domingo, 30 de novembro de 2008

SOBRE ONGS

Muito mais por falta de oportunidade ou de conhecimento e muito menos por insensibilidade, grande parcela da população não dispõe parte de seu tempo ou de seus recursos para ajudar os outros. É exatamente quando um problema sério bate em sua porta, que as pessoas despertam para participar de uma missão que visa a diminuir as dores alheias. O que vejo é o surgimento de movimentos sociais particulares se desenvolverem a partir de uma tragédia pessoal. É preciso sentir no próprio corpo, na família ou em amigos para então se entregar a um projeto coletivo. Um assassinato, problemas de drogas, acidentes que poderiam ter sido evitados, geram associações.

Uma idéia para ser intensificada

Uma ONG que gostaria de ter fundado seria para procurar pessoas desaparecidas. De certa forma até faço algo parecido. Há mais de 20 anos, cuido da publicação de fotos de pessoas sumidas – primeiro em Zero Hora – e, desde o ano de 2000 no Diário Gaúcho. Desde o início da faculdade, trago comigo o mesmo sentimento de 99 por cento de quem escolheu a profissão de jornalismo: ajudar a mudar o mundo, ainda que um pouquinho.
Sempre me comovem as histórias humanas, principalmente das pessoas que não têm dinheiro, nem parentes importantes, não são amigas de celebridades e sofrem sem ajuda. E mesmo quem tem recursos não pode fazer nada sozinho. Não há quem seja tão rico que não precise ser ajudado nem tão pobre que não possa auxiliar alguém. Não sei onde li isso, mas é a mais pura verdade.

Experiência própria

Minha preocupação com os desaparecidos aumentou, algum tempo depois, quando senti na pele a mesma dor, ainda que de intensidade incomparavelmente menor do que das pessoas com as quais convivo quase diariamente por meio do jornal.
Não me lembro quando foi exatamente. Já faz mais de dez anos. Em visita a um cunhado em Gravataí, descuidei-me por um momento e meu filho excepcional, na época com 13 ou 14 anos, saiu pelos fundos da casa. Passamos a procurar pelas ruas da Morada do Vale III, ajudados pela vizinhança. A dor que senti não tem parâmetro, sabe-a bem que passa ou passou pelo problema. A gente fica imaginando o que pode acontecer, quer fazer retroceder o tempo, reza para todos os santos e fica lamentando por ter se distraído.
Começava a anoitecer e nada de encontrá-lo. Temi que ele pudesse ter caminhado até a avenida principal onde o movimento de veículos é intenso. Sem noções de perigo, não teria como escapar de um atropelamento. Duas horas depois de angústia e de buscar sem parar, localizamos o rapazote sentado na beira de barranco, brincando com uma varinha.
Foi como se um peso de uma tonelada saísse de sobre o meu corpo. Até hoje me angustio quando me lembro. A partir daquele dia, entendi ainda mais o que é sofrer com um parente desaparecido. Por isso, sempre que posso, ajudo a publicar fotos de desaparecidos, mesmo que já faça muito tempo que ele sumiu, mesmo que haja a possibilidade de que tenha saído por conta própria. Nenhuma família merece sem saber o que aconteceu.


Neste blog, não poderia deixar de colocar fotos de pessoas desaparecidas. Hoje ponho mais uma.

Eulálio Mello
Fortes, 26 anos, está desaparecido desde 9 de maio, quando saiu de casa, no Bairro São Francisco II, em Tramandaí. Ele sofre de epilepsia. Se alguém tem alguma informação que possa levar à sua localização, ligue para os telefones 9380-2979 ou 9612-4192.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

DESAPARECIDA DE GUAÍBA

A pessoa da foto, Izabelina Denise Moreno, 62 anos, portadora de Mal de Alzheimer, está desaparecida desde o dia 11 de agosto em Guaíba. O jornal Diário Gaúcho já publicou várias vezes e, incrivelmente, nenhuma novidade surgiu. Como isso pode acontecer? Parentes dela já não sabem o que fazer, e fico impressionado que isso possa estar acontecendo. Ela havia levado netos na escola e nunca mais foi vista. Um mistério. Se você tiver alguma informação pode ligar para os telefones 3019-4690 ou 9375-5756. Se quiser repassar para conhecidos ou até desconhecidos, fique à vontade. O tempo vai passando e ficará cada vez mais difícil a localização dela ou o descobrimento do que aconteceu.

SOBRE ADVOGADOS

Na falta de outra coisa para postar, vai esta mesmo. Hoje de manhã, enquanto caminhava, me veio essa frase à mente:


A advogada era tão fissurada em sua profissão que até para soltar o cabelo ela redigia antes um habeas corpus.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

A MUDANÇA ORTOGRÁFICA E SUAS COMPLICAÇÕES

Com a nova ortografia, como interpretarias essa frase?


Um simpático pelo branco, o outro, pelo gateado.


Essa frase tem dois significados (só com o uso antigo se pode chegar a esta explicação):


a) São dois cavalos: Um simpático pêlo branco e outro, pêlo gateado.


b) São dois apostadores de corridas de cavalos: Um simpático pelo branco e outro, pelo gateado.