segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

SÓ HÁ TRAFICANTES PORQUE EXISTEM CONSUMIDORES

Sei que a frase do título é óbvia, mas o mundo é tão incoerente que nem as obviedades são observadas. Sempre que ouço falar em combate ao tráfico, observo a concentração dos esforços apenas naqueles que trazem a droga de outros países e nos que a distribuem no país. Mas não encontro nada efetivo no sentido de impedir que o mercado do tóxico seja mantido e intensificado. Isso me soa semelhante ao roubo de veículos, no qual o criminoso furta ou rouba carros porque tem alguém que os compra.
   O mais revoltante não é apenas saber que parte da população usa drogas. O que me deixa ainda mais enojado é que pessoas que exercem cargos ou funções que combatem a droga ou a denunciam, como policiais ou jornalistas também cometem os crimes. Muitos políticos são dependentes e vão à tribuna ou à mídia para deitar falação sobre tráfico de drogas. Muitos veem na descriminalização da droga a saída para o tráfico de drogas, como se o traficante, já inserido no mundo do crime, desistisse da venda.
      Voltando para a hiprocrisia dos drogados que estão entre a elite deste país, corto na minha carne ao citar aqui um excelente artigo do jornalista Sílvio Guedes, editor-chefe do Jornal de Brasília.


Eles ajudaram a destruir o Rio. É irônico que a classe artística e a categoria dos jornalistas estejam agora na, por assim dizer, vanguarda da atual campanha contra a violência enfrentada pelo Rio de Janeiro. Essa postura é produto do absoluto cinismo de muitas das pessoas e instituições que vemos participando de atos, fazendo declarações e defendendo o fim do poder paralelo dos chefões do tráfico de drogas.
     Quando a cocaína começou a se infiltrar de fato no Rio de Janeiro, lá pelo fim da década de 70, entrou pela porta da frente. Pela classe média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos barezinhos de Ipanema e Leblon. Invadiu e se instalou nas redações de jornais e nas emissoras de TV, sob o silêncio comprometedor de suas chefias e diretorias. Quanto mais glamoroso o ambiente, quanto mais supostamente intelectualizado o grupo, mais você podia encontrar gente cheirando carreiras e carreiras do pó branco. Em uma espúria relação de cumplicidade, imprensa e classe artística (que tanto se orgulham de serem, ambas, formadoras de opinião) de fato contribuíram enormemente para que o consumo das drogas, em especial da cocaína, se disseminasse no seio da sociedade carioca e brasileira, por extensão.
     Achavam o máximo; era, como se costumava dizer, um barato. Festa sem cocaína era festa careta. As pessoas curtiam a comodidade proporcionada pelos fornecedores: entregavam a droga em casa, sem a necessidade de inconvenientes viagens ao decaído mundo dos morros, vizinhos aos edifícios ricos do asfalto. Nem é preciso detalhar como essa simples relação econômica de mercado terminou. Onde há demanda, deve haver a necessária oferta. E assim, com tanta gente endinheirada disposta a cheirar ou injetar sua dose diária de cocaína, os pés-de-chinelo das favelas viraram barões das drogas. 
     Há farta literatura mostrando como as conexões dos meliantes rastacueras, que só fumavam um baseado aqui e acolá, se tornaram senhores de um império, tomaram de assalto a mais linda cidade do país e agora cortam cabeças de quem ousa lhes cruzar o caminho e as exibem em bandejas, certos da impunidade. 
    Qualquer mentecapto sabe que não pode persistir um sistema jurídico em que é proibida e reprimida a produção e venda da droga, porém seu consumo é, digamos assim, tolerado.
    São doentes os que consomem. Não sabem o que fazem. Não têm controle sobre seus atos. Destroem famílias, arrasam lares, destroçam futuros.

Façam um adesivo e preguem no vidro de seus Audis, BMWs e Mercedes: EU AJUDEI A DESTRUIR O RIO!

Um comentário:

  1. Isso é consequência da ruborização educacional e política do país, esse excesso de tolerância com o crime, típico de agendas comunistas/socialistas (população com medo de ir às ruas não vai incomodar o partidão), que fez com que se tornasse uma epidemia.

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