domingo, 9 de dezembro de 2012

NA FILA POR MADONA

Juliano (de tiara) esperou 15 anos para ver show de Madonna
Raul otimizou o tempo e aproveitou para ler um livro

Para alguns é loucura, mas, para eles, o nome disso é paixão. Ficar horas e até mesmo dias em uma fila, passando por todo tipo de desconforto, é uma espécie de autoflagelação, como se não merecesse estar ali, curtindo aquilo que, para eles, é estar no paraíso. É isso, certamente, o que sentem os fãs de Madonna que começaram a se instalar diante do Estádio Olímpico há exatamente uma semana, esperando o melhor lugar no estádio para o show que começa às 20h deste domingo.
 Um exemplo desses é o do recepcionista de estética Juliano de Oliveira, 23 anos. Ele e amigos foram os primeiros a acampar na calçada da Avenida Carlos Barbosa, na frente do Estádio Olímpico, no domingo passado. Na verdade, Luciano chegou ao local às 8h de segunda-feira. Neste domingo, por volta de 11h, ele estava ali, lépico e faceiro, sem demonstrar qualquer cansaço ou mostra de sofrimento sob um sol de 30 graus.
– Faz 15 anos que aguardo por esse momento – comentou, para Vidacuriosa, eufórico e, por que não dizer, emocionado.
 Ele estava entre as centenas de fãs que aguardavam pacientemente na fila, a maioria em barracas ou sob guarda-sóis. Em cadeiras de praia e igualmente protegidos dos raios solares, os amigos Raul Zimmermann e Leonardo Bertoldi, ambos com 18 anos e estudantes de Arquitetura, aguardavam o momento de assistir ao show da cantora. Raul, diferenciando-se dos demais fãs, ocupava o tempo com a leitura. Alheio à balburdia, não tirava os olhos do livro Apanhador no Campo de Centeio, de J.D.Salienger, publicado pela primeira vez em 1951 e transformado em best seller pela juventude. Perguntado sobre o show de Madonna, preferiu passar a palavra a Leonardo, que, pego de surpresa, disse estar sem palavras.
Senira faz sinal positivo e diz que tornou sonho em realidade


No outro lado do Olímpico, apenas sob guarda-sóis, guarda-chuvas e sombrinhas, centenas de fãs aguardavam na fila junto ao muro do lado oeste e sul, na Rua Gastão Mazeron. A funcionária pública de Gravataí, Senira Fossatti, 45 anos, saiu de casa em Canoas e chegou ao Olímpico às 8h deste domingo, na companhia da irmã, Sandra, 49. Senira tem uma filha de 20 anos, mas a menina não veio. Ela não gosta de Madonna.  Por isso, Senira, essa sim, fã da cantora há bastante tempo, veio com a irmã e aguardava ansiosa pelo momento em que os portões abrissem, às 16h.

Fãs aguardaram ansiosos a hora de abertura dos portões
No entorno do Olímpico, como nos dias de grandes jogos, circulavam cambistas, guardadores de carros e vendedores de alimentos. Os ingressos variavam entre 500, 200 e 300 para as cadeiras nas mãos de cambistas de diversos tipos, desde o malandro já especializado pelos jogos de futebol, até mulheres bem arrumadas que alegavam ter desistido do show.


Familia empurra tina com rodas cheia de bebidas e gelo


Foi um fuzuê, felizmente tranquilo, pelo que Vidacuriosa pôde observar nesse período, próximo do meio-dia. Esse foi o último evento do Estádio Olímpico, que já foi substituído pela Arena, do Parque Humaitá, na Zona Norte. Como quase todo mundo sabe, o local será implodido e dará lugar a um complexo comercial e residencial. O Bairro Medianeira ficará bem mais tranquilo, mas certamente o Olímpico deixará saudades, mesmo em quem não é gremista.

Um comentário:

  1. O que é de gosto é regalo da vida. Hoje em dia, eu acho que ficaria numa fila dessas só pelo meu tenor polonês, Piotr Beczala. Lindoooooo!

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