Algumas pessoas gostaram das bobagens que criei sobre o
Amigomeu. É que todo mundo tem um amigo assim, que às vezes se atrapalha. E alguns amigos da gente é que têm algum amigo assim, que até pode ser nós mesmos. Vários leitores me relataram histórias hilariantes e pitorescas que presenciaram ou ouviram
contar. Minha ex-colega Paula
Luersen, por exemplo, que cuida com competência da programação do Quiosque da
Cultura, de Gravataí, lembrou-se de uma história, ocorrida com uma amiga dela, que vale a pena contar aqui.
A jovem, natural de Três de Maio, na Região Noroeste do
Estado, recém tinha chegado a Porto Alegre. Morava em uma residência em sua
cidade e não tinha ainda informações de como era a vida na Capital. Enquanto
aguardava o que faria em Porto Alegre, a menina passou a morar em um
apartamento de um edifício alto na companhia de sua irmã mais velha e que já
viera do Interior havia mais tempo.
Uma das coisas que encantou a garota foi o
interfone do edifício. Ela justamente estava pensando como o aparelho
funcionava quando, de repente, ele tocou. A menina atendeu e, do outro lado,
uma voz masculina falou:
- Gás!
Ela achou legal, disse ok e apertou o botão
como a irmã lhe ensinara para abrir o portão principal do edifício. O
funcionário da distribuidora de gás não devia estar no seu dia de sorte. O
elevador, naquele dia, não estava funcionando e ele teve de subir sete andares
pela escada carregando o botijão.
Quando chegou ao apartamento, a menina,
solícita, abriu a porta e indicou onde era o local de troca do botijão. O rapaz
terminou de instalar o gás, testou, pegou o bujão vazio e ficou parado na
porta, esperando. A garota não entendeu. Depois de alguns segundos, vendo que a
menina não tomava nenhuma atitude, o funcionário da distribuidora de gás disse
qual era o preço do gás:
- Como
assim, espantou-se a garota? A minha irmã não deixou pago?
- Não,
garota. Instalei o botijão e agora quero receber.
Foi então
que a menina percebeu o que acontecera e ficou nervosa.
-Moço, eu
não tenho dinheiro. Achei que a minha irmã já tinha pagado e era só receber. O
senhor não perguntou se a gente queria gás. Disse apenas gás pelo interfone. E
agora?
Não era
mesmo o dia daquele entregador de gás. Chato não foi só ter de desinstalar o
botijão que já estava até ligado e religar o outro que ainda não estava
completamente vazio. O pior mesmo foi ter que descer, pelas escadas,
carregando de novo o botijão pelos sete andares daquele maldito apartamento.