me deixa intrigado é o fato de não saber qual foi o sentimento do leitor ao chegar ao blog. Por falta de retorno de quem clicou e por inabilidade para interpretar um sistema que existe para dizer quanto tempo alguém ficou no blog - se veio pela primeira vez ou se voltou a clicar ali - fico nessa dúvida. Grande parte desses 50 mil acessos é formada, com certeza, de incautos que caíram na teia do Google, já que tenho poucos comentários. Assim, não sei se a falta de participação se deve ao desinteresse pelo blog, à falta de tempo ou ainda à dificuldade de comentar. Não sei manejar muito bem isto aqui. Sei que tem a questão da senha e outros quetais. Em blog parecidos, também tenho dificuldades para deixar comentários. Aí, a saída é entrar como anônimo, dizer o que pretende e deixar o anonimato incoerente, colocando o nome e o e-mail.
  Sei da dificuldade de alguém ter tempo para comentar um blog, principalmente diante dessa infinidade de opções. Por isso, sou muito grato àqueles que deixaram comentários, mesmo os que não concordaram com o que escrevi e principalmente àqueles que me permitiram corrigir algumas mancadas. Decidi agradecer nominalmente às pessoas que deixaram recados neste ano de 2013. Alguns são amigos, outros conhecidos e outros até então desconhecidos.
Ei-los:
 Dalva M.Ferreira
Sirlene S. Costa
Sandra Nunes
Inaie
Rodrigo
Anne Brasil
Glaci Borges

domingo, 7 de abril de 2013

CARLOS NOBRE, UM HUMORISTA GAÚCHO INESQUECÍVEL

Fábio Silveira e Carlos Nobre no Campeonato em Três Tempos
 Hoje é um dia importante na história do humorismo do Rio Grande do Sul. No dia 7 de abril de 1929, nascia em Guaíba, José Evaristo Villalobos Junior, que ficou conhecido como Carlos Nobre. É graças a ele que até hoje os leitores de Zero Hora costumam começar pela penúltima página. Era ali, que Carlos Nobre desfilava seu criativo repertório de piadas engraçadíssimas e também cáusticas, cumprindo o rito da frase latina Ridendo Castigat Morus (é rindo que se critica os costumes). Além da ZH, Carlos Nobre trabalhou na Folha da Tarde, da Companhia Jornalística Caldas Junior, que fechou em 1984.
     Carlos Nobre começou como cantor no rádio nos anos 50. Era considerado um intérprete de grande talento. Foi, porém, em 1954 que ele deslanchou como personalidade artística ao ingressar na Rádio Gaúcha. Sobre essa parte, Vidacuriosa pega carona na competência do meu amigo professor Luiz Ferraretto, o maior conhecedor da história do Rádio do Rio Grande Sul.
    “No início de carreira, dentro do Jogo Bruto, o programa escrito por Luiz Gualdi, explorava trejeitos de voz e fazia às vezes do torcedor, conforme os estereótipos atribuídos a cada clube. Na mesma linha, inspirado no programa Miss Campeonato da Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro, Carlos Nobre iria criar, na Gaúcha, uma atração para as noites de terça-feira a partir dos jogos disputados pelos principais times do Rio Grande do Sul no final de semana anterior. Trata-se do Campeonato em Três Tempos, que surgiu em 1958, tornando-se, rapidamente, uma das principais atrações da PRC-2.
Simulando um flerte constante e recorrendo a bordões de fácil assimilação popular, as caricaturas radiofônicas desenvolvidas por Carlos Nobre para cada um dos clubes que disputavam, ao longo de todo o certame, as atenções da Miss Copa, interpretada por Leonor de Souza e personagem central do Campeonato, acompanhada de um grande elenco. Havia o Greminho, papel que o autor escolhe para si, e o Colorado, de Fábio Silveira, os dois mais fortes pretendentes a conseguir chegar ao casamento, na sátira acompanhando a realidade futebolística.
Apenas o Zequinha, na voz de Eleu Salvador e, depois, de José Fontes, por sua origem bendita, do Esporte Clube São José, procurava resistir às investidas da Miss Copa, repetindo: “Afasta-te, pecadora”. Na composição dos tipos, o produtor e o elenco exploram características estereotipadas de cada clube ou da sua cidade de origem: Walter Ferreira vive o gringo do Flamengo, de Caxias do Sul; Ismael Fabião, o algo afetado Doutor Pelotas, representante do Esporte Clube Pelotas; Pepê Hornes faz o cheio de referências militares – “Um-dois, um-dois, um-dois! Companhia alto! Sentido! Descansar” – representante do Grêmio Atlético Farroupilha (o antigo 9º Regimento de Infantaria), também de Pelotas; Gerson Luiz era o índio Botocudão, do Clube Esportivo Aimoré, de São Leopoldo; e Dimas Costa, o gauchão grosso do Guarany Futebol Clube, de Bagé. Na época, as sátiras nem sempre são bem-compreendidas.
O Doutor Pelotas, por exemplo, gerou protestos de lideranças políticas e até religiosas do município da Zona Sul do Estado. Carlos Nobre transformou, então, as críticas em mais um diálogo jocoso entre os personagens de Leonor de Souza e Ismael Fabião, como o próprio Nobre explicou:
– O pessoal interpretou de uma maneira errônea, errada. Mas então eu, para maneirar a coisa, resolvi fazer o tipo másculo do Doutor Pelotas num certo Campeonato em Três Tempos. Ele foi com a Leonor, contracenando sempre, e a Leonor: “Mas, Doutor Pelotas, o que é isso?”. [com voz grossa e gritando muito] “Não tem conversa, não! Não tem conversa! Agora vai ser assim”. E o diálogo foi se processando. No fim, houve uma pausa. E a Leonor respirou: “Como é, Doutor Pelotas, mas o que houve?” E ele olhou e falou assim: [com voz em falsete] “Ah, cansei!”.
    A própria estrutura de divulgação e promoção do humorístico seguia também o desenrolar do Campeonato Estadual de Futebol. Havia farta publicidade no início do certame e, no término, o casamento do vencedor com a Miss Copa motivava a realização de um programa especial, geralmente apresentado em algum cinema da cidade.
Assim, em dezembro de 1961, para comemorar o título que acabava com uma hegemonia de cinco anos do Grêmio no futebol gaúcho, ao Cinema Castelo, além do elenco do Campeonato em Três Tempos, compareceram torcidas organizadas, jogadores e o presidente do Sport Club Internacional.”
   O programa alcançava a impressionante marca de 96% de audiência. Carlos Nobre também escreveu em jornais: teve a coluna Muro das Lamentações, no jornal A Hora, com ilustrações do fabuloso Paulo Sampaio, o Sampaulo. Em 1962, passou a escrever para a Última Hora e, em 1964, para a Zero Hora. O humorista trabalhou no centro do país, mas por apenas quatro meses. Na TV Excelsior de São Paulo, atuou em Humor 62, dirigido por Procópio Ferreira. Na Excelsior do Rio, brilhou no programa Times Square. Os amigos e parentes de Carlos Nobre contam que foi a saudade de Porto Alegre que o fez vir embora. Consta que ele teria vindo um dia de avião para a capital gaúcha apenas para comprar churrasco e voltando para saborear seu prato preferido no Rio.
    Carlos Nobre publicou dois livros (Nobre do Princípio ao Fim e Nobre e Outras), ganhou o título de cidadão emérito de Porto Alegre em 1982 e foi tema da escola de samba Império da Zona Norte, em 1988. Morreu em 16 de dezembro de 1985. Carlos Nobre deixou dois filhos, que seguiram a carreira de jornalistas: José Evaristo Villalobos Neto, o Nobrinho, e Marco Antônio Villalobos, o Marquinhos.

Algumas frases do humorista

• Lamentável a polícia. Acredita que a imprensa tem este nome justamente para ser imprensada- ZH – 1966.
• Depois do salário mínimo e do salário-família, está na hora de o governo inventar o salário verdade – ZH – 1978.
• Já notaram. Atualmente o prato típico do brasileiro é o prato vazio- ZH –1981.
• O ministro da fazenda diz que não há desemprego no Brasil (....) numa dessas vai acabar dizendo, também, que o povo não tem fome no Nordeste. Tem é falta de apetite. – ZH – 1981.
• Emprego no Brasil anda tão difícil de se arranjar que já tem empresa exigindo fiador por candidato - ZH – 1981.
• O verdadeiro milagre brasileiro tá acontecendo é agora, com a gente conseguindo sobreviver no meio deste arrocho desgraçado que tem por aí. –ZH – 1982.
• O negócio não é rezar para que as coisas melhorem no Brasil. O negócio é a gente rezar para que as coisas piorem cada vez menos. ZH –1982.
• Tendo eleição, me agrada até urna funerária - ZH - 1983.
• Nunca concordei que houvesse no Brasil uma maioria silenciosa. Para mim o que houve foi uma maioria silenciada.-
• Os tempos andam tão difíceis que até pra gente ser pessimista tá ruim.
• Mulher é o homem passado a limpo – ZH – 1983.
• Antes do pecado original, Adão era só decorativo – ZH – 1982.
• Deus é bom sim. Ele está é mal cercado.
• Na primavera os botões da roupa do poeta Mario Quintana desabrocham. ZH –1984.
•Nas agências bancárias que tem no aeroporto Salgado Filho aceitam cheques voadores” (ZH, 2/04/1985)
•Não maldiga os passarinhos. Saia de baixo, pô”.
•O cara chato não tem tédio”.
•No Chile, as baionetas caladas são as que falam mais alto”
•Não confunda força da opinião pública com opinião da Força Pública”.
•Nunca pergunte a um antiquário o que há de novo”.
•A posição de goleiro é tão arriscada que, depois do trapezista, o goleiro é o único que trabalha com rede”.
 •Quem ama o feio é porque bonito não lhe aparece”.

Fontes: sites Recanto das Letras (recanto das letras.com.br )
Museu Municipal de Guaíba (
www.carlosnobre.com.br).
Caros Ouvintes, de Luiz Ferraretto (http://www.carosouvintes.org.br)

sexta-feira, 5 de abril de 2013

ABERTAS INSCRIÇÕES PARA CONCURSO POEMA NO ÔNIBUS, DE GRAVATAÍ

Estão abertas, desde o dia 1º de abril, as inscrições para o X Concurso Poemas no Ônibus, promovido pela Prefeitura Municipal de Gravataí, por meio da Fundarc (Fundação Municipal de Arte e Cultura. Serão selecionados 30 poemas para serem instalados nos ônibus da frota municipal da empresa Sogil (Sociedade Gigante Ltda).
 As inscrições se encerrarão no dia 30 deste mês de abril e poderão ser feitas de duas maneiras:
   O interessado poderá entregar o material diretamente na sede da Fundarc, na Rua Antônio Donga,15, no Centro, de segunda a sexta-feira, das 12h às 18h. A inscrição pode ser feita também pelos Correios com data no carimbo de postagem até 30 de abril. No envelope deve ser colocado: Concurso Poema nos Ônibus 2013 Fundação Municipal de Arte e Cultura Rua Antônio Donga, 15, Centro Gravataí/RS –CEP 94035-270

Regulamento:
   Cada candidato poderá inscrever, no máximo três poemas inéditos (nunca publicados em qualquer veículo, impresso ou eletrônico (sites, blogs,etc);
Cada poema deverá ter, no máximo, 14 versos, em língua portuguesa;
Os trabalhos devem ser entregues em quatro vias digitadas, identificadas somente com o título e o pseudônimo em um envelope rigorosamente lacrado e identificado externamente com o título e o pseudônimo. Dentre desse envelope maior, contendo os poemas, deverá ser enviado também o envelope com a ficha de inscrição (lacrado).  
   Se não houver título, o autor deverá identificar o poema com o primeiro verso.
   O concurso é aberto aos interessados em geral. Uma comissão com três integrantes vai escolher 30 poemas. O resultado do concurso será divulgado no mês de junho de 2013 no site da prefeitura (www.gravatai.rs.gov.br), e os selecionados serão avisados por telefone ou e-mail.
   Veja os poemas selecionados no IX Concurso Poema no Ônibus 2012 em http://migre.me/dXm3V

quinta-feira, 4 de abril de 2013

MAIS PERIPÉCIAS DE AMIGOMEU NA CAPITAL GAÚCHA

Amigomeu é um cara tosco, nascido na campanha e criado no meio de cavalos xucros, bois brabos e das galinhas cacarejeiras. Quando veio para Porto Alegre, teve dificuldades para se adequar a outra realidade, esta suave, mais delicada e mais complexa. Na primeira vez que andou de elevador em um prédio comercial, Amigomeu passou por um momento constrangedor. Estava ele e mais quatro pessoas naquela caixa que subia casa acima - até porque se subia só podia ser para cima - no Edifício Santa Cruz, o mais alto da Capital, na Rua da Praia, quando, de repente, sem que ele pudesse impedir, soltou um flato. Não era um pum daqueles de cidade, quase imperceptível, sem cheiro. Era um daqueles peidos de campanha, que denunciam o seu autor pelo barulho e pelo que sai pela nuca dele. Pois nem bem o malfadado evento aconteceu, e o marido de uma mulher presente irritou-se, ficou vermelho de raiva e vociferou para Amigomeu:
- Mas o que é isso? Como é que o senhor faz isso na frente da minha esposa?
Amigomeu, que já estava chateado com a situação, respondeu:
-Bá, me desculpe, não sou daqui. Eu não sabia que era a vez da sua mulher...
                                   
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   Na primeira vez que Amigomeu veio para Porto Alegre, sua intenção era só passear, ver de perto uma cidade grande e gente muito diferente dele. Com ele, veio uma prima, Elenara, tão tosca quanto ele. Amigomeu e a prima viajaram de trem durante um dia e meio. Passaram por inúmeras cidades entre elas Santa Maria da Boca do Monte e Cacequi, onde fizeram o que se chamava na época de baldeação. Chegaram a Porto Alegre de madrugada, por volta das 5h e foram direto para a casa de uma tia deles, na Avenida Desembargador André da Rocha. Os dois ficaram embasbacados diante do prédio. Nunca tinham visto um edifício tão alto assim, tinha mais de 12 andares.
Eles entraram no elevador, olharam, no papelzinho que levavam, o número do andar, lá no alto, e apertaram o botão com o número correspondente. O elevador subia sem problemas, até que a prima do Amigomeu, mais curiosa do que jornalista em começo de carreira, viu um botão vermelho e perguntou:
- Amigomeu, pra que esse botão vermelho?
- Não sei, “vamo” apertar pra ver no que dá - respondeu o primo.
Pois foi só pressionar o botão, e saiu um som muito forte, que se tornou mais aterrador por causa do silêncio da madrugada. Era o alarme. Aí o elevador parou no andar desejado, e os dois saíram para uma espécie de hall com quatro portas principais de apartamentos. Em cada porta, havia um ou mais moradores, todos com os olhos arregalados e vestidos com trajes de dormir.
Os dois nem precisaram tocar a campainha, pois os tios de Amigomeu estavam ali, também estupefatos. Quando entravam para o apartamento, a prima de Amigomeu comentou:
- Que gente curiosa, primo. Esse pessoal não pode ver chegar uma visita para os vizinhos que já quer logo ver quem é?


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    Em uma outra vez que andou de elevador, ali por 2001, Amigomeu chegou atrasado ao encontro marcado para uma proposta de emprego. Ele tinha que estar na sala da empresa às 8h em ponto. Como sempre foi responsável em sua vida, sempre chegava mais cedo nos lugares. Por isso, foi por volta de 7h30min da manhã que ele chegou ao elevador. Tinha lido no papel que a empresa ficava no primeiro andar e por isso subiu pelas escadas. Foi então que descobriu que era no 11º andar. Diante do elevador, ficou um pouco preocupado com o que leu em uma plaquinha: "Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra parado neste andar". Ele parou por uns segundos, olhou para todos os lados e não viu ninguém. Lá no fundo do corredor, havia uma mesinha e uma cadeira, mas ninguém nelas. Ele pensou, só me faltava essa, vou ter que esperar. Como era ainda muito cedo, não apareceu ninguém por ali, e Amigomeu começou a ficar preocupado. Pensou em ir pelas escadas, mas subir dez andares é brabo. Foi então que alguém saiu de uma sala, apertou o botão do elevador, e Amigomeu desceu com ele para o térreo. Quando conseguiu subir ao 11º andar, já eram mais de oito e meia e ele nem chegou a ser atendido. Na saída, perguntou para o porteiro quem era o tal de mesmo que ficava nos andares. Rindo muito, o porteiro explicou que o texto da placa atendia à lei municipal 12.772, aprovada pelos veradores de Porto Alegre em 2000 e sancionada pelo prefeito.

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   Amigomeu já estava acostumado com as diferenças entre a Capital e o lugar em que ele nasceu e vivera parte da sua vida, na vastidão do campo.  Já não se impressionava com qualquer coisa. Mas um dia, entrou em um ônibus que passava pela Azenha e, ao sentar-se, viu na sua frente, um ser bem jovem e franzino, com um cabelo eriçado como aqueles dos índios moicanos. A parte de cima era vermelha, e, nos lados, duas mechas amarelas. No nariz, uma série de aramezinhos, os tais de piercings um quase em cima do outro. As roupas eram amarelas e os coturnos pretos, como pés de pombas.
    Amigomeu não é preconceituoso, eu sei, mas não conseguiu tirar os olhos do pequenino jovem. Isso irritou o rapaz. Imagine um gaudério todo pilchado, com chapéu de aba larga e barbicacho, lenço vermelho, bombacha e bota entrando em um ônibus na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. É claro que alguém iria ficar mirando, com o olhar parado. O jovem não suportou toda aquela admiração e perguntou:
- Ô, coroa, por que tu tá me olhando? Tu nunca fez nada diferente na juventude?
- Bá, se fiz, respondeu Amigomeu, fiz tanta coisa bizarra que tu nem tem ideia. Pois uma vez tomei um baita porre e acho que transei com uma arara. E justamente agora eu, te olhando, fico pensando e me perguntando:  Será que essa criatura não é meu filho?

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O sujeito pode deixar a campanha, mas a campanha dificilmente deixa o sujeito. Lembrei-me disso no domingo à tarde, quando presenciei mais uma do Amigomeu. Ele estava no supermercado, na fila do pão, quando teve a atenção despertada pela voz de uma criança:
-Olha, ganhei uma égua. É a minha égua.
Amigomeu olhou para o menino tão pequeno que não pronunciava direito as palavras. Era um gurizinho de uns dois anos de idade, elétrico e mais eufórico do que pinto na quirera, que sacudia uma régua na mão e andava de um lado para o outro.
 De repente, o piazinho saiu correndo pelo corredor, sempre gritando: É a minha égua, é a minha égua.
Imediatamente, Amigomeu foi levado de volta para a infância, quando ia a cavalo para escola em um pangaré velho, o petiço Gateado.
E, olhando para o gurizinho que já estava lá longe, com seu material escolar, perto do setor de carnes do supermercado, Amigomeu acabou falando alto:
- Mais bá. O piazinho montou na égua e-se-foi...
Todo mundo riu na fila, menos a mãe do menino.


segunda-feira, 1 de abril de 2013

FELIZ DIA DOS BOBOS, FELIZ DIA DA MENTIRA

O 1º de abril, consagrado como Dia dos Bobos ou Dia da Mentira, é tão carismático que não sei como é que esses gênios fazedores de leis não inventaram projeto criando um feriado para esse dia. A arte de mentir se espalha desde o mais humilde cidadão até o presidente da República. Todos os dias, milhares e milhares de mentiras se perpetuam neste país, algumas necessárias, outras ingênuas, inofensivas, mas uma grande parte de um poder de enganação pulula pelo país inteiro. Promessas não são cumpridas desde as das mais altas autoridades as do mais modesto trabalhador. Nem vamos falar nos especialistas nas mentiras que não são, digamos assim, criminosos, nem nos estelionatários que entram e saem das cadeias.
 A mentira é tão popular que existe até um festival para festejá-la, já na 28ª edição, em Nova Bréscia, no Rio Grande do Sul. Só que não se realiza em 1º de abril, mas no fim deste mês.
  Mas o humor é algo que contagia, que alivia dores, apesar de tudo. Por isso, reuni aqui algumas coisinhas relativas à mentira:
* A mentira é o photoshop da verdade feia. (P/Aut)
* A diferença entre a mentira e a ficção é que a segunda não precisa dar explicações. (P/Aut)
* A mentira é a verdade que se esqueceu de acontecer. (Mario Quintana)
* Você pode enganar alguém durante todo o tempo, alguns durante muito tempo, mas não todos durante todo o tempo. (Abraham Lincoln)
* Há três espécies de mentiras: as mentiras, as mentiras sagradas e as estatísticas. (Mark Twain)
* Uma mentira pode dar a volta ao mundo, enquanto a verdade ainda calça seus sapatos. (Mark Twain).
 *A mentira tem pernas curtas, a verdade sempre alcança (Autor desconhecido)
   Em “homenagem" ao Dia da Mentira, veja, em http://migre.me/dW3of, o texto que publiquei, em 2007, sobre o alambrador violinista. Pode ir tranquilamente. Não é pegadinha de 1º de abril.