domingo, 11 de setembro de 2011

A RUA MISTERIOSA ONDE OS CARROS EM PONTO MORTO PARECEM SUBIR A LADEIRA

   Fanático por curiosidades, eu não poderia deixar de postar aqui no Vida Curiosa, a famosa Ladeira do Amendoim, em Belo Horizonte, onde os carros colocados em ponto morto parecem subir a lomba, ao invés de descê-la. Há alguns anos, bem antes da Internet, meu cunhado José Pradier, de Bagé, que era motorista da Ouro e Prata, havia passado por lá e me contara. José morreu em 2005. Nesta semana, meu ex-colega de RBS Antônio Carlos Niderauer, apresentador de notícias e locutor comercial da Rádio Gaúcha, comentou comigo essa curiosidade. Ele também esteve nessa misteriosa rua de São Thomé das Letras.

   Atualmente, o Google e o Youtube apresentam com exaustão esse “fenômeno”. Não sou daqueles que acreditam em tudo, ignorando a capacidade criativa de engodos na Internet. Neste caso, tenho convicção de que não é uma montagem. Mas também não tem nada a ver com explicações sobre magnetismos e outros motivos místicos. É apenas uma ilusão de ótica causada por uma topografia estranha do lugar que dá impressão de que se trata de uma subida, quando, na verdade, é uma descida. Conforme a Internet, esse “fenômeno” ocorre em outros pontos do país, como a Serra do Teixeira , na Paraíba, em Ubirici (SC) e na Serra de Petrópolis(RJ) .
   Não acredito em tudo o que ouço ou vejo, mas também não sou arrogante ao ponto de acreditar que tudo o que não consigo entender seja bobagem.    Voltando à ladeira do Amendoim, é interessante que não apenas os carros parecem ignorar a teoria da gravidade. Líquidos também escorrem aparentemente ladeira acima, o que desarma aqueles que pensam em possíveis ímãs puxando o carro na lomba. Há uma informação ou lenda indicando que o primeiro a perceber esse aparente fenômeno teria sido um estudante, que apertado, teria urinado no local e se espantado com o fato de que o líquido "subia" e não "descia" como ele imaginava que fosse acontecer. Se um dia eu for a Belo Horizonte, com certeza, a Ladeira do Amendoim será um dos locais que não deixarei de visitar.


domingo, 4 de setembro de 2011

PALAVRAS E EXPRESSÕES EXCLUSIVAS DO RIO GRANDE DO SUL


                                                                      Acrescentado em 2/6/2012
  
Atacar - Os gaúchos usam o verbo atacar também como sinônimo de defender. Assim, dizemos "o goleiro atacou a bola", "o peão atacou o boi". 

Bá - É uma interjeição que inicialmente denotava surpresa. Trata-se de uma redução de barbaridade (se pronuncia bárbaridade, com tonicidade na primeira sílaba). O primeiro termo era "mas que barbaridade", depois virou "mas bá" e finalmente bá. Hoje já não é mais interjeição, mas uma expressão idiomática usada no início dos assuntos, que quase sempre vem acompanhada do che (pronúncia bá tchê). Algumas pessoas escrevem bah. (Mais detalhes em http://migre.me/9kt2F)
Bodoque - Arma ou brinquedo que serve para arremessar pedra. O nome original vem do povo indígena que usava uma espécie de arco e tiras para jogar pedras. O bodoque gaúcho usa duas tiras de borracha amarradas nas extremidades de uma forquilha de madeira. A pedra é colocada em um pequeno pedaço de couro atado entre as duas pontas das tiras. O bodoque é chamado também de estilingue, funda ou atiradeira. Os dois últimos termos são usados mais para os tipos que não têm forquilha, como o utilizado por Davi para derrotar Golias.

Cobrador (de ônibus) - Em outras regiões, é trocador.
Deu pra ti - Significa que tu não estás com mais nada, não quero mais te ouvir. Essa expressão surgiu após a música dos irmãos Cleiton e Kledir, lançada en 1980 ("Deu pra ti, baixo astral, vou pra Porto Alegre. Tchau"). A gíria ficou ainda mais forte após o filme Deu Pra Ti Anos Setenta, dos cineastas gaúchos Nélson Nadotti e Giba Assis Brasil). 
Lancheria - Local onde se faz lanches. Lanchonete.
Lomba - Elevação em uma rua. É o mesmo que ladeira.
Bergamota ou vergamota – Citrus auratium, subespécie bergamia, fruta cítrica chamada em São Paulo de mexerica, de mimosa, no Paraná e laranja-cravo em estados do Nordeste. A origem do nome teria a ver com a cidade italiana de Bergamo. Deve ter vindo para o sul do Brasil e para o Uruguai com os imigrantes italianos . Esse é um tema que vou correr atrás para descobrir. O nome científico de outro tipo de bergamota chamada Montenegrina, plantada em Montenegro, no Vale do Caí é citrus deliciosa Tenore.
Cacetinho – É o pãozinho de 100g. Tem esse nome pela forma semelhante a um cacete pequeno, ou seja um pedaço de madeira. Na época em que o nome foi criado não havia tanta malícia como agora. A primeira ideia que vinha à cabeça quando se ouviam as palavras “pau” e “cacete” era um pedaço de madeira. Já hoje... Por isso, quem não é do Rio Grande do Sul acha muito estranho o nome cacetinho.
Capaz e bem capaz - Significa "não faço de maneira nenhuma ou 'é claro que não me ofendi com o que disseste". Exemplo: Capaz que vou assistir a esse show! É bem capaz que vou deixar de torcer pelo Guarany de Bagé". Não consegui descobrir a origem. Provavelmente é uma redução de "não tem a menor capacidade de eu fazer uma coisa dessas". Mais detalhes em http://migre.me/9kt2F
Chapeação - Conserto da lataria do veículo. No Rio e em alguns lugares esse serviço é chamado de lanternagem. Em outros, funilaria. O Google apresenta propaganda de chapeação em Santa Catarina e no Paraná, mas acho que são gaúchos que estão disseminando essa expressão pelo Brasil.
Chimia – Espécie de geleia, porém mais pastosa, feita com vários tipos de frutas. É mais uma contribuição da imigração alemã. O nome deriva do alemão schmier.
Fardamento – Time gaúcho não usa uniforme, mas fardamento. É herança dos tempos de guerra na antiga Província de São Pedro, em que os combatentes usavam fardas.
Frio de renguear cusco - Temperatura bem baixa. Expressão certamente surgiu quando alguém olhou para um cachorrinho S.R.D, o chamado guaipeca sofrendo os efeitos do frio, que no Rio Grande do Sul pode atingir temperaturas negativas dependendo do lugar. 
Lagartear - Ficar ao sol deitado ou sentado em gramado no inverno, sem fazer nada a não ser, geralmente, comer bergamota. A expressão deve ter surgido da observação do comportamento dos lagartos nos campos da campanha. 
Lindeiro - Limítrofe. É usado mais no Interior para se referir aos limites das terras ou terrenos.
Negrinho - É o docinho conhecido no país como brigadeiro.
Pandorga - Pipa, papagaio. Esse nome é usado também em Santa Catarina e Paraná.
Pechada - Colisão. É influência do espanhol: bater de pecho (peito), que vale também para carros. Fora do RS é chamada de batida, de bater. Batida, para os gaúchos, é a bebida feita com frutas espremidas em liquidificador. Em São Paulo e RJ é chamada de vitamina. Também chamam de batida a caipirinha.
Pila - É o equivalente a 1 real. O apelido surgiu em homenagem ao político Raul Pilla, do antigo PL (Partido Libertador), e se referia a 1 cruzeiro. "Passar nos pila" quer dizer vender por necessidade.
Pisar – Para o resto do país, pisar é pressionar com o pé. Para os gaúchos também é machucar. Por exemplo: Apertou o braço dela tão forte que acabou pisando ela.
Sinaleira – Equipamento para organizar o trânsito, sinalizando quem deve passar (luz verde), parar (vermelho) ou esperar (amarelo). Em São Paulo, é chamado de farol. No Rio é sinal.
Tchê – é uma expressão gaúcha de tratamento, usada para se referir pessoalmente a alguém ou como saudação. Como em todas as palavras com origens muito antigas, é difícil determinar exatamente qual é a verdadeira. Uma das versões é a de que seria um diminutivo da palavra latina Cealestius (que significa céu), em tempos anteriores a vinda dos europeus para cá. Os defensores dessa versão dizem que a palavra integraria uma frase do tipo “gente do céu, ou menino do céu” que os espanhóis, muito religiosos, teriam incorporado no falar. Depois, teriam abreviado o termo usando só a primeira sílaba de cealestius, pronunciada como tche. Com a descoberta da América, os espanhóis trouxeram a expressão para as colônias latino-americanas e, então os gaúchos, que moravam em terras muitas vezes misturadas com as dos uruguaios e argentinos, acabaram assimilando essa forma de falar. 

Trilegal - O termo surgiu em 1979, após o Internacional conquistar o título de tricampeão brasileiro invicto. Após o título, os colocados passaram a dizer, uns  para os outros: Tudo legal? Tá tudo trilegal. A gíria também ganhou força quando Cleiton e Kledir a incluíram na música Deu Pra Ti: "Vou pra Porto e bah, trilegal". Há quem diga que os gaúchos passaram a usar a expressão trilegal bem antes, quando a Seleção Brasileira ganhou a Copa de 1970, no México, obtendo o título mundial pela terceira vez. Por isso, saudaram o tricampeão e disseram "trilegal".
Viajar de mala e cuiaIr de mudança. A cuia de chimarrão dá essa ideia de ficar. A partir da década de 80, com a ida de repórteres gaúchos para jornais e tevês do centro do país, que passaram a usar esse termo em suas matérias, a expressão deixou de ser exclusividade do Rio Grande do Sul. Agora até nordestinos estão usando o termo. Deveriam dizer “viajar de mala e rede”.
Se no seu estado, o termo é diferente, entre nos comentários e nos conte.


* Para conhecer mais palavras e expressões gaúchas, vá até o post PARA ENTENDER ALGUMAS PALAVRAS DITAS NO ACAMPAMENTO FARROUPILHA, publicado em 17 de setembro de 2009