domingo, 31 de março de 2013

NOVAS AVOLICES DE DOMINGO

Ser avô é conhecer quase tudo de dinossauros sem ser paleontólogo. Eu já sabia que dinossauros queria dizer lagartos terríveis, mas era novidade para mim que o fato de que a palavra foi usada primeiramente por um famoso cientista chamado Sir Owen, na década entre 1840-1850. Minha neta Luísa me apareceu com um livro que achei bastante interessante, chamado A Era dos Dinossauros, Jovens Exploradores, Ciranda Cultural. O dinossauro preferido dela é o Tiranossauro Rex, também conhecido como T-Rex, mas ela achou muito bonito o nome do Iguanossauro. 
Algumas informações são tão curiosas que a minha neta me pediu para colocá-las no Facebook e aqui no Vidacuriosa. Então tá:
Luísa é apaixonada pela história dos dinossauros
   * O crânio do dinossauro T-Rex é do tamanho de uma criança sentada.
O estegossauro usava os grandes espinhos ósseos de sua cauda para assustar predadores  como o Alossauro.
  * O Iguanodonte, herbívoro, podia alcançar a velocidade a velocidade de 24 km/h com suas poderosas patas posteriores.
   * Dinossauros  Parassaurolfo e  Lambeossauro usavam a crista para emitir ruídos  como o de um berrante, o que podia ajudá-los a se identificar entre os indívíduos da manada.
* Pterossauros, como o pteronodonte, não eram propriamente dinossauros, mas grandes répteis voadores que vieram na mesma época.
* É muito difícil estimar o peso de um dinossauro somente a partir de seus ossos. Acredita-se atualmente que o cientistas sempre superestimaram os pesos. No passado, eles pensavam que o Tiranossauro tinha duas vezes o peso de um elefante. Hoje sabemos que ele pesava muito menos. Pensavam que o Apatossauro tinha o peso de 7,5 elefantes, mas agora acreditam que ele tinha o peso de apenas quatro elefantes.
   Por fim, uma charadinha:
Por que o Tiranossauro, mesmo com fome e sendo carnívoro, nunca atacou o herbívoro Estegossauro?
   Porque os dois não conviveram na mesma época. O primeiro teria vivido entre 67 e 65 milhões de anos, no final do período cretáceo. Já o segundo teria vivido no período jurássico, entre 155 e 145 milhões de anos. Assim, o Estegossauro foi extinto quase 100 milhões de anos antes do aparecimento do primeiro T-Rex.

 

 

sexta-feira, 29 de março de 2013

TRÊS HISTÓRIAS CURTAS SOBRE O AMIGO MEU

Amigomeu encontrou um antigo professor em um velório e quase o matou de vergonha. No meio de várias pessoas, em voz alta, falou: Eu sou Amigomeu Silva da Silva, fui seu aluno, e o senhor resolveu todos os meus poblemas de português.

   * Esse Amigomeu é uma figura. Meses antes, ele tinha comentado com outro amigo nosso que estava com "pobrema'. Esse amigo disse a ele: "Se esse teu problema não for de gramática, então tu estás com dois problemas.
 * Amigomeu me falou que um amigo dele fica rindo sozinho de tão contente quando vê as pessoas comendo e bebendo, felizes. Aí eu disse que o cara era um altruísta. Ele me respondeu: "Não sei o que é isso daí. O que eu sei é que ele é dono de restaurante."

 

segunda-feira, 25 de março de 2013

AMIGOS MEUS ME CONTAM CADA HISTÓRIA

Não tenho um número grande de amigos reais, mas os que tenho são fantásticos.  Um deles é o Claiton Magalhães, jornalista e atualmente editor-executivo do Diário Gaúcho e mestrando em Jornalismo na PUC. Além de competente, tem um grande senso de humor. Nasceu e morou na Vila São José, na base do Morro da Cruz, em Porto Alegre, o mesmo local de nascimento  do grande repórter Caco Barcelos, que há muito tempo brilha na Globo. Publico hoje uma história que o Claiton me contou garantindo que é verdadeira, embora, como se verá a seguir, é difícil de acreditar.
  Pois o fato se deu em uma época em que o Claiton jogava futebol na várzea. Segundo ele próprio, era um goleador nato, um centroavante que não dava moleza para goleiro nenhum. Bobeasse, e ele já estava colocando a gorduchinha nas redes. A cada partida, o meu amigo deixava o golzinho dele ou dava um merengue para um companheiro se consagrar também.
  Um dia, Claiton levou o par de chuteiras para um sapateiro consertar. Precisava estar com os pisantes em ordem para continuar metendo gols.  No sábado, ele buscou as chuteiras. Trabalho de primeira. Perguntou quanto era o conserto, e o sapateiro disse o valor, mas acrescentou que não tinha pressa no pagamento. Claiton então prometeu acertar tudo na segunda-feira e se mandou para o campo de jogo, onde brilhou novamente. No fim de semana seguinte, Claiton ficou sabendo que o sapateiro havia se sentido mal no domingo, teve um problema de coração, ficou dois dias no hospital e morreu.  Com isso, a família fechou a sapataria.
Pouco depois disso,  Claiton começou a se sentir um pouco estranho. No futebol, já não era mais aquele centroavante cheio de energia e competência que fazia gol de cabeça, de sem-pulo, bicicleta, carrinho e até com joelho.  Já não fazia gol nenhum.  Se recebia um merengue, entrava na área, perdia o equilíbrio ou chutava o chão ou atirava a bola a quilômetros de distância da goleira. Parecia que algo estava acontecendo. Parecia que o vento mudava a trajetória da bola, e ela não entrava. Isso até em dias sem vento.
Olhe só a figura do artista

 Mas o problema não era só no futebol. A partir daí, ele não conseguia se formar em jornalismo, tinha dificuldades para fazer o trabalho de conclusão, nenhum plano dava certo. E o pior: não havia jeito de engravidar a esposa. Um dia, quando entrou sozinho na área e errou mais uma vez o gol, olhou para os pés e lembrou-se de um detalhe: não tinha pagado o conserto das chuteiras do falecido sapateiro.
 Para ter certeza, foi a um centro de umbanda na Vila Vargas, ao lado do Morro da Cruz. Ao atendê-lo, o preto velho já foi falando, no meio de uma espessa fumaça de charuto:
- Misifio. Suncê nem percisa preguntá nada pro preto véio. O motivo do teu banzo tá bem craro na tua cachola. Tem a vê com a reformação dos pisante que tu não pagô. O isprito do hômi dos carçado ficô tiririca da vida e começô a trapaiá vassuncê. Faiz o pagadero que tudo se arresorve.
Claiton saiu do terreiro e procurou logo os familiares do sapateiro. Eles disseram que não se preocupasse, que não precisaria pagar nada, mas ele insistiu, disse que era uma questão de honra. E pagou.
Verdade ou não, o certo é que o velho centroavante voltou a fazer gols. Além disso, Claiton conseguiu se formar e, para coroar a nova maré de felicidade: sua esposa ficou grávida de uma menina. Eu não acreditei, mas ele jurou que tudo foi verdade. Como na vida profissional ele é um sujeito sério, sei lá.

sexta-feira, 22 de março de 2013

DESCONSTRUINDO FRASES FEITAS E DITADOS ANTIGOS

Não sou melhor do que ninguém.  Quem usa essa frase ou é falso modesto ou tem um profundo complexo de inferioridade.  Em um mundo com tantos tipos de criminosos, como alguém pode achar que não é melhor do que ninguém? Quem diz isso com sinceridade revela que se considera igual ou pior do que assassinos, ladrões, traficantes, pedófilos, corruptos, preconceituosos em geral e outros que pululam por aí aos montes, transformando a vida dos demais cidadãos em um inferno. Não me considero o melhor de todos, existe um número inimaginável de pessoas melhores do que eu, ou igual a mim, mas certamente não sou pior do que tanta gente que me rodeia ou que felizmente vive longe de mim, e de cujas ações tomo conhecimento.
   Todo mundo nasce aparentemente igual, a não ser que a ciência possa provar que alguém já vem ao mundo predisposto ao crime por genética ou espiritualmente. Quando cresce, as circunstâncias transformam alguns devido ao egocentrismo exagerado ou a fatores dos quais não temos ainda conhecimento. O indivíduo vale pelo que pensa e age, não pelos bens que adquire. A própria Constituição Federal do Brasil diz que todos os cidadãos são iguais perante a lei. Mas, ao mesmo tempo, essa mesma lei distingue quem é primário de quem não é. O que algumas pessoas querem dizer, na verdade é: "Não sou melhor do que todo mundo". 
    Não sou Deus para julgar ninguém. É outra frase incoerente. Se esse Deus realmente não quisesse que os homens se julgassem mutuamente, não teria dado inteligência diferenciada para alguns. Como não deu aos animais, que não julgam sua própria espécie nem as outras. Se alguns segregam seus próprios pares na colônia, se os matam, assim com fazem com outras espécies, seguem o instinto ditado pela natureza. Com isso, não quero dizer que um homem ou o Estado tenha o direito de matar outro. Mas ele tem o dever de impedir que o homem mate o próprio homem. Sou totalmente contra a pena de morte não por motivos humanitários mas porque a sociedade permite a corrupção, e os poderosos normalmente decidem quem deve morrer. A ideia de que a pena capital pode ser aplicada a um único inocente, já me basta para ser contra.

sexta-feira, 15 de março de 2013

DA SÉRIE "NÃO DISCUTAS COM..."

                                                                                         Atualizado em 4/5/2016
Não discutas com um jornalista. A menos que você seja também jornalista. É que eles são treinados para fazer perguntas embaraçosas. Uma resposta puxa outra pergunta e ele remexe no baú das histórias e lá vem outra pergunta. E o pior é que, mesmo se reconhecer que está errado, se pedir desculpas, se der direito de resposta, o jornalista vai querer sempre ter a última fala. Se você tem mesmo razão, então procure outro jornalista para falar sobre o assunto. Ou um advogado.

Não discutas com um advogado. A menos que você seja um advogado. Eles são treinados para ganhar qualquer discussão, mesmo que não tenham razão. E também são treinados para fazer perguntas embaraçosas, remexer no baú das histórias. Discutir com advogado é muito mais perigoso do que discutir com jornalista. Uma pergunta puxa uma resposta, que puxa outra pergunta que pode causar uma resposta que pode acabar em processo. E aí você vai ter que contratar outro advogado. E advogado adora processos, faz parte da natureza jurídica dele. Se achas que tem razão, procure outro advogado, mas cuidado. Ou procure um jornalista, ou um promotor.
* Homenagem ao meu irmão José Itamar Pereira Nunes, bacharel em Direito, e a todos os meus amigos advogados.


Não discuta com um médico. A menos que você seja médico. Ele foi treinado para saber muito mais de você do que você mesmo. Ele sabe de dores que você está sentindo que você nem sabia que estava sentindo. Ele resolve alguns problemas que você nem tinha antes de conhecê-lo. O médico sabe tanto sobre o corpo humano que escreve em uma letra que você não consegue decifrar. E mesmo que ele digitasse o texto e tirasse uma print, você não entenderia. Mas ajudaria muito os balconistas a achar os remédios na farmácia. Se você acha que tem razão, procure outro médico, ou um advogado, ou um jornalista, ou um promotor.

* Homenagem ao médico Carlos Alberto Pimentel, meu ex-colega de jornalismo do tempo da Folha da Tarde e a todos os médicos que cumprem o juramento de Hipócrates salvando vidas, sanando dores e evitando problemas de saúde.


Não discuta com um policial. A menos que você seja um policial, de preferência mais graduado do que ele. Policiais são treinados para mostrar que têm autoridade e, dependendo da discussão, podem considerar qualquer coisa como desacato à autoridade. Alguns policiais demoram para entender o que está acontecendo e, pelo sim, pelo não, são inclinados a achar de cara que é você o errado. Policiais dificilmente reconhecem totalmente que estavam errados e, mesmo que reconheçam, ainda acham que, de alguma forma, a culpa pelo engano foi sua. Se você está errado, está fora da lei, azar o seu, tem é que ser punido. Mas, se estiver com a razão, procure a corregedoria, ou um jornalista ou um advogado.

  * Homenagem aos meus amigos Jairton Pescador e Hilário Olmar da Silva, policiais civis, e Geverson Ferrari, policial militar, e a todos os funcionários da segurança que cumprem realmente sua missão de proteger os cidadão, arriscando suas vidas e até de seus familiares para combater o crime.


Não discutas com torcedor fanático de futebol. Menos ainda se for torcedor adversário. Torcedores fanáticos amam mais o clube do que os próprios pais ou filhos. Eles sabem tudo sobre o próprio clube, sobre o seu time e sobre todos os outros. Diante de qualquer elogio que você fizer à sua própria equipe, ele vai remexer o baú da história e encontrar algum detalhe embaraçoso do seu time, alguma derrota implacável, algum eventual fiasco. E mais. Vai buscar todos os títulos que o clube dele conquistou, os jogadores que eventualmente passaram pela Seleção e até um craque que fez um gol inusitado que levou o time à vitória. Para torcedor fanático, seu time sempre foi, é e sempre será o maior do mundo, seus jogadores são os melhores, os gols são sempre legítimos, ao contrário dos pernas-de-pau do adversário, que fazem gols em impedimento ou com a mão e integram uma equipe eternamente fraca e merecedora de estar nas divisões mais inferiores do futebol. Os estádios do time do torcedor são luxuosos e um verdadeiro santuário do futebol enquanto os do outro são chiqueiros e potreiros. Para alguns torcedores, a derrota do adversário o deixa mais feliz do que a vitória da sua própria agremiação.

Não discutas com um fanático religioso. Eles foram hipnotizados ou pela história de suas famílias e, por isso, não admitem sequer que podem ter sido treinados erradamente, ou por discursos bem elaborados e psicologicamente convincentes ouvidos em momentos de fragilidade de suas vidas. Para o fanático religioso, a fé cega é o que importa. Uma pergunta sua poderá levá-lo a respostas já treinadas e a críticas sobre o que você pensa da vida, usando sofismas para contestar aquilo no qual você acredita ou se você não acredita em nada. O fanático religioso não apenas acredita na religião dele, mas tem como meta fazer com que todo mundo passe a pensar da mesma forma. Em relação ao religioso não fanático, o ideal é respeitar a opção dele da mesma forma que ele te dá o direito de ter sua religião ou não ter nenhuma.

Não discutas com militante político fanático. Não importa se é direita, de esquerda, anarquista, ou de qualquer outro matiz. Mesmo que seja do mesmo partido pelo qual você tem alguma admiração, o melhor é não discutir. Se você não concordar com ele em tudo, logo logo será acusado de estar infiltrado, de ser um adversário enrustido. Se for de outro partido, então vem chumbo grosso na hora. Para o militante fanático, seu partido é o melhor que existe, seus políticos são inteligentes, criteriosos, heróis da nação e incorruptíveis. Para qualquer deslize de seus correligionários, haverá uma explicação supostamente razoável. Alianças do seu partido com antigos adversários serão apontados como incoerência. Eventuais acordos do partido dele com antigos adversários são necessários em nome de uma luta para impedir que o inimigo chegue ao poder, ou para permitir governabilidade,  ou porque o contexto agora é outro. Uma pergunta sua levará o fanático a um sofisma brilhante e a uma busca no baú da política de onde trará inúmeros fatos negativos dos adversários, esquecendo-lhe os pontos positivos, claro, e as melhores ações já feitas pela sua agremiação política, esquecendo as  trapalhadas, os erros e, é obvio, eventuais crimes.


Atenção: Este post não sugere que as pessoas se omitam. Debater é preciso, com pessoas bem informadas e sensatas e nos foros ideais e não em uma discussão que não leva a nada a não ser ao estresse, à inimizade e até à violência.   


quarta-feira, 13 de março de 2013

RELATO GAUDÉRIO SOBRE O NOVO PAPA

O gauchão chegou eufórico à estância, no fundão da Campanha, entrou no galpão e, antes do primeiro mate, já foi contando, com seu linguajar próprio,comendo os esses das palavras:
- Tô chegando agora da cidade. Pois não é que mudou o capataz geral das estância de São Pedro? Lá em Roma, o povo tá alvorotado. O patrão véio lá de cima enlouqueceu: o Benedito Dezesseis tinha pedido o chapéu e se mandado. Não aguentava mais as bagacerada. Daí os soto-capatazes se reuniram no galpão que tem lá do lado da capela Sestina (que é um lugar que eles tiram pra sestear, depois da reza, olhando pros desenhos do Rafael feitos no teto). Tinha maula de tudo que é país e entre eles cinco brasileiro.
 Pelo que vi lá na televisão do seu Terêncio, parecia dia de rodeio e de marcação, uma festa e tanto. Os cardeal, que são aqueles padre com gorrinho vermelho que nem esses pássaro que nós temos aqui, ficaram tudo preso no galpão pra escolher o novo papa. Devem ter comido churrasco do bom, com carne comprada de alguma churrascaria instalada por alguém de Nova Bréscia que foi lá pra Itália.  No primeiro dia, saiu uma fumacinha preta pela chaminé. Ou eles queimaram o churrasco, ou aquela fumaça era das ideia deles que não conseguiam se acertar na escolha. Vai ver cada um dos viventes votou nele mesmo. No dia seguinte, fumaça preta de novo e, no terceiro dia, nesta terça-feira, dia 13 de 3 de 1913, oigaletê, porquera! Finalmente acabou saindo fumaça branca que, segundo os artista da TV significava que tinham se aconchavado. Não sei o que  rolou entre aquela indiada macanuda pra chegarem a um acordo. O engraçado era que o que ganhou não era o favorito das carreira. Deu uma espécie de azarão: um argentino. Agora é que os hermanos vão ficar cantando marra pra cima da gente. Já nos enchiam o saco com o peticito Maradona que, pra mim não chega aos pé do Pelé, e ultimamente ficam lembrando o Messi, esse sim, um grande jogador.
Mas voltando ao capataz geral das estância de São Pedro, acho que a primeira viagem dele pra América Latina vai ser nas Ilha Malvina, que os ingleses chamam de Falklands. O taura escolheu o nome de Francisco. Deve ser em homenage a algum tataravô dele. Eu por aqui torço pra que o Chico, se me permitir chamar o papa assim, faça alguma coisa pra baixá o preço do torresmo. Mas se não der, não tem problema. O mais importante é ele cuidar do pessoal de batina pra evitar as senvergonhice que a gente ouve deles pelo mundo. E que o patrão veio lá de cima fique atento. Se fizer bobagem, que lhe caia o relho pelo lombo.

domingo, 10 de março de 2013

AVOLICES DE DOMINGO

Esse trio leva todos os meus pilas: Luciano, Luísa e o Raphael
A gente vai ficando velho e esquece que nem tudo que faz parte das nossas lembranças é compartilhado pelos que nos rodeiam, apenas com os nossos contemporâneos. Foi o que percebi quando fiz um comentário depois de virar para o lado a aba do boné do meu filho Luciano, que tem síndrome de Down. “Tu estás parecido com o Golias” brinquei. A Luiza, sete anos, que estava do lado, estranhou. “Como parecido com o Golias, vô? Nada a ver. O Golias é um elefante azul com unhas amarelas, do desenho Meu Amigãozão que passa na tv”. Foi então que me dei conta de que ela não tinha a menor idéia sobre um antigo humorista da tevê que usava um boné com a aba virada para o lado e que vivia gritando: Ôcrides!

sábado, 9 de março de 2013

CURIOSIDADE NA ORDEM DOS SÉCULOS E NOS NÚMEROS DOS ANOS

Este post é para aquelas pessoas que ficam curiosas porque os historiadores informam que a Independência do Brasil aconteceu no século XIX, mais exatamente em 7 de setembro de 1822, que as duas guerras mundiais tiveram início no século XX (1914 e 1939) e que estamos no século XXI, em 9 de março de 2013. Parece haver algo errado nos séculos, mas não há. Para compreender, é preciso entender uma regra de matemática.  O primeiro século D.C (Depois de Cristo) é o que vai do ano I até o ano 100. A partir daí é que começa a aparente confusão: o segundo século (Século II) começa em 101 e vai até 200) e assim por diante. O século X começa em 901 e vai até 1.000. De 1001 a 1100 é o século 11. Por isso, o século XXI, em que vivemos, começou em 2001 e irá (se Nostradamus, maias e demais adivinhadores estiverem errados) até 2100. Somente nos anos terminados em zero (isto é, o último da centena de anos)  não há confusão: o Brasil foi descoberto (ou invadido) no ano de 1500 (22 de abril), portando no último ano do século 15.
      Se você já sabia, não fique com aquela impressão de que botei aqui algo que não é novidade. Pense em outras pessoas que provavelmente não sabiam, especialmente os jovens que ainda não tiveram tempo para descobrir isso. Alguns certamente ficaram curiosos, mas não tiveram para quem perguntar. O Google certamente ajudaria essa dúvida mas, para isso, seria preciso procurar e, além disso, levaria muito tempo. Levaria, porque agora é só digitar palavras chaves como “curiosidade na ordem dos séculos” junto com vidacuriosa, ou www.vidacuriosa.blogspot.com e esta explicação surgirá rapidamente.

 

segunda-feira, 4 de março de 2013

DOIS TIPOS DE KABULETÊ

Entre os poucos neurônios que me restam, um deles é o Dunga. Ele mora dentro do baú das minhas lembranças e está encarregado de me avisar sobre alguma coisa interessante do passado que  tenha ligação com o presente. O nome dele não é por causa do treinador atual do Internacional, embora possa haver até algumas semelhanças entre eles. Carlos Caetano Bledorn Verri é uma mistura entre Dunga, Mestre e Zangado, três dos personagens da Branca de Neve, conto de fadas alemão compilado pelos irmãos Grimms e que virou desenho e filme da Disney.
 Mas não era do treinador que eu estava falando, mas do meu neurônio encarregado do baú das recordações. O nome dele também tem origem na história da Branca de Neve, mas é bem anterior. De vez em quando, sem falar nada, ele faz uma bagunça na minha cabeça e atira para a sala de estar do meu cérebro, algumas lembranças interessantes.
 Um caso desses foi hoje. Alguma coisa me dizia que eu já havia ouvido antes o termo kabuletê que a autora Glória Peres incluiu como bordão nos diálogos dos turcos que falam português melhor do que eu, aproveitando uma licença poética incrível. Pois kabuletê, em turco, (kabul et) significa algo como combinado, aceito.
Foi então que o Dunga, o anãozinho que mora no baú das minhas lembranças me atirou um trecho de uma música lançada em 1970, cujo título é "Na Tonga da Mironga do Kabuletê". Ao contrário do vocábulo turco, que significa algo positivo, o cabuletê da música de Vinícius de Moraes e Toquinho é um xingamento na lingua nagô. "Eu caio de costas, eu sou quem eu sou, eu saio da fossa, xingando em nagô.
Não há comprovação disso, mas uma interpretação à qual tive acesso, o blog Portrasdaletra, diz que Vinícius teria aprendido o termo em nagô, língua africana, com uma das mulheres que teve, a baiana Gesse Gessy. Segundo ela, que aproximou o poetinha do candomblé, apresentando-o à Mãe Menininha do Gantois, kabuletê significa, desculpem-me os mais pudicos, "o pêlo do cu da mãe". Como aquela época era o auge da ditadura militar, Vinícius resolveu xingar o sistema em nagô para não correr o risco de ser preso. Se é ou não verdade, a questão é que isso faz parte da biografia de Vinícius de Moraes,  Poeta da Paixão, São Paulo, editada pela Companhia das Letras.
 Encontrei informações de que kabuletê seria também um instrumento de percussão com uma leve semelhança com o chocalho com origem provavelmente na Ásia.
Voltando ao kabuletê turco, li que os atores da Globo passaram 40 dias na Turquia aprendendo o significado e a pronunciar algumas palavras usadas como bordão. Uma delas é gulê gulê, que quer dizer adeus, mas que só é dita por quem fica. Eu nem imaginava, porque gule-gule,
 para mim, é fazer carinho em bebê.


P.S - Ainda usarei acento em pêlo, para diferenciar da preposição e também continuo botando acento em idéia e assembléia para dar idéia de que o é é aberto, diferentemente de teia, de aldeia, etc. É que os trapalhões do governo brasileiro, sem a adesão ao acordo de outros países de língua portuguesa, adiaram a efetivação da (nefasta) mudança, que não serve para nada a não ser para editores de livros didáticos ganharem dinheiro.